Um estudo conduzido por pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), Federal da Paraíba (UFPB), Federal de Pernambuco (UFPE) e Federal de Viçosa (UFV) e do Instituto Federal Goiano (IFGoiano) mostrou que as mudanças climáticas podem tornar a Caatinga mais árida no futuro, resultando na perda de espécies, substituição de plantas raras por outras mais generalistas e homogeneização de 40% da paisagem.
A coroa-de-frade é uma espécie de cacto típico da Caatinga que apresenta formato arredondado, pequeno e achatado, podendo chegar a no máximo 12 cm de altura (Foto: Gabriel Carvalho)
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores reuniram informações de
coleções científicas, herbários e da literatura para compilar um banco de dados
inédito, com mais de 400 mil registros de ocorrência de cerca de 3 mil espécies
de plantas do bioma. Também foram levadas em conta informações como geografia,
forma de crescimento das espécies de plantas, clima e solo onde ocorrem para
fazer projeções usando a inteligência artificial.
Segundo o
autor do trabalho, Mario Ribeiro de Moura, que é pesquisador da Unicamp, as
previsões foram baseadas no último relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas de 2021, que contém simulações sobre o clima no planeta.
“Não sabemos
como a humanidade vai se comportar daqui para frente, por isso, consideramos
dois cenários: no otimista, surgirão tecnologias capazes de reduzir as emissões
de gases de efeito estufa e viabilizar o Acordo de Paris, que prevê limitar o
aumento da temperatura média global até 1,5 °C acima dos níveis
pré-industriais. No cenário pessimista, as taxas de desmatamento, o uso de
combustíveis fósseis e o crescimento populacional se vão se manter elevados,
sem que se avance em inovação”.
Segundo o
estudo, 99% das comunidades de plantas da Caatinga perderão espécies até 2060,
e o clima deve ser mais quente e seco, o que será mais difícil e impactante
para as árvores. Isso resultaria na substituição das árvores por vegetação de
baixo porte, o que se reflete no ecossistema fornecido pela vegetação para
fotossíntese, renovação do ar e armazenamento de carbono. Os locais mais
atingidos serão a Chapada Diamantina e a Chapada do Araripe, áreas montanhosas
no sul e no centro-norte do bioma.
De acordo
com Moura, os dados podem contribuir para que o governo avalie projetos de
conservação em macroescala, com visão de longo prazo, para mitigar os efeitos
das mudanças climáticas quanto para cessar outros tipos de impacto de origem
humana, como desmatamento, destruição de habitats e degradação e exposição do
solo.
O estudo foi
divulgado no Journal of Ecology e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp).
Com
informações portal O Povo +
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