Desde que foi decretada uma pandemia global, a Covid-19 virou motivo de preocupação ao redor do mundo, principalmente após a circulação de variantes com maior poder de transmissão.
Advinda da linhagem da Ômicron, nova cepa pode causar entre outros problemas de saúde a conjuntivite.
Variante Arcturus carrega várias alterações no código genético | Reprodução
E uma nova variante do coronavírus,
nomeada Arcturus (também chamada de XBB.1.16), já está circulando no Brasil. No
mês passado, ela foi classificada como uma variante de interesse pela OMS
(Organização Mundial da Saúde), que passou a ter um olhar mais cauteloso sobre
o vírus porque, na Índia, onde foi identificada pela primeira vez e se
dissemina desde o início do ano, a arcturus causou uma onda de novas infecções
e já se tornou a cepa dominante.
Mesmo que em menores proporções do que no
auge da pandemia, as novas variantes do coronavírus continuam surgindo,
evoluindo e causando problemas em outros países.
Até agora não houve mudança de gravidade
da doença nos indivíduos ou nas populações infectadas pela XBB1.16, embora ela
pareça estar se espalhando mais rapidamente do que as anteriores, segundo a
OMS. Por isso, a arcturus merece um monitoramento mais de perto para avaliar a
transmissibilidade, o escape imune e a possibilidade de aumento de gravidade
dos casos.
O Ministério da Saúde confirmou na
sexta-feira (28) que há uma infecção pela nova variante no Estado de São Paulo.
O caso foi identificado por meio de um sequenciamento genético realizado por
amostragem pelo Hospital Israelita Albert Einstein no final do mês de abril e
informado à Vigilância Epidemiológica do município.
As evidências atuais relacionadas a esta
linhagem da variante ômicron não indicam risco adicional à saúde pública se
comparada a XBB.1.5 (principal linhagem em circulação no Brasil atualmente),
bem como não há evidências de alteração na gravidade dos casos", informou
o governo em nota
Nos Estados Unidos, por exemplo, o número
de casos confirmados da variante vem aumentando. Na semana entre os dias 17 e
21 de abril a XBB.1.16 foi responsável por cerca de 10% dos casos de covid-19,
acima dos 6% registrados na semana anterior.
O que se sabe sobre a arcturus
A arcturus é uma sublinhagem da variante
XBB, que por sua vez é uma "descendente" da ômicron —variante do
SARS-CoV-2 que causou um aumento considerável de infecções, hospitalizações e
mortes em todo mundo no ano passado.
Carrega várias alterações no seu código
genético, o que aparentemente aumenta a sua capacidade de se espalhar e de
escapar da imunidade adquirida (pela vacina ou por já ter contraído a covid).
Uma dessas mutações em especial ocorre na proteína spike, justamente a que o
vírus usa para invadir as células.
Ela tem uma característica que a difere
das anteriores: um dos sintomas apresentados é a conjuntivite (principalmente
em crianças), acompanhada de febre alta e tosse. A constatação foi feita pelo
Comitê Indiano de Imunizações Pediátricas, que observou um aumento de casos de
covid-19 entre crianças que também apresentavam conjuntivite, mas ainda não há
dados concretos que confirmem essa associação.
Ainda de acordo com dados da OMS,
atualmente existem apenas cerca de 800 sequenciamentos da XBB 1.16 no mundo
—basicamente todos feitos na Índia, onde a variante já se tornou predominante e
substituiu as outras variantes que estavam em circulação.
Como ela [Arcturus] tem mais mutações,
muito provavelmente vai substituir a outra variante que está em circulação
predominante no Brasil, que é a XBB1.5. O quadro clínico apresentado
basicamente é igual às variantes anteriores, com exceção do quadro de
conjuntivite em crianças. Mas vale ressaltar que ela não é uma variante de
preocupação (VOC) como foi a ômicron, ela é uma variante de interesse" Emy
Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Vacinação é importante
No dia 24 de abril, o Ministério da Saúde
ampliou a vacinação com a dose de reforço bivalente contra a covid-19 para toda
a população acima de 18 anos. A recomendação tem o objetivo de reforçar a
proteção contra a doença e ampliar a cobertura vacinal em todo país. Cerca de 97
milhões de brasileiros podem ser vacinados nesta etapa. Segundo o governo, até
a sexta-feira (28), já haviam sido aplicadas 10.847.940 doses de reforço com a
vacina bivalente.
A orientação de se imunizar com a vacina
bivalente vale para quem já recebeu pelo menos duas doses de vacinas
monovalentes (Coronavac, Astrazeneca, Pfizer ou Janssen) como esquema primário
ou como dose de reforço, respeitando um intervalo de quatro meses da última
dose. Quem ainda não completou o ciclo vacinal e está com alguma dose de
reforço em atraso, também pode procurar as unidades de saúde.
"Vamos ainda observar qual será o
comportamento da arcturus, afinal os vírus estão sempre em evolução. A mensagem
principal é para que as pessoas continuem se vacinando, principalmente agora que
houve a ampliação da vacinação bivalente que inclui em sua composição a
variante Ômicron, além da cepa original do coronavírus", disse Gouveia.
A vacina bivalente é tão importante que
no mês de abril a FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos nos
Estados Unidos) atualizou a recomendação de imunização contra covid-19 no país
e retirou a vacina monovalente (com a cepa original sozinha) da lista. Por lá,
só terá a vacina bivalente.
"A ampliação da vacinação bivalente
neste momento faz todo o sentido porque a gente precisa disponibilizar a
vacinação pra todos. Temos um contingente enorme de pessoas que não estão
procurando os postos de saúde para se vacinar. Quanto mais pessoas imunizadas
tivermos, melhor será", disse Gouveia, acrescentando que o país ainda
precisa entender qual vai ser o cenário futuro da vacinação contra a covid-19 -
se vai ser anual, como a da gripe, se vai ser semestral. "Tudo vai
depender de como o vírus vai se comportar."
Autor:Com informações do UOL
0 Comentários