As acidentes com tubarões em todo o mundo atingiram o menor patamar da última década em 2022: foram 57 ataques, com cinco mortes. No ano anterior, foram registrados 73 casos.
Enquanto os acidentes envolvendo tubarões diminuíram em 2022, em relação à última década, Brasil registra maior índice letal nos ataques.
Saiba o que fazer para evitar um ataque de turbarão. Veja as dicas! | Reprodução
Em 2020,
primeiro ano da pandemia da Covid, também foram registrados 57 casos, fato
atribuído ao menor número de pessoas no mar devido às restrições impostas pela
emergência sanitária.
Os dados são
do Arquivo Internacional de Ataques de Tubarões, produzido pelo Museu de História
Natural da Flórida (EUA). Nos últimos dez anos, só em 2022 e em 2020 foram
registrados menos de 60 ataques por ano --o recorde são os 98 registros de
2015.
Apesar disso,
o Brasil possui a maior taxa de letalidade nos ataques, de 30% (3 em 10) dos
acidentes em 2021 -contra 1% e 14% nos dois locais com o maior número de
registros de ataques de tubarão, a Flórida e a Austrália.
Segundo o
biólogo e professor da Unesp Otto Bismarck, isso ocorre porque na Flórida os
tubarões que mais provocam incidentes são o tubarão-galha-preta (Carcharhinus
limbatus), menores e com menor risco de fatalidade, enquanto locais como
Pernambuco têm as espécies cabeça-chata (Carcharhinus leucas) e tubarão-tigre
(Galeocerdo cuvier) como principais.
"Diferentes
espécies estão envolvidas em diferentes riscos. Além disso, outro fator que vai
influenciar a gravidade é a infraestrutura para realizar o primeiro resgate.
Infelizmente aqui vemos com frequência dez, 20 pessoas em volta da pessoa com o
ferimento filmando e poucos socorros sendo prestados", lamenta.
Segundo Gavin
Naylor, diretor do programa de pesquisa em tubarões do museu americano e
coordenador da pesquisa, o mais importante é entender porque os números
oscilaram tão pouco no período. .
"A
flutuação do número de acidentes parece variar muito pouco, mas isso pode ser
porque os lugares com maior infraestrutura e melhor comunicação são os que
registram mais. É provável que outros acidentes ocorram em lugares onde não há
o monitoramento tão preciso", afirma ele.
A queda nos
acidentes, segundo o relatório, pode estar atribuída a uma redução na população
de todas as espécies de tubarões no mundo, mas também por medidas de segurança
e conscientização nas praias.
"Mais e
mais pessoas estão nas praias, e os acidentes só ocorrem quando há tubarões
próximos às praias e muitas pessoas também no mar. Hoje temos alguns casos de
sucesso de comunicação de risco e prevenção de acidentes em praias populosas no
mundo", diz.
Dentre as
medidas citadas estão não entrar na água quando ela estiver com baixa
visibilidade, evitar áreas onde são vistos peixes "pulando" para fora
d'água ou linhas de pesca --uma vez que os tubarões podem estar caçando
ativamente os peixes-- e evitar usar joias, relógios e pulseiras no mar, uma
vez que a luz pode refletir e o brilho pode ser confundido com uma presa.
Já os fatores
que levam à queda nas populações de tubarões são a pesca excessiva, o
desequilíbrio ambiental e a redução global de peixes nos oceanos, que são os
alimentos preferenciais dos tubarões. Um estudo mostrou que os tubarões e raias
de corais são os mais ameaçados do mundo, atrás somente dos mamíferos
aquáticos.
Para Naylor,
houve uma queda notável no número de acidentes fatais nos últimos cem anos.
"Isso se deve muito por políticas locais de prevenção e de como agir em
casos de mordida de tubarão, reduzindo significativamente o tempo entre o
ataque e o atendimento médico", explica. "No caso de uma mordida
próximo à veia femoral, a janela de tempo é de minutos."
Um dos
modelos de sucesso no mundo citado pelo relatório é a Austrália, que tem a
maior incidência de acidentes com tubarão branco (Carcharodon carcharias).
"É
natural que isso ocorra porque lá existem dois fatores cruciais para o maior
número de registro: muitas pessoas na água e o maior tubarão conhecido, também
em quantidade, próximos à costa. Por isso foi fundamental que o público, assim
como as autoridades, também fosse orientado a como agir caso ocorresse um
acidente", afirma Naylor.
O pesquisador
brasileiro aponta que o risco de um acidente com tubarão acontecer ainda
permanece raro. "Pode ter certeza que na água o risco é muito maior de
morrer por outras coisas, como afogamento ou outros acidentes", diz.
"E, para
cada pessoa que vê um tubarão, com certeza outros tubarões já viram mil
pessoas. A diferença é que, em geral, eles fogem e vão em busca de presas,
enquanto os ataques ocorrem em situações particulares, quando eles estão
famintos ou quando mordem por acidente", explica o cientista da Flórida.
O
QUE FAZER PARA EVITAR UM ATAQUE DE TUBARÃO
Antes de
avistar
- Ver se o
local está com algum aviso de interdição
- Checar a
visibilidade da água (não entrar se estiver com pouca visibilidade)
- Evitar
entrar na água no período do entardecer até o amanhecer
- Não entrar
na água sozinho
- Não entrar
na água se tiverem linhas de pesca ou peixes próximos
- Evitar usar
joias, relógios e pulseiras metálicas
- Não urinar
ou fazer necessidades na água (o cheiro pode atrair os animais)
Na
água, ao avistar um tubarão
- Não se
assustar ou sair debatendo e espalhando água (os tubarões podem interpretar
como sinal de fraqueza)
- Gritar
(eles tendem a se afugentar)
- Manter a
calma e tentar sair do mar o mais rápido possível
Autor:ANA BOTTALLO/FOLHAPRESS
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