Num bom humor impressionante para quem enfrenta turbulências pesadas no governo, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, disse que seu país e o Brasil não podem perder a histórica oportunidade que têm neste momento para ampliar os laços comerciais e os investimentos mútuos. "Agora que o Brasil voltou, não vamos deixar o Brasil sair nunca mais", afirmou, reforçando o descontentamento com os últimos quatro anos, de Jair Bolsonaro, quando houve um afastamento sem precedentes das duas nações.
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e o presidente Lula em Portugal (Foto: Miguel Riopa)
A uma plateia de empresários
luso-brasileiros, o líder português assinalou que um dos caminhos para reforçar
as parcerias entre os dois países é o acordo que envolve o Mercosul e a União
Europeia, esperando por uma definição há mais de 20 anos. "Serei um ponta
de lança para que esse acordo finalmente saia. O Brasil pode contar comigo,
pois a parceria é absolutamente estratégica para o aumento das relações
comerciais de um lado e do outro", prometeu. Segundo o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, faltam detalhes para que o acordo seja assinado ainda
neste ano.
Costa ressaltou que, mesmo o Brasil sendo o segundo
maior investidor estrangeiro em Portugal, fora da União Europeia — atrás apenas
da China —, o país está muito aquém de seu potencial. A mesma ressalva foi
feita em relação a Portugal, apenas o 18º investidor no Brasil. "Temos que
incrementar essas posições. São muitas as oportunidades em que podemos atuar
juntos", frisou. "Há possibilidades de crescimento de lado a
lado."
Para dar o tamanho da atual relação entre Brasil e
Portugal, o primeiro-ministro listou uma série de negócios. "Na transição
digital, temos um novo cabo de fibra ótica que liga Fortaleza, no Ceará, ao
Porto de Sines, em Setúbal. Com isso, o porto poderá se tornar um polo de tecnologia.
O Brasil já responde pelo maior número de participantes do Web Summit, que terá
a sua primeira versão no Rio de Janeiro este ano. Trata-se de um ecossistema
muito dinâmico para o empreendedorismo", disse. Há, ainda, a parceria
entre a Embraer e a Ogma, agora para a construção e manutenção de aviões Super
Tucano.
Costa ainda acrescentou os investimentos de 5,7
bilhões de euros (R$ 32 bilhões) que as portuguesas Galp, petroleira e EDP, de
energia, farão no Brasil nos próximos cinco anos. Os recursos serão destinados
para a produção de hidrogênio verde.
"A EDP produziu as primeiras células de
hidrogênio verde da América Latina no Ceará", detalhou. Ele afirmou que
energias renováveis serão prioridade em Portugal, com investimentos programados
de 60 bilhões de euros (R$ 340 bilhões) até 2028. "Isso nos garantirá
energia muito mais barata", complementou.
Com informações portal Correio Braziliense
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