A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que, como "mulher traída", foi a "última a saber" que joias teriam sido enviadas a ela de presente pelo governo da Arábia Saudita em 2021.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirma que, como "mulher traída", foi a "última a saber" que joias teriam sido enviadas a ela de presente pelo governo da Arábia Saudita em 2021.
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Nem mesmo seu marido, Jair Bolsonaro, teria passado informações a ela depois de tomar conhecimento do episódio. | Wilson Dias/Agência Brasil. |
Ela
não teria também a menor ideia de que os objetos preciosos tinham sido
apreendidos pela Receita Federal há mais de um ano, e que o governo de Jair
Bolsonaro se mobilizara para tentar reavê-los.
Nem
mesmo seu marido, Jair Bolsonaro, teria passado informações a ela depois de
tomar conhecimento do episódio.
Os
fiscais retiveram na alfândega um par de brincos, um anel, um colar e um
relógio, confeccionados com pedras preciosas, bem como um enfeite em forma de
cavalo com adornos dourados.
O
conjunto valeria R$ 16 milhões e, segundo o ex-ministro das Minas e Energia,
Bento Albuquerque, que trouxe os presentes em sua comitiva, seriam destinados à
então primeira-dama.
O
desabafo de Michelle foi feito a interlocutores depois que o caso virou
escândalo, na semana passada.
A
ex-primeira-dama diz que tomou conhecimento dos fatos na sexta (3), quando uma
reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobre o assunto foi enviada a ela por
Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo e próximo do
ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos
diálogos, a ex-primeira-dama chegou mostrar desconfiança, em um primeiro
momento, de que alguma pessoa envolvida no transporte das joias teria tentado
se apoderar dos bens.
Afinal,
se o presente era destinado a ela, como nada ainda lhe teria sido informado,
mais de um ano depois do envio dos objetos preciosos?
Num
segundo momento, Michelle levou em consideração o fato de as joias estarem em
uma caixa selada, o que em tese impediria qualquer um de saber o que havia
dentro dela. A hipótese de desvio os bens foi descartada.
Demonstrando
irritação por ter seu nome envolvido no escândalo, Michelle informou aos
interlocutores que Jair Bolsonaro só teria sido informado sobre o presente e a
retenção das joias no fim do ano passado, quando o governo se mobilizava para
retirá-las da Receita Federal.
O
marido, no entanto, não teria contado nada a ela, que só soube da confusão na
semana passada.
A
primeira-dama afirmou ainda que consultaria advogados sobre o que fazer.
Ela
quer saber se ainda há uma forma de retirar os objetos da Receita Federal para
devolvê-los à Arábia Saudita.
O
caso está sendo investigado pela Polícia Federal.
Em
outubro de 2021, um militar que assessorava o então ministro Bento Albuquerque
(Minas e Energia) tentou desembarcar no Brasil com uma série de artigos de luxo
entre eles, as preciosidades destinadas a
Michelle. Como os bens não foram declarados, eles terminaram apreendidos pela
Receita Federal.
Pelas
regras em vigor, bens adquiridos no exterior que tenham valor superior a US$
1.000 (pouco mais de R$ 5.000) precisam ser declarados à Receita na entrada no
Brasil. Quando ultrapassam esse valor, eles estão sujeitos à cobrança do
Imposto de Importação, que é de 50% sobre o excedente.
Como
não houve declaração, o órgão apreendeu os bens e exigiu o pagamento do devido
Imposto de Importação, oferecendo a opção de o Ministério de Minas e Energia
pleitear formalmente o reconhecimento da condição dos bens como propriedade da
União o que destravaria os itens sem a
necessidade do pagamento.
O
governo de Jair Bolsonaro fez várias tentativas de reaver as joias, sem
sucesso.
Quando
o caso veio à tona, Michelle postou em uma rede social: "Quer dizer que
'eu tenho tudo isso' e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo
hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa [sic] vexatória".
Autor:Monica Bergamo/FOLHAPRESS
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