O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou sua primeira agenda internacional na Argentina, nesta segunda-feira (23/01), onde se encontrou com o presidente do país vizinho, Alberto Fernández, com o intuito de fortalecer laços entre os dois países — antigos parceiros econômicos — buscando o desenvolvimento de todo o bloco sul-americano. Lula e Fernández assinaram uma Declaração Conjunta de Cooperação.
Os líderes de Brasil e Argentina assinaram medida de cooperação internacional para o desenvolvimento da saúde, tecnologia, economia e relações diplomáticas.
Para presidente Lula, as relações entre as economias sul-americanas são essenciais à manutenção do bloco - Foto: Ricardo Stuckert |
Na ocasião, o presidente Lula afirmou que esse é um novo começo na
relação diplomática e econômica entre as duas nações. "Hoje é o começo de
uma nova história, tenha certeza que a Argentina será tratada com todo o
respeito e carinho que merece. Nem o futebol será motivo de nos dividir, pois
os interesses econômicos dos nossos torcedores são maiores que os dirigentes
dos nossos países", argumentou.
O presidente Alberto Fernández também comemorou a formação de um
"vínculo estratégico muito mais profundo do que tínhamos e que vai durar
pelas próximas décadas". O líder da Argentina prestou apoio a Lula,
afirmando que o presidente brasileiro é "um líder da região e um grande
estadista". "Eu vi décadas atrás quando iniciou um processo que tirou
milhares de pessoas da miséria no Brasil", disse.
O presidente Lula ressaltou a importância dos laços Brasil-Argentina
para o fortalecimento da região sul-americana. "Quando eu acabar o meu
mandato, a relação com a Argentina será a melhor relação entre todos os países
da América do Sul e América Latina. Não que eu tenha preferência pela
Argentina, é porque a Argentina é um país grande, já foi a quinta economia
maior do mundo", justificou. Os laços, segundo Lula, extrapolam a seara da
economia: "nossas universidades precisam estar mais próximas, porque uma
boa relação não é só comercial, é também a relação científico-tecnológica, a
relação cultural, e sobretudo, a relação política. Quero dizer que estou de
volta para fazer bons acordos com a Argentina".
Para o presidente Lula, as relações entre as economias sul-americanas
são essenciais à manutenção do bloco. "Um país que tem 16 mil quilômetros
de fronteira com a nossa querida América do Sul, um país que é o maior,
economicamente (e industrialmente), não tem o direito de procurar inimigos.
Temos que construir amigos, parceiros. O Brasil está uma nova vez de braços
abertos para acolher os amigos argentinos", declarou.
Também evocou a ideia de adotar uma moeda comum no bloco sul-americano.
"O que estamos tentando trabalhar agora é que nossos ministros da Fazenda,
com suas equipes econômicas, possam fazer uma proposta de comércio exterior e
de transações entre os dois países em uma moeda comum, a ser construída com
muito debate e reuniões. Isso é o que vai acontecer. Agora, vou dizer o que eu
penso: se dependesse de mim, a gente teria comércio exterior sempre nas moedas
dos outros países, para que a gente não dependa do dólar", indicou o
presidente Lula.
Uma cerimônia de oferenda floral, no monumento ao
"libertador", general José de San Martín, foi a primeira atividade do
presidente Lula na capital argentina. A homenagem ao militar foi acompanhada
por Janja Lula da Silva e Santiago Cafiero, ministro das Relações Exteriores da
Argentina.
ACORDOS BILATERAIS — Integram a comitiva presidencial os ministros Mauro Vieira
(Relações Exteriores); Nísia Trindade (Saúde); Luciana Santos (Ciência,
Tecnologia e Inovação); Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social);
Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência) e Fernando Haddad (Fazenda).
Todos terão participação na assinatura de novas ações de cooperação bilateral.
O primeiro ato assinado foi a "Carta de Intenções para o Projeto de
Integração da Produção de Defesa Brasil-Argentina", pelos ministros Mauro
Vieira e Jorge Taiana, da Defesa argentina. Em seguida, as ministras da Saúde,
Nísia Trindade e Carla Vizziotti assinaram também o documento.
Na área da Ciência, Tecnologia e Inovação, assinam Luciana Santos e
Daniel Filmus, ministros no Brasil e na Argentina, respectivamente. Dois atos
foram firmados: o Programa Binacional de Cooperação em Ciência, Tecnologia e
Inovação 2023-2024 e o Memorando de Entendimento entre Ministérios de Ciência,
Tecnologia e Inovação sobre Cooperação Científica em Ciência Oceânica.
O ministro Fernando Haddad e o ministro argentino Sergio Massa
(Economia) assinam o Memorando de Entendimento sobre Integração Financeira. Por
fim, Mauro Vieira, chanceler brasileiro, assina o Acordo de Cooperação
Antártica, junto ao ministro argentino Santiago Cafiero.
Nesta terça-feira (24), ainda em Buenos Aires, o presidente Lula
participa da VII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos
(Celac). A Celac está integrada por todos os 33 países da América Latina e
Caribe e dedica-se à promoção do diálogo e da cooperação em conjunto amplo de
temas -- como saúde, inclusão social, segurança alimentar e energética,
desenvolvimento sustentável, transformação digital e infraestrutura para a
integração.
Fonte:EBC
0 Comentários