Uma pesquisa divulgada neste Dia Mundial de Combate à Aids (1º) observou que um modelo de vacina causou uma resposta imune nos participantes do estudo. A conclusão do estudo, que é assinada principalmente por americanos, colabora para entender como induzir anticorpos que são eficazes no combate ao HIV.´
Uma pesquisa divulgada neste Dia Mundial de Combate à Aids (1º) observou que um modelo de vacina causou uma resposta imune nos participantes do estudo.
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Reprodução/Internet |
Um grande dilema para produzir uma vacina eficaz contra o HIV é que o
vírus está em constante mutação. Uma forma de contornar o dilema é induzir uma
resposta imune baseada em anticorpos altamente neutralizantes (bnAbs). Estudos
já demonstraram que eles são capazes de proteger contra uma infecção pelo
patógeno que causa a Aids.
"Esses anticorpos [altamente neutralizantes]
se ligam ao vírus e impedem que ele entre na célula -a gente diz que o vírus
foi neutralizado. Isso é imprescindível para conter uma infecção viral",
afirma Aguinaldo Roberto Pinto, que não assina o artigo e é professor do
departamento de microbiologia, imunologia e parasitologia da UFSC (Universidade
Federal de Santa Catarina).
A produção de anticorpos está associada com células chamadas linfócitos
B. No entanto, para o caso dos anticorpos altamente neutralizantes, esses
linfócitos são raros e, por isso, a produção é insuficiente mesmo em pessoas
que vivem com o HIV.
"Se você pegar uma pessoa que tem HIV, ela tem
muitos linfócitos B que estão fazendo anticorpos contra o vírus, mas raramente
estão fazendo [aqueles que são] neutralizantes", diz Pinto.
Formada por 120 cópias da proteína mais externa do HIV, a chamada GP120,
a nova vacina estimulou as células precursoras do linfócito B. Com isso, os
anticorpos altamente neutralizantes também passaram por um maior nível de
indução, sendo um indicativo importante de que o imunizante pode ser útil na
prevenção da doença
No total, o estudo contou com 36 participantes.
Desses, 35 apresentaram respostas nas células precursoras do linfócito B
associado ao anticorpo que é eficaz contra o HIV. Além disso, o padrão de
segurança do imunizante foi medido -objetivo importante para estudos como esse,
que é de fase um.
NOVAS FASES
Para Pinto, as descobertas do estudo são
significativas de que a vacina pode funcionar, mas faltam estudos maiores e
mais longos para medir se a geração de anticorpos induzidos pela vacina
realmente vai ocasionar proteção contra o HIV.
Esse é um dilema que todo estudo para vacina contra o vírus enfrenta. Um
estudo de fase três demanda uma amostra grande e acompanhamento por um período
de tempo para comparar a taxa de infecção do grupo placebo com aquele que
recebeu o imunizante.
Mas isso pode demorar anos em um teste com uma
vacina para Aids porque os participantes precisam ser muito bem informados
sobre prevenção do vírus. Além disso, o vírus é transmitido por relações
sexuais ou compartilhamento de objetos. Dessa forma, a transmissão pode ser
considerada mais difícil comparado a outros patógenos, como o Sars-CoV-2, cuja
transmissão se dá principalmente por vias aéreas.
Por isso, Pinto diz acreditar que, mesmo com os
resultados promissores, a nova vacina pode demorar bastante para contar com
novos dados sobre sua eficácia. "Quando chegar a uma fase três, vai ser um
problema que sempre aparece em vacinas contra HIV, que é saber se as pessoas vão
infectar ou não no mundo real", conclui.
Autor: Samuel Fernandes / Folhapress
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