Aqueda na ocupação dos brasileiros que estão entre os 10% mais pobres indica uma mudança na cara da pobreza no país nos últimos 20 anos e um desafio adicional para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente eleito precisa discutir políticas de inclusão produtiva.
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Combater o desemprego é um dos desafios para Lula | Reprodução |
Além do incremento nas transferências de renda, o novo
governo precisará discutir políticas de inclusão produtiva focadas em uma
parcela da população cada vez mais excluída do mercado de trabalho,
possivelmente por causa da baixa qualificação.
Em 2001, 48% dos mais pobres tinham algum trabalho, ainda que
informal –o que lhes assegurava algum tipo de renda complementar aos benefícios
sociais. Em 2021, esse percentual caiu a 18%.
Nesse mesmo período, a renda obtida com transferências governamentais
aumentou de R$ 31 para R$ 84 por pessoa. A renda do trabalho também subiu na
média por trabalhador ocupado, mas caiu de R$ 103 para R$ 57 na comparação do
valor por adulto –justamente porque há um número maior de pessoas sem ocupação.
Os valores já estão atualizados pela inflação.
Os dados foram reunidos pela economista Laura
Muller Machado, ex-secretária de Desenvolvimento Social do Governo de São Paulo
e especialista na área. Segundo ela, há um grupo de brasileiros
"completamente excluídos" do mercado de trabalho.
"O PIB [Produto Interno Bruto] está subindo.
Por ora, a gente está seguindo sem eles. É preciso incluir essas pessoas. Elas
têm direito ao trabalho digno. Tem um trem que saiu, reativou depois da
pandemia, e o último vagão ficou parado. Tem que acoplar esse último vagão com
o trem em movimento", diz a pesquisadora.
Segundo ela, no início dos anos 2000, os trabalhadores mais
pobres atuavam em condições péssimas, muitas vezes com carga horária excessiva,
sem 13º salário, sem FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e com baixo
salário.
Autor: Idiana Tomazelli /Folhapress
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