O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro solicitou que o diretor da Polícia Rodoviária Federal ( PRF ), Silvinei Vasques , seja afastado por 90 dias. O MPF diz que o agente usou o cargo indevidamente e apontou ações durante as eleições 2022 para favorecer o presidente Jair Bolsonaro (PL), como pedido de votos irregularmente.
"A vinculação constante de mensagens e falas em eventos oficiais,
entrevista a meio de comunicação e rede social privada, mas aberta ao público
em geral, tudo facilmente acessível na internet, sempre associando a própria
pessoa do requerido à imagem da instituição PRF e concomitantemente à imagem do
Chefe do Poder Executivo federal e candidato a reeleição para o mesmo cargo,
denotam a intenção clara de promover, ainda que por subterfúgios ou mal
disfarçadas sobreposição de imagens, verdadeira propaganda político-partidária
e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais", argumentou o
Ministério Público.
A solicitação surgiu por conta da publicação feita por Silvinei nos
perfis das redes sociais, um dia antes da votação do segundo turno. O diretor
da PRF pediu aos seus seguidores que votassem no atual presidente da República.
"Não é possível [...] dissociar da narrativa desta inicial a possibilidade de que as condutas do requerido, especialmente na véspera do pleito eleitoral, tenham contribuído sobremodo para o clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE", escreveu o MPF.
Polícia Federal investiga blitz
da PRF
No dia 29 de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral proibiu que órgãos
policiais realizassem blitz nas rodovias. O objetivo era facilitar a viagem de
eleitores para votar em cidades vizinhas. Porém, no domingo da votação,
policiais rodoviários federais pararam ônibus que faziam transporte gratuito,
desobedecendo a ordem do TSE.
O ministro Alexandre de Moraes exigiu explicações de Silvinei. O diretor
alegou que a fiscalização aconteceu por questões técnicas dos veículos, como
condições de pneus e regularidade dos documentos. Porém, ele é investigado por
possível motivação política para ordenar as ações.
Vasques tem sido investigado também por suposta omissão nos bloqueios ilegais em estradas. Diversas rodovias foram fechadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições.
Polêmica
Antes de se envolver com a polêmica com o TSE, por descumprir a decisão
do Ministro Alexandre de Moraes e realizar operações em transporte públicos no
nordeste (com volume de 70% a mais que o normal), Vasques também esteve no
centro de outra confusão.
O caso está relacionado a uma denúncia de agressão de um frentista de
posto de gasolina. No depoimento à polícia civil de Goiás, a vítima afirma que
um agressor [não identificado na equipe de Vasques] o espancou porque ele se
recusou a lavar viaturas de PRF e só parou de bater após funcionários do posto
gritarem e clamarem para parar.
O trabalhador alegou na justiça do estado de Goiás ter sido espancado
por policiais rodoviários por 'se recusar a lavar as viaturas da PRF' . A ação
correu em âmbito estadual até 2012, até a primeira condenação, onde a União foi
obrigada a pagar valor fixado em R$ 20 mil à vítima da violência policial.
A União pagou a indenização e cobrou o valor de Silvinei que recorreu
então à Justiça de Santa Catarina, estado onde servidor fez carreira na PRF e chegou
à superintendência da unidade regional em 2011.
IG
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