Em pouco menos de um ano, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) completa meia década de existência. Considerado uma das políticas públicas em saúde mais bem-sucedidas do país, o programa, em seus quase 50 anos, foi marcado pela erradicação de doenças como a poliomielite, a rubéola, o tétano materno e neonatal e a varíola.
Autoridades sanitárias entram em estado de alerta por conta da baixa cobertura vacinal contra a poliomielite.
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Baixa cobertura da vacina contra a poliomielite preocupa autoridades | Fernando Frazão/Agência Brasil |
Ao longo dos últimos anos, entretanto, algumas doenças
voltaram a assustar o país em meio a baixas taxas de vacinação.
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma das que
mais preocupam as autoridades sanitárias. Trata-se de uma doença contagiosa
aguda causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, e que pode
infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes excretadas e
secreções eliminadas pela boca de pacientes.
Nos casos graves, em que acontecem as paralisias
musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
Diante das taxas de cobertura vacinal em queda, o
Ministério da Saúde realizou, entre 8 de agosto e 30 de setembro, a Campanha
Nacional de Vacinação contra a Poliomielite. A campanha chegou a ser prorrogada
por causa da baixa adesão.
A meta é vacinar 95% de um universo de 14,3 milhões
de crianças menores de 5 anos no Brasil. Atualmente, a taxa de cobertura
vacinal contra a pólio está em torno de 60%.
TRANSMISSÃO
A transmissão ocorre pelo contato direto com uma pessoa infectada, pela
via fecal-oral (objetos, alimentos e água contaminados com fezes de pacientes)
ou pela via oral-oral (gotículas de secreção ao falar, tossir ou espirrar.
A falta de saneamento, as más condições
habitacionais e hábitos de higiene pessoal precários são fatores que favorecem
a transmissão do poliovírus.
SINTOMAS
De acordo com o ministério, os sintomas mais
frequentes da doença são febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e dor
no corpo, além de vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos,
rigidez na nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves, instala-se a
flacidez muscular que afeta, em regra, membros inferiores.
TRATAMENTO
Segundo a pasta, não
existe tratamento específico para a pólio. Todos as pessoas infectadas devem
ser hospitalizadas e recebem tratamento para os sintomas manifestados, de
acordo com o quadro clínico do paciente.
SEQUELAS
As sequelas da doença estão relacionadas com a
infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus. Normalmente, são sequelas
motoras e que não têm cura.
As principais são: problemas nas articulações; pé
torto; crescimento diferente das pernas; osteoporose; paralisia de uma das
pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição; dificuldade para falar;
atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.
PREVENÇÃO
O ministério lembra
que a vacinação é a única forma de prevenção da pólio. Todas as crianças
menores de 5 anos devem ser imunizadas conforme esquema de vacinação de rotina
e também por meio das campanhas anuais. O esquema vacinal consiste em três
doses da vacina injetável (aos 2, 4 e 6 meses de vida) e duas doses de reforço
com a vacina oral bivalente, conhecida como gotinha.
ALERTA
Em nota, o ministério destacou que o Brasil é
referência mundial em imunização e conta com um dos maiores programas de
vacinação do mundo. Anualmente, o PNI aplica cerca de 100 milhões de doses de
diferentes vacinas, enquanto o Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade para
vacinar até 1 milhão de pessoas por dia.
“Toda a população com menos de 5 anos precisa ser
vacinada para evitar a reintrodução do vírus que causa a paralisia infantil”,
alertou a pasta.
De acordo com o
ministério, doenças já eliminadas graças à vacinação correm o risco de
reintrodução no país devido às baixas coberturas vacinais, voltando a
constituir um problema de saúde pública. "Levem seus filhos às salas de
vacinação", reforçou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na semana
passada.
PRINCIPAIS FATOS
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas),
representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, mostram que
uma em cada 200 infecções pelo poliovírus resultam em paralisia irreversível
(geralmente das pernas). Entre as pessoas acometidas pela doença, de 5% a 10%
morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
Segundo a entidade, os casos da doença diminuíram
mais de 99% nos últimos anos, passando de 350 mil casos estimados em 1988 para
29 casos notificados em 2018. A maioria dos casos, atualmente, se concentra no
Afeganistão e no Paquistão, onde a doença é considerada endêmica. Em 2022, dois
casos foram contabilizados em Israel e nos Estados Unidos.
“Enquanto houver uma
criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a
poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil casos
no mundo a cada ano, dentro do período de uma década”, informou a Opas.
O Brasil recebeu o certificado de eliminação da
pólio em 1994. Entretanto, a Opas alerta que, até que a doença seja erradicada
no mundo, há risco de casos importados e, consequentemente, de o vírus voltar a
circular em território brasileiro. “Para evitar isso, é importante manter as
taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante”, acrescentou.
Autor: Agência Brasil
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