A Polícia Civil de Duque de Caxias prendeu o cirurgião equatoriano Bolívar Guerrero Silva, 63, nesta segunda-feira (18), em um hospital particular na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
O cirurgião equatoriano Bolívar Guerrero Silva é suspeito de manter uma paciente em cárcere privado há mais de um mês, em um hospital particular na Baixada Fluminense.
Bolívar Guerrero Silva é suspeito de manter uma paciente em cárcere privado há mais de um mês, | ( Reprodução ) |
Ele é suspeito de manter uma paciente em cárcere
privado há mais de um mês, desde que um procedimento estético na barriga da
mulher teve complicações, a ponto de necrosar. A reportagem não conseguiu
entrar em contato com a defesa do médico.
Nas redes sociais, mensagem publicada no perfil do
cirurgião plástico afirma que a alta da paciente seria uma imprudência naquele
ponto do tratamento.
O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado
do Rio de Janeiro) abriu sindicância para apurar os fatos.
A Polícia Civil esteve na manhã desta segunda,18, no hospital particular
Santa Branca, no bairro Vinte de Cinco de Agosto, para prender temporariamente
o cirurgião plástico e resgatar a paciente. Além do mandado de prisão
temporária, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão.
DEPOIMENTO
O médico prestou depoimento ainda nesta segunda.
Outras testemunhas serão ouvidas ao longo da semana.
Segundo a delegada Fernanda Fernandes, titular da
Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias, foram apreendidos
celulares.
O caso chegou à delegacia por meio da família da
paciente, depois que a mulher realizou uma abdominoplastia na clínica onde
Silva trabalha, em março. O procedimento estético é realizado para retirar
gordura e pele em excesso do abdômen.
Semanas após a cirurgia, segundo a família, a mulher passou mal e
precisou voltar a ser atendida. Desde então, ela permanece no hospital
particular onde Silva trabalha. Segundo familiares, ela está com a barriga
necrosada.
Em nota, a direção do Hospital Santa Branca afirma
que repudia "quaisquer práticas criminosas que nos foram indevidamente
atribuídas". "Tal acusação é absurda", diz a mensagem da
instituição.
A administração argumenta que a paciente deu
entrada em 1º de junho em um apartamento privativo com direito a acompanhante,
mas "recusa-se a sair da unidade". Ainda segundo a nota, todo o custo
da internação é pago pelo próprio médico.
Silva tem registro no Cremerj desde 1996. Nas redes
sociais, ele costuma divulgar o seu trabalho como cirurgião plástico –no
Instagram, tem mais de 36 mil seguidores.
Segundo secretária particular do cirurgião, uma consulta inicial custa
R$ 250. Uma tabela de preços dos procedimentos estéticos realizados por ele
indica que uma abdominoplastia custa aproximadamente R$ 9 mil.
Em mensagem direcionada aos pacientes, divulgada no
perfil do cirurgião nas redes sociais, a equipe do médico argumenta que Silva
foi "prestar um esclarecimento na delegacia". A Polícia Civil
confirma, porém, que foi cumprir um mandado de prisão temporária expedido pela
Justiça.
A mensagem afirma ainda que ele não manteve a paciente em cárcere
privado, apenas estava fazendo curativos, e que em breve ele "irá se
explicar". "Ela [a paciente] queria ser liberada sem ter terminado o
tratamento, e ele como médico seria imprudente de liberá-la", afirma a
nota.
"Ele disse que poderia liberá-la se ela
assinasse a alta à revelia e ela não quis assinar, ele disse que liberaria
somente se ela assinasse. Como ela não assinou, ele não a liberava. Além disso
ela estava com um curativo especial para acelerar a cicatrização. E esse
curativo só pode ser manipulado por pessoas capacitadas com técnicas em
enfermagem ou enfermeiros."
Silva já havia sido preso em 2010, após uma
operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro contra um grupo acusado de
comercializar e aplicar medicamentos sem registro na Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária).
O esquema
funcionava desde 2005. O dono de um laboratório farmacêutico que produzia a
toxina botulínica, o botox, enviava os produtos de Goiás para o Rio, onde havia
uma redistribuição para clínicas particulares. O produto não registrado era
comercializado pela metade do preço comercial normal à época. Uma dessas
clínicas compradoras era a de Bolivar Guerrero Silva.
( Folhapress )
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