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Funcionários da Itapemirim paralisam atividades por tempo indeterminado em Fortaleza.

Com o não cumprimento do último acordo trabalhista firmado pelo Grupo Itapemirim, funcionários da empresa realizam paralisação total das atividades a partir de hoje, quinta-feira, 10 de fevereiro. Conforme informações repassadas ao O POVO em primeira mão, a suspensão das atividades ocorre nacionalmente, sem previsão de término. 

Funcionários da Itapemirim paralisam atividades integralmente por tempo indeterminado como protesto aos atrasos recorrentes nos pagamentos de direitos trabalhistas (Foto: O POVO).

Reivindicações 

"Quem vai definir o tempo da paralisação vai ser a empresa, assim que ela pagar os funcionários, tudo volta ao funcionamento. Todos os funcionários estão aqui, mas não há condições de continuar trabalhando sem receber", destaca Carlos Jefferson, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros Intermunicipal e Interestadual do Estado do Ceará (Sinteti). 

A paralisação desta quinta-feira, 10, afeta todos os setores da empresa, desde motoristas até o núcleo de entregas e setor administrativo do Grupo. Conforme o Sinteti, a empresa está em débito com funcionários há pelo menos seis meses com ausência de pagamento de benefícios e salários.

O líder sindical Carlos Jefferson explica que os atrasos se somam a uma série de entraves nos pagamentos enfrentados pelos funcionários e ocorrem em diferentes intensidades, a depender do setor da empresa. 

Entre as situações relatadas ao O POVO, há ausência do pagamento de férias tiradas em outubro, seis meses sem depósito da cesta-básica e vale-refeição, além de atrasos nos salários dos meses de janeiro e fevereiro deste ano.

"Ninguém recebeu nada esse ano, a situação chegou a um ponto insustentável, ninguém mais tem condições psicológicas de continuar assim. Nem a segunda parcela do décimo terceiro de 2021 foi paga", revela Carlos. 

Cidades com paralisação

Além de Fortaleza, a paralisação ocorre nos municípios de Sobral e Juazeiro do Norte, ambos no Ceará, em Campina Grande, na Paraíba, e em Feira de Santana, na Bahia. Conforme o Sindicato, há perspectiva de que os funcionários da empresa em São Paulo também paralisem as atividades até o começo da tarde de hoje, 10 de fevereiro.

No último dia 3 de janeiro deste ano, os trabalhadores haviam feito paralisação semelhante em cobrança aos direitos trabalhistas em atraso. Na ocasião, um novo acordo foi formado, com a promessa de regularizar o pagamento até ontem, 9 de fevereiro. A proposta, porém, de acordo com o Sindicato, não foi cumprida pela empresa que enfrenta um longo processo de recuperação judicial desde 2016.  

"Nós quase não conseguimos mais falar com eles, sempre é um contato extremamente difícil. Já passamos de mais de uma dúzia de acordos firmados e eles nunca cumprem a parte deles. Estamos todos aqui, em nossos postos de trabalho, mas não tem mais como continuar. Só vamos voltar para as atividades quando o dinheiro cair na conta de cada trabalhador", argumenta Carlos. 

O presidente do sindicato da categoria destaca ainda que alguns funcionários estavam optando por abrir mão dos direitos trabalhistas em atraso, com a condição de serem demitidos pela empresa com garantia de acesso ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ao seguro-desemprego. "A situação está tão insustentável que foi tanta gente tentando ser demitida dessa forma que eles cancelaram a oferta", detalha. 

Carlos comenta ainda que, de toda a equipe de vendedores da empresa no Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, apenas uma pessoa segue alocada na unidade. "Teve redução e ficaram quatro, todos fecharam acordo para abrir mão do dinheiro em atraso para serem demitidos, aí um ex-gerente aceitou assumir sozinho, como terceirizado, o funcionamento da unidade", revela. 

O líder sindical pontua ainda o sentimento de desamparo diante dos trabalhadores e diz que o Sinteti já protocolou "uma série" de requerimentos no Ministério Público pedindo ajuda nas negociações com a empresa. "Nunca tivemos nenhum retorno, tentamos contato com a comarca de São Paulo que julga a recuperação judicial da empresa, mas nada. Precisamos que algo seja feito por nós, são nossos direitos", destaca.  

 Carlos comenta ainda que há funcionários vivendo situações de insegurança alimentar, ameaças de despejo de imóveis alugados e fortes danos emocionais. "Quem não tem parentes que possam ajudar, está passando por muita necessidade, é uma coisa muito triste de se ver com um trabalhador. Ninguém aguenta mais", finaliza. 

Na Capital cearense, passageiros deveriam embarcar em veículos da Itapemirim e partir em direção à Belém, no Pará, região Norte do Brasil, às 12 horas desta quinta-feira, 10 de fevereiro. Sem acordo com os trabalhadores da empresa que reivindicam o pagamento dos salários e benefícios em atraso, a recomendação inicial é de que estes devam esperar por um aviso da empresa com instruções sobre o procedimento a ser seguido. 

O POVO buscou contato por meio do e-mail e telefone com o Grupo Itapemirim para esclarecimentos com relação à paralisação nacional dos funcionários e às denúncias de atrasos recorrentes no pagamento de salários e demais direitos trabalhistas. Também questionou a empresa diante do amparo aos passageiros com viagens atrasadas.

Em nota, o Grupo Itapemirim respondeu apenas que "embora entenda como questões pontuais e dirigidas, vem mantendo entendimentos no sentido de uma solução imediata, e conforme comunicado interno, o salário de janeiro seja integralmente pago até sexta-feira, 11 de fevereiro."

O POVO 

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