Representantes do Ministério da Saúde confirmaram a análise do governo de São Paulo e disseram, nesta sexta-feira (21), que está descartada a relação entre a vacinação da Covid-19 e a parada cardíaca de uma criança de Lençóis Paulista (SP).
A criança de 10 anos passou mal em Lençóis Paulista, em São Paulo, doze horas após receber a vacina.
José Cruz/Agência Brasil |
A pasta afirmou que "o evento adverso
pós-vacinação foi descartado". "A síndrome de Wolff-Parkinson-White,
até então não diagnosticada e desconhecida pela família, levou a criança a ter
uma crise de taquicardia, que resultou em instabilidade hemodinâmica",
disse a Saúde, citando a investigação feita pelo governo local.
Os ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e
Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) visitaram a criança na
quinta-feira (20). O presidente Jair Bolsonaro (PL) telefonou para a família.
No Twitter, mesmo depois de o governo
paulista ter concluído que a reação estava ligada à doença congênita rara,
Damares disse que teve encontro com a criança "hospitalizada após suspeita
de parada cardíaca no mesmo dia em que recebeu a vacina contra Covid".
Queiroga curtiu a publicação de Damares.
Ambos não informaram que a relação com a vacina já estava descartada.
A ministra Damares Alves avalia disputar o
Senado em São Paulo ou no Amapá. Já Queiroga tem dito a aliados que não deve se
candidatar e se agarra ao cargo na Saúde com agrados ao presidente Bolsonaro.
Parlamentares da oposição criticaram a
visita.
"Foram fazer campanha política
antivacina. São pessoas sem alma, incapazes de amor ao próximo. Torcem pela
morte para questionar a ciência", escreveu o deputado Orlando Silva
(PCdoB-SP), no Twitter.
Queiroga também divulgou nesta semana dados
falsos sobre mortes no Brasil ligadas à vacina da Covid-19.
Em nota, a Saúde disse que "a vacinação
é segura e foi autorizada pela Anvisa." "O Ministério da Saúde segue
monitorando a ocorrência dos eventos adversos pós vacinação em parceria com as
secretarias municipais e estaduais de saúde", disse a pasta.
A criança de 10 anos recebeu o imunizante da
Pfizer, indicado para sua faixa etária. Cerca de 12 horas depois, começou a
apresentar sintomas que evoluíram a uma parada cardiorrespiratória. A criança
já teve o quadro revertido e estava hospitalizada, mas estável, na quinta ,
quando a relação com a vacina foi descartada.
Um ponto que chamou a atenção dos especialistas
foi o curto intervalo entre a imunização e o início dos sintomas. O tempo
decorrido não sustentaria a hipótese de uma miocardite desencadeada pela
vacinação, segundo a investigação.
Técnicos do governo federal afirmam que o
caso poderia ser levado ao comitê de farmacovigilância comandado pelo
Ministério da Saúde, mas que a análise do governo paulista não deixou dúvidas.
A investigação do caso foi conduzida de forma
conjunta pela Divisão de Imunização do estado e pelos Grupos de Vigilância
Epidemiológica de Botucatu e de Bauru, além do município de Lençóis Paulista.
O diagnóstico revelou uma pré-excitação no
eletrocardiograma da criança, o que, segundo a secretaria, é uma característica
da síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW).
"Esta é uma condição congênita que leva
o coração a ter crises de taquicardia. Algumas destas crises podem ter
frequência muito alta, levando até a síncope ou mesmo morte súbita",
explica em nota.
FOLHAPRESS
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