Em greve de fome desde a prisão, no dia 3 de setembro, a situação da saúde do jornalista cearense Wellington Macedo preocupa a direção da Penitenciária do Distrito Federal II (Papuda 2) em Brasília, onde se encontra preso.
Apenas bebendo água
(e água da torneira), o jornalista está sem comer há 15 dias. De cabelo e barba
grandes, cerca de 10 quilos mais magro, Wellington Macedo estaria bastante
deprimido e quase irreconhecível.
A gravidade do caso
já chamou atenção do diretor da penitenciária. O delegado Johnson Kenedy
Monteiro teria ido cinco vezes na cela do jornalista para demovê-lo da greve de
fome. Wellington, evangélico, pediu (e recebeu) apenas uma Bíblia Sagrada, que
passa o dia a ler em silêncio.
Aos advogados,
Wellington Macedo falou muito bem do tratamento que recebe dos agentes
prisionais. Jornalista investigativo, com muitos amigos no mundo policial,
recebeu o apoio de muitos policiais militares que foram até a penitenciária
prestar solidariedade e garantir proteção. O fraterno acolhimento dos
policiais, faz Wellington Macedo sentir “um pouco melhor”, mas o clima é
inconsolável.
O jornalista está
incomunicável. Não recebe visitas nem da família. E até agora teve apenas dois
contatos com seus advogados — um presencial, no dia 4/09, quando escreveu
bilhete para a esposa Andressa Aguiar; e outro por videoconferência, no dia
18/09, quando apareceu debilitado e com aspecto muito abatido.
A videoconferência
não foi gravada por proibição judicial. E nem print foi permitido fazer.
Wellington chamou a penitenciária de “pior lugar do mundo” e insistia “não ter
cometido nenhum crime para continuar preso”. Afirmou também escutar todos os
dias brigas entre detentos; não conseguir dormir; e que lhe restava ler a
Bíblia.
Aos advogados,
Wellington Macedo também negou o fim da greve de fome. “Ponha-se no lugar do
Wellington”, comenta amigo de longas datas, “primeiro, ele ainda não teve
acesso aos autos da acusação; segundo, essa acusação estaria baseada na Lei de
Segurança Nacional, como outros casos do mesmo inquérito; terceiro, essa lei de
Segurança Nacional não existe mais, foi recentemente revogada; quarto, não há a
quem ou onde recorrer.”, conclui.
O quadro é
sufocante. É desconhecida a acusação. E o processo, além de parado, está sem
grau de recurso. Por isso, a depressão é crescente. Com a saúde de Wellington
Macedo debilitada devido a greve de fome, agora seus advogados preparam petição
por documentos médicos sobre o quadro de saúde do jornalista, com vistas a um
terceiro pedido de soltura.
Já foram impetrados
dois pedidos de soltura. Um, por meio de habeas corpus, foi protocolado logo
que ele foi preso, mas negado pelo ministro Luís Roberto Barroso, que alegou
não poder suspender decisão monocrática de outro colega ministro. O outro, um
pedido de relaxamento de prisão, foi protocolado no dia 13/09. Endereçado ao
ministro Alexandre de Moraes, encontra-se ainda sem sentença.
(Portal Paraíso)
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