Barroso abriu a sessão da corte
eleitoral, nesta quinta-feira (9), com duro discurso para rebater as acusações
que o chefe do Executivo faz sobre o sistema eleitoral, além dos ataques
pessoais a ele dirigidos pelo mandatário.Ministro ainda disse que "populismo" busca culpados para o "fiasco" | Fabio Rodrigues Pozzebomn/Agência Brasil
"Todas pessoas de bem sabem
que não houve fraude e quem é o farsante nessa história", afirmou Barroso.
"Quando fracasso bate à porta, é preciso encontrar culpados."
O ministro disse que "o populismo vive
de arrumar inimigos para justificar o seu fiasco. Pode ser o comunismo, pode
ser a imprensa, podem ser os tribunais".
A atual crise institucional, patrocinada por
Bolsonaro, teve início quando o presidente disse que as eleições de 2022
somente seriam realizadas com a implementação do sistema do voto impresso -essa
proposta já ter sido derrubada pelo Congresso.
No discurso em São Paulo, no 7 de Setembro,
Bolsonaro também voltou a mirar o sistema eleitoral. "Não é uma pessoa que
vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável, porque não é",
afirmou. "Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda
pelo presidente do TSE."
Ainda no 7 de Setembro, ao escalar mais uma
vez a crise institucional no país, ameaçar o STF (Supremo Tribunal Federal) e
dizer que não cumprirá mais ordens judiciais do ministro Alexandre de Moraes,
Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade que podem levar à abertura de
processos de impeachment, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Além dos crimes de responsabilidade, que
possuem caráter político e jurídico, o presidente pode ter cometido também
crimes comuns, ilícitos eleitorais e ato de improbidade administrativa, na
avaliação de parte dos entrevistados.
Ataques ao sistema eleitoral e à urna
eletrônica fazem parte da retórica do presidente Jair Bolsonaro desde a
campanha. Na véspera do pleito, em outubro de 2018, ele afirmou que só perderia
se houvesse fraude.
"Isso só pode acontecer por fraude, não
por voto, estou convencido", disse em live em outubro de 2018.
As acusações infundadas se mantiveram mesmo
depois de eleito. Em março de 2020, Bolsonaro disse que teria vencido a eleição
ainda no primeiro turno, porém nunca apresentou nenhuma prova disso.
Até hoje, não há evidências de que tenham
ocorrido fraudes em eleições com uso da urna eletrônica. A urna possui
diferentes medidas de segurança e de auditoria.
Independentemente disso, há especialistas que
defendem que o TSE deveria aumentar a transparência do sistema eleitoral e
melhorar as possibilidades de auditoria das eleições. O problema, dizem eles, é
que o debate técnico e sério acaba ofuscado pela desinformação e por mentiras.
FOLHAPRESS
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