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Ceará tem o menor número de inscritos para provas do Enem desde 2011.

O número de inscritos no Ceará para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é o menor dos últimos 10 anos. Conforme levantamento feito pelo Sistema Verdes Mares com base nos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) desde 2011, este ano de 2021 tem a menor quantidade de inscritos.

Ao todo, 243.414 pessoas no Estado devem se submeter às provas nos próximos dias 21 e 28 de novembro. O número já é 25% menor do que os quase 325 mil inscritos no ano passado.


Para o professor universitário e especialista em educação, Enéas Arrais Neto, a pandemia de Covid-19 explica parte do desinteresse, mas a situação socioeconômica do Brasil, com índices elevados de desemprego e baixa nos investimentos no setor da educação, também ajuda a explicar o cenário.

“Os números refletem dois elementos: o primeiro, uma desesperança geral ao País. A educação está vinculada à vida das pessoas. Antes havia uma expectativa de que a formação as levaria a uma melhoria de vida, a um bom emprego. Vêm os cortes de verbas que sinalizam destruição na educação”, avalia.

“A pandemia acrescenta a isso um problema que está sendo vivenciado no mundo todo que é uma quebra no espírito, na resiliência das pessoas frente à realidade”, continua Enéas Arrais Neto.

BALANÇO DAS INSCRIÇÕES NOS ÚLTIMOS ANOS

2021: 243.414

2020: 325.706

2019: 294.992

2018: 328.591

2017: 341.393 

2016: 537.626

2015: 486.678

2014: 596.568

2013: 518.017

2012: 369.065

2011: 300.129

Ao observar os números, o professor acrescenta que, “de 2011 a 2014, há um aumento exponencial na participação da juventude no Enem. Havia uma expectativa de que a participação na universidade, a oportunidade dos estudos superiores abria perspectiva para as pessoas. Vivíamos um quadro de pleno emprego. De lá para cá já reduz, e aí a queda se acentua de 2020 para 2021 com a pandemia”.

RELATOS

O técnico de enfermagem, Marley Almeida, optou por não se inscrever para o Exame neste ano porque acredita não estar preparado. Marley conta que antes vinha estudando com objetivo de conseguir ingressar no curso de Gestão Hospitalar e continuar uma formação na área da saúde, mas precisou parar os estudos em decorrência do trabalho.

“Veio a segunda onda da pandemia e fiquei esgotado, tomou todo o meu tempo. Não consegui estudar, não consegui acompanhar aula on-line. Agora vou focar para o próximo ano para melhorar o meu conhecimento. Eu moro em uma comunidade e vejo que muita gente tem dificuldade em acompanhar as aulas virtuais por não ter acesso aos aparelhos, à tecnologia necessária”, relata Marley.

A pandemia, com todo o processo interno que ela traz às pessoas, o medo, a desesperança, o deixar de conviver, deixar de fazer as atividades normais, leva a uma queda da condição que a pessoa tem de buscar elementos de força. É necessário atentar para a saúde mental dos estudantes”.

ENÉAS ARRAIS NETO

Professor universitário e especialista em educação

O estudante Paulo Victor Belchior, de 22 anos, conhece a realidade dos cuidados com a saúde mental diante ao período. Ele conta que há alguns anos se submete ao Enem e está inscrito nesta edição. Paulo tem uma rotina de estudos em modelo híbrido, mas separa um tempo para lazer.
“Ano passado foi um ano de adaptação, mas que trouxe muito aprendizado. Agora eu me sinto mais confortável com as aulas on-line. Vem sendo uma preparação intensa e que requer uma dedicação ainda maior”, conta.

O estudante diz ter uma boa expectativa para o Enem 2021. “Acredito que estou preparado. Vou tentar Engenharia Mecânica. Sempre penso em como posso melhorar cada vez mais e optei pelo modelo da prova impressa mesmo. Sei que saúde mental neste momento é um luxo, então busco equilibrar momentos de lazer, estudo e ter atividades física”.

Foto: Camila Lima

Fonte: Diário do Nordeste

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