O
presidente Jair Bolsonaro voltou a promover desinformação sobre vacinas. As
declarações foram dadas durante culto numa igreja em Anápolis (GO), quando o
mandatário alegou que chás indígenas combatem o vírus.Presidente Bolsonaro, durante Culto Interdenominacional das Igrejas de Anápolis (Foto: Alan Santos)
“Estive, há três semanas, visitando os tukanos e
ianomâmis na região de São Gabriel da Cachoeira (AM) e perguntei se os índios
haviam sido acometido de covid nas duas etnias. Quase todo mundo, sim. E nas
duas etnias, perguntei: ‘Quantos morreram?’. ‘Nenhum’. ‘Tomaram o quê?’ Citaram
três nomes de chá de casca de árvore”, afirmou.
O
presidente brincou dizendo que os chás indígenas não tem comprovação
científica. “E eu pergunto: a vacina tem comprovação científica ou está em
estado experimental ainda? Está em estado experimental”, destacou.
Mais
uma vez o Chefe do executivo falta com a verdade, pois no Brasil, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atestou a eficácia e a segurança de
vacinas e as liberou para aplicação no país.
Bolsonaro
também voltou a afirmar que há supernotificação de casos de covid-19 no país e
creditou ao “tratamento precoce” a salvação de pacientes com a doença. “Se
retirarmos as possíveis fraudes, teremos em 2020 o país como aquele com menor
número de mortos por milhão de habitantes por conta da covid. Que milagre é
esse? O tratamento precoce”, enfatizou.
“Eu
tomei hidroxicloroquina, outros tomaram ivermectina, outros, em estado mais
grave, alguns poucos, estão tomando porque é difícil encontrar no Brasil a
proxalutamida”, disse o presidente.
Os
medicamentos, no entanto, são fortemente desaconselhados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). O próprio ministro da Saúde do governo relatou, na
quarta-feira, durante depoimento na CPI da Covid, que hidroxicloroquina,
cloroquina e ivermectina não têm eficácia comprovada contra a doença.
Mais
cedo, a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro já tinha
repetido sua acusação de números superdimensionadas de casos do novo
coronavírus — o número de mortes está em 479.515. Segundo o mandatário,
registros falsos chegariam a 45%.
“O
TCU (Tribunal de Contas da União) fez dois acórdãos — não sei por que tiraram
do ar —, dizendo que o critério mais importante para mandar recursos para
estados são as notificações de covid. O próprio TCU disse que essa prática
poderia não ser a mais salutar, porque incentivaria supernotificações. Alguns
governadores, para poder receber mais dinheiro, notificavam mais mortes por
covid”, sustentou.
“Vocês
devem ter visto na internet a quantidade de pessoas revoltadas que o parente
não havia morrido de covid e botavam no atestado de óbito ‘covid’. Isso, pelo
que tudo indica, é um forte indício de tivemos supernotificações no Brasil”,
continuou. “No meu entendimento, sim, tivemos supernotificações no Brasil.
Alguns governadores praticaram isso aí. Em consequência, tem gente querendo
desqualificar o que estou falando para não incriminar governadores. Agora, uma
coisa é real: segundo os estudos ali, são estudos estatísticos, não
conclusivos, a supernotificação pode chegar a 45%, quase metade”, alegou.
O
TCU, porém, já desmentiu três vezes que tenha elaborado relatório sugerindo que
metade das mortes atribuídas à covid-19 ocorreu por outras causas.
Bolsonaro
também disse que pediu um estudo sobre o tema à CGU. “É uma questão que eu já
passei para a Controladoria-Geral da União para estudar, para nós buscarmos
realmente uma maneira de salvar vidas, e não ficar agindo como aquelas pessoas
lá, né. Não são todas, lá da CPI. Ali, agora, têm gênios sobre saúde, como Renan
Calheiros (relator da CPI) e Omar Aziz (presidente da comissão), pelo amor de
Deus”, ironizou.
Com
informações portal Correio Braziliense
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