Rodrigo Grassi Cademartori, militante do Partido dos Trabalhadores (PT) , conhecido como “Rodrigo Pilha”, foi preso no dia 18 de março de 2021, após estender uma faixa com os dizeres “Bolsonaro genocida” na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Saiba mais sobre o militante que desafiou o presidente.
Rodrigo "Pilha", militante do PT | Partido dos Trabalhadores
Durante o protesto
Rodrigo estava acompanhado por outros quatro ativistas. Todos foram liberados
no mesmo dia, porque a Polícia Federal não encontrou motivos para enquadrá-los
na Lei de Segurança Nacional. A única exceção foi Rodrigo Pilha, que permaneceu
preso, pois pesam contra ele duas condenações por outros crimes.
A família de Rodrigo
e o advogado de defesa do militante afirmam que ficaram 25 dias sem contato com
ele, que atualmente está preso no Centro de Progressão Penitenciária (CPP),
conhecido como Galpão. “Não vimos o Rodrigo desde a prisão. Não conseguimos nem
mesmo uma teleconferência”, disse o irmão do militante, Érico Grassi, em
entrevista ao portal Metrópoles, semana passada. “A família está arrasada”,
completou Érico, após o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos
Territórios (TJDFT) negar autorização para que Rodrigo cumpra sua pena em
regime domiciliar.
A Justiça, contudo,
concedeu ao detento autorização para voltar ao trabalho, retornando para dormir
no cárcere todos os dias – o chamado regime semiaberto, o qual Pilha deu início
nesta segunda-feira (12/4). Os parentes puderam, enfim, ter um breve encontro
com o ativista. “Foram dias muito difíceis. Hoje eu o peguei [no CPP] e o levei
ao trabalho”, disse Érico Grassi, à noite, ao Metrópoles. “Ficamos 25 dias sem
vê-lo. Ele não recebeu nada da gente, uma roupa, um chinelo… A galera do CPP é
bem humanizada, ele está bem”, garantiu, aliviado.
De acordo com a
Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seape), os presos do CPP não
ficam em celas, dormem em galpões. Embora não haja visitações, eles têm direito
a trabalhar fora da cadeia e a “saidinhas” quinzenais para passar o fim de
semana em casa – o que renova as esperanças dos Grassi em novos contatos
diretos.
Ativismo constante e polêmico
Rodrigo “Pilha” é
bastante conhecido entre os quadros da esquerda do Distrito Federal. Nascido em
12 de dezembro de 1977, na cidade de Uruguaiana (RS), ingressou na militância
política no PT brasiliense quando ainda era estudante, via Movimento
Estudantil. Começou três cursos na Universidade de Brasília (UnB) – pedagogia,
educação física e sociologia –, mas não conclui nenhum deles. Passava boa parte
do tempo dedicado a articulações da chamada Juventude do PT.
Foi assim que, em
2009, entrou com um grupo de estudantes no Senado Federal, vestindo camisas com
a frase “Fora Sarney”. Na época, o ex-presidente da República e então senador
José Sarney (MDB) era presidente da Casa e alvo de denúncias. Também foi figura
chave em protestos contra o governo do Distrito Federal, a começar pelo “Fora
Arruda”, em 2010, após o escândalo da Caixa de Pandora, quando integrantes do
movimento estudantil ocuparam a sede da Câmara Legislativa (CLDF).
Nessa época, ele era
assessor parlamentar da então deputada distrital Erika Kokay (PT), com quem
trabalhou, na mesma função, também na Câmara dos Deputados. A parlamentar
acompanha a situação do ex-funcionário e amigo de longa data, mas preferiu não
comentar o caso.
Ainda no DF, Rodrigo
Grassi esteve em protestos em defesa da comunidade indígena no bairro Noroeste
e pela gratuidade do Passe Livre Estudantil.
Durante o processo de
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), participou das ações de
defesa do governo petista e acompanhou as caravanas do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) pelo Brasil, antes da prisão do líder petista em
2018. Quando Lula foi preso, passou a marcar presença em frente à sede da
Polícia Federal de Curitiba (PR), onde o ex-presidente ficou encarcerado, e a
participar dos atos “Lula Livre” na capital e em outras cidades.
Sua forma de
militância é considerada radical, inclusive, por parte da esquerda
progressista. Em abril de 2014, foi bastante criticado ao hostilizar o então
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Joaquim Barbosa, em
bar na 406 Sul. Na época, o STF protagonizou condenações do PT no escândalo do
“Mensalão”. Para petistas moderados, a ação em nada ajudava na situação
política do partido. Logo depois do episódio, Pilha pediu demissão do gabinete
da deputada federal Erika Kokay.
No mesmo ano,
envolveu-se em confusão com o então senador Aloysio Nunes (PSDB). Rodrigo
abordou o político no Congresso Nacional, pedindo uma entrevista. Ao falar
sobre comissões parlamentares de Inquérito (CPIs), Pilha perguntou sobre o
suposto envolvimento do parlamentar com o cartel dos trens em São Paulo. O
tucano classificou a fala como uma agressão e partiu para o confronto físico
contra o ativista. Pessoas que estavam próximas apartaram a dupla e Grassi
acabou detido pela Polícia Legislativa.
Após a queda de
Dilma, Pilha também hostilizou jornalistas como Miriam Leitão e Alexandre
Garcia, durante dois episódios em 2017.
Porém, o presidente
do PT-DF, Jacy Afonso, considera Pilha um “militante extraordinário” e sua
prisão, uma “tentativa de intimidá-lo. Causa estranhamento a negativa da prisão
domiciliar”, disse.
Militante segue preso por
desacato e álcool ao volante
Em 18 de março,
quando o grupo de ativistas deixou as dependências da Polícia Federal em
Brasília, coube a Pilha explicar o protesto, como porta-voz do grupo (assista
abaixo). No entanto, logo depois, ele foi detido novamente, por conta de duas
condenações prévias, conforme explica o advogado Thiago Turbay, do escritório
Boaventura Turbay Advogados, que assumiu a defesa do militante.
Segundo Turbay,
Rodrigo Grassi foi condenado por desacato, por ter proferido uma ofensa a um
policial. A segunda condenação é um delito de trânsito, por direção após
ingestão de bebida alcoólica. As penas foram unificadas em computo de 2 anos e
2 meses de detenção.
Segundo a Secretaria
de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF), até sexta-feira
(9/4), Rodrigo Grassi cumpriu pena no Bloco 5 do Centro de Detenção Provisória
II (CDP II). Com capacidade para abrigar até quatro pessoas, dotada de
chuveiro, vaso sanitário e camas de concreto, o espaço estava ocupado por
Rodrigo e outros dois internos. Ali, ele tinha direito a banho de sol, de até
duas horas por dia, todos os dias da semana.
A pasta negou ter
vedado contato entre o preso, familiares e defesa. “Em relação às visitas, o
reeducando tem direito a encontros virtuais com seu advogado e familiares. A
visita do profissional acontece uma vez a cada sete dias e a de familiares, uma
vez a cada 30 dias”, afiançou a secretaria.
Nesta segunda, em
nova nota, a Seap informou que agora o militante cumpre pena no CPP, “que tem
características de casa de albergado. No local não há celas. A unidade
prisional é composta por três blocos. O interno se encontra recolhido com
outros cerca de 300 reeduncandos que saem durante o dia para trabalhar e
retornam para pernoitar na unidade”.
Conforme a pasta, “os
blocos são equipados com camas tipo beliche e banheiros. O atendimento médico é
oferecido por equipes multiprofissionais de saúde, presentes em todas as Unidades
Básicas de Saúde (UBS) do sistema prisional. O estado de saúde do interno é
considerado normal. Até o momento, não se envolveu em nenhum tipo de
intercorrência na unidade prisional”.
Com informações do portal
Metrópoles.
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