O limite de R$ 44 bilhões aprovado pelo Senado para o pagamento do auxílio emergencial está na mira de organizações da sociedade civil e mesmo de parlamentares. Diante da explosão de uma nova onda da pandemia, há um movimento para tentar derrubar a trava durante a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) na Câmara dos Deputados.
Para a equipe econômica, a fixação do limite foi um ponto
importante para evitar um “cheque em branco” ao Congresso, num momento de
fragilidade das contas públicas. No ano passado, o governo pagou R$ 293,1
bilhões em transferências às famílias vulneráveis, com impacto sobre a dívida
pública.
Para o deputado Mauro Benevides (PDT-CE), o valor de R$ 44
bilhões não é um teto para o pagamento em si do auxílio. Ele diz que o artigo
da PEC que abre caminho à nova rodada do benefício trata de um teto para o
volume de despesas que podem ficar de fora das amarras fiscais, mas nada
impede, segundo ele, que o Congresso destine mais recursos ao programa social
dentro das regras orçamentárias normais.
“Não existe essa história de limite, essa trava de R$ 44
bilhões. Esse é o dinheiro que está autorizado a tirar do teto”, diz Benevides.
“A MP, se a Câmara quiser mudar, pode dizer que é R$ 60 bilhões (para o auxílio
emergencial). Obviamente, que vamos ter de encontrar R$ 16 bilhões lá no teto
de gastos.”
Os movimentos sociais querem ir além e conseguir a
retirada do limite de R$ 44 bilhões durante a votação na Câmara. Cartas foram
enviadas aos deputados mostrando que o Brasil tem atualmente 84 milhões de
pessoas enfrentando algum grau de insegurança alimentar – quando há falta de
acesso regular e disponibilidade de alimentos.
A retirada da trava de R$ 44 bilhões pode ser feita sem
atrasar a votação da PEC como um todo. Basta um destaque supressivo, ou seja,
um pedido dos parlamentares para que a expressão que contém o limite seja
retirada do texto. Esses destaques são votados em plenário. Até o momento,
governistas não veem chances de uma articulação como essa prosperar, mas ainda
assim o tema está sendo monitorado de perto para evitar surpresas.
Considerando o limite de R$ 44 bilhões, a versão mais
recente da MP prevê que trabalhadores em situação vulnerável por causa da
pandemia devem receber quatro parcelas de R$ 150 a R$ 375.
ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO
Fonte: Portal R7
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