Já se passaram dois anos desde que 14 pessoas foram mortas durante um assalto a banco na cidade de Milagres, no Cariri cearense.
Naquele 7 de dezembro, morreram seis reféns de um grupo criminoso e oito
assaltantes. Neste 7 de dezembro, os 20 réus por homicídio doloso ou fraude
processual – cujas ações criminosas foram denunciadas pelo Ministério Público
do Ceará (MPCE) – ainda não participaram de uma audiência na Justiça, não foram
pronunciados, nem julgados.
A última movimentação no processo é uma decisão do Tribunal de Justiça
do Ceará (TJCE) negando o retorno às atividades do tenente coronel Cícero
Henrique Beserra Lopes.
Pensão
Enquanto isso, familiares das vítimas de Serra Talhada, em Pernambuco,
continuam à espera de justiça. Com o andamento lento dos processos judiciais,
em meio à pandemia, a esperança de Cláudia Magalhães é pelo julgamento do
processo em 2021. Até lá, o Estado do Ceará deverá pagar pensão. Cláudia é
viúva da vítima João Magalhães e mãe de Vinícius, também morto pela PM
cearense, enquanto eram feitos reféns, juntamente com os tios Cícero Tenório e
Claudineide Campos, além do primo Gustavo.
A novidade no caso até agora é que a partir deste dezembro o Estado do
Ceará irá pagar, com atraso, uma pensão provisória para Cláudia e o filho João
Vítor, de R$ 1.500, cada. A determinação judicial impunha o prazo de até
outubro para o Estado do Ceará iniciar o pagamento, mas houve tentativa, sem
êxito, de anulação mediante recurso.
Somente cinco meses após as mortes, uma comitiva do Governo do Estado do
Ceará visitou a família pernambucana, mas de acordo com uma das irmãs da vítima
João Batista pouco foi feito desde então. “Passou esse tempo todo, vieram pedir
desculpas, se colocar à disposição, mas nem nos devolveram tudo o que estavam
com a nossa família”.
Participaram da visita, realizada em maio de 2019, o Núcleo de
Atendimento às Vítimas de Violência (Nuavv), do Ministério Público; equipe
técnica do Centro de Referência de Apoio às Vítimas de Violência (Cravv) da
Secretaria da Proteção Social e Casa Militar.
De acordo com a família, até hoje não foram entregues os celulares de
João Batista e do sobrinho Gustavo. “Aquela visita não deu em nada. Só conversa
e nada mais”.
Além da família pernambucana, foi assassinada na mesma condição a refém
cearense Edneide Laurentino, que era acompanhada pelos pais Maria Lurilda e
Genário Laurentino e o irmão Fernandes Rodrigues. Os três sobreviveram. Até
hoje, a família não teve qualquer amparo social ou jurídico.
Foto: Thiago Gadelha
Fonte: Diário do Nordeste
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