Sem beijos e abraços? Com máscara e distanciamento? As festas de Natal e Ano-Novo serão diferentes em 2020. Isso, é claro, se você seguir todos os cuidados para evitar a contaminação pelo coronavírus. O ideal, inclusive, seria que as famílias e amigos não se encontrassem neste ano. A indicação é da própria OMS (Organização Mundial da Saúde), que disse que a "aposta mais segura" seria não realizar as reuniões familiares tão tradicionais nesta época.
Os especialistas ouvidos seguem a mesma orientação. Isso vale especialmente para núcleos familiares que não moram na mesma casa. Para famílias que já estão em convívio diário, a confraternização pode ser realizada seguindo os cuidados de higienização ao voltar da rua, por exemplo — adotados desde o início da pandemia. Agora, se a ideia é reunir vários grupos da família, alguns cuidados devem ser tomados, principalmente se pessoas de grupo de risco estiverem no mesmo local.
"Não é desejável
juntar núcleos de famílias diferentes, essa é a regra número um. Mas sabemos
que, no final do ano, as pessoas gostam de confraternizar. Então, a ideia é
diminuir os riscos e minimizar as chances de transmissão", explica
Alexandre Naime, infectologista chefe do Departamento de Infectologia da Unesp
(Universidade Estadual Paulista) e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
Então, é isso, caso você
escolha fazer reuniões familiares ou entre amigos, saiba que não é possível
realizá-las de forma 100% segura, como destaca Munir Ayub, consultor da SBI.
"É um risco calculado que a pessoa irá correr. Ninguém pode dizer que
teremos confraternizações seguras e tranquilas."
Andrea Mansinho,
infectopediatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, alerta para o
momento da refeição e para o consumo de bebidas alcoólicas. "Os principais
riscos vão surgir quando as pessoas se sentarem para comer e beber, porque é o
momento que elas precisam tirar a máscara. Ao consumir álcool, as pessoas
tendem a relaxar mais nos cuidados."
Pensando nisso,
elaboramos perguntas e respostas para que você tire suas dúvidas e saiba como
curtir as festas de fim de ano com os cuidados necessários, reduzindo danos.
Tire dúvidas sobre
festas de fim de ano x Covid-19
Neste ano, será possível
reunir as famílias e os amigos?
O indicado é que as
pessoas não se reúnam neste fim de ano. Isso vale para núcleos familiares que
vivem em locais diferentes e também para grupos de amigos. "Se a festa de
fim de ano for com as pessoas que você já convive diariamente em sua casa, tudo
bem. São pessoas que você já conhece e confia, e sabe que não estará se
expondo", explica Alexandre Naime, infectologista chefe do Departamento de
Infectologia da Unesp e consultor da SBI.
Se o grupo não for do
meu núcleo, quais são os principais cuidados?
Os principais cuidados,
segundo os especialistas, devem ser:
• Quantidade de pessoas:
o ideal é, no máximo, seis;
• Distanciamento físico
de 1,5 metros a 2 metros;
• Uso de máscara;
• Local arejado ou, de
preferência, em um quintal ou varanda;
• Pessoas com sintomas
de Covid-19 não devem participar.
Quantas pessoas podem
participar da confraternização?
Os especialistas sugerem
que o máximo de pessoas que podem se reunir em um mesmo local é de seis.
As pessoas devem usar
máscara?
Sim, a orientação é que
as pessoas só tirem a máscara no momento da refeição. Também é importante
reforçar o uso correto das máscaras: protegendo o nariz e a boca, e não no
queixo ou no pescoço.
Será necessário
distanciamento? Qual?
Sim, além da máscara,
outra forma de evitar a disseminação do coronavírus é fazendo o distanciamento
de 1,5 metros a 2 metros.
É mais seguro fazer
quarentena antes da festa?
Sim, ficar em isolamento
completo 14 dias antes da reunião pode ajudar. Entretanto, é preciso lembrar
que o período de incubação do coronavírus, ou seja, o tempo para que os
primeiros sintomas apareçam, pode ser de 2 a 14 dias. Por isso, a pessoa, após
os 14 dias em casa, pode estar infectada e assintomática.
A orientação, portanto,
segue a mesma para as confraternizações: fazer distanciamento, usar a máscara e
higienizar as mãos.
Se todo mundo fizer o
teste antes, o ambiente fica mais seguro?
Essa é uma resposta
difícil já que não há garantia de que, ao realizar os testes (RT-PCR e
sorologia), a pessoa estará 100% "livre" do vírus, segundo os
infectologistas entrevistados.
RT-PCR: considerado
padrão-ouro para o diagnóstico de Covid-19, o teste mostra se o paciente tem
material genético da doença. Entretanto, existe um tempo ideal de coleta, que é
na primeira semana do surgimento dos sintomas. Os problemas seriam:
• A pessoa pode fazer o
exame hoje e, enquanto espera o resultado, ela é infectada. O teste vai mostrar
um resultado negativo e fazer com que ela se encontre com mais pessoas;
• Como o teste é mais
indicado para pessoas com sintomas, o PCR pode não detectar Covid-19 em pessoas
assintomáticas, por exemplo --causando uma falsa sensação de segurança.
Sorologia: pela
amostra de sangue, o exame mostra apenas se a pessoa já teve contato prévio com
o coronavírus. É mais indicado que seja feito sete ou 10 dias após os primeiros
sintomas. Os pontos de atenção:
O teste não é indicado
para diagnosticar a doença e pode apresentar um resultado falso negativo
dependendo do dia da coleta (produção de anticorpos ainda baixa e não
suficiente para ser encontrada).
Já tive Covid-19, meus
riscos são menores?
Ter tido diagnóstico de
Covid-19 anteriormente não é garantia que a pessoa não irá se infectar
novamente, segundo os infectologistas. "Já temos visto muitos casos e
provas de reinfecção por Covid-19. Ter sorologia positiva [anticorpos do
coronavírus no organismo] não isenta a pessoa de ter uma segunda infecção",
explica Andrea Mansinho, infectopediatra da BP.
Uma pessoa com sintomas
pode participar da festa?
Não. Qualquer pessoa que
apresentar os sintomas, inclusive os mais leves (febre baixa, coriza, tosse e
dor de garganta), não poderá participar da reunião. Ela deve ficar em
isolamento social e evitar qualquer aglomeração.
Quais os cuidados com
idosos e pessoas do grupo de risco?
As pessoas do grupo de
risco, incluindo os idosos, são as que necessitam de maior cuidado. Este grupo
deve ficar com maior distanciamento do restante. É preferível escolher dois
responsáveis, que façam parte do convívio diário da pessoa, para fazer esse
contato e, logicamente, usando máscara.
É mais seguro separar as
crianças dos idosos?
Os especialistas
explicam que uma criança pode transmitir Covid-19 da mesma forma que um adulto.
O ponto de atenção é que as crianças costumam apresentar poucos sintomas, se
infectados pelo coronavírus, e têm mais dificuldades em respeitar as regras
(distanciamento, higienização das mãos e uso da máscara).
Mas a ideia é
orientá-las, explicando a situação e fazendo um treinamento antes de sair.
Reforçando, por exemplo, para que elas evitem abraçar a avó ou o avô, ou
qualquer outra pessoa que esteja no grupo de risco.
Podemos beijar e abraçar
as pessoas? Quais os riscos?
Não é indicado, por mais
que as pessoas gostem de demonstrar afeto nesta época do ano. Caso os beijos e
abraços sejam trocados com familiares que fazem parte do convívio diário, os
riscos são menores. O ideal é evitar os atos com pessoas "de fora" do
convívio.
É melhor evitar o som
alto?
Sim. Isso porque, em
ambientes com som alto, as pessoas tendem a falar mais alto e,
consequentemente, soltar mais gotículas de saliva no ar. Se ela estiver
infectada, as chances de transmissão são mais altas.
É mais seguro fazer o
encontro em um restaurante ou na casa de alguém?
Na casa de alguém.
Ambientes externos, como os restaurantes, contam com a presença de mais pessoas
(outras famílias e funcionários), que podem estar infectadas e não sabem, por
exemplo. O ideal é realizar a confraternização na casa de alguma pessoa do seu
círculo social.
Em qual ambiente da casa
é mais seguro?
Em um local com maior
circulação do ar, de preferência com todas as janelas abertas. Caso o local
tenha um quintal ou varanda, melhor ainda.
É melhor evitar consumir
bebida alcoólica na reunião?
Sim, mesmo sabendo que
será uma "regra" difícil de ser obedecida. Quando as pessoas bebem
mais álcool, a tendência é relaxar nos cuidados e, com isso, aumentar as
chances de contrair Covid-19 caso o local esteja infectado.
Além disso, a pessoa que
está bebendo acaba mexendo mais na máscara para retirá-la da região da boca — o
que pode aumentar o risco de contágio. Se a pessoa tira a máscara de forma
inadequada, ela pode se contaminar com o vírus ao encostar a mão na boca, por
exemplo.
A festa deve ter a
duração menor do que o normal?
Sim. A orientação é que
as confraternizações tenham o tempo encurtado e isso pode variar de acordo com
cada família ou grupo de amigos. Quanto menor o tempo, menor a chance de
contaminação caso alguém esteja com Covid-19. Se todos estiverem usando
máscara, com distanciamento, higienizando as mãos, em um espaço grande e
arejado, é possível estender o tempo.
Quais os cuidados com a
comida da ceia?
Nessas
confraternizações, é normal que as famílias organizem a tradicional ceia,
principalmente no Natal. Um ponto muito importante é evitar comidas que sirvam
como petisco, que, normalmente, as mãos são utilizadas diretamente, como em um
churrasco. Por isso, o mais indicado é sempre usar talheres para se servir.
Além disso, é essencial
que o responsável pela comida faça a higienização completa das mãos, de
preferência com água e sabão. Outras dicas para esse momento são:
• Deixar as comidas da
mesa cobertas;
• Evitar aglomerações
perto da mesa;
• Se estiver perto, use
máscara;
• Quando for se servir,
também esteja de máscara e com as mãos higienizadas.
Quais cuidados deve-se
ter com os talheres?
O ideal é que cada
pessoa utilize seus próprios talheres (garfo e faca) e, caso use um pegador de
salada, por exemplo, que seja higienizado na sequência. Também é importante que
as pessoas lavem as mãos antes de se servir.
Na hora da refeição,
idosos comem separados dos adultos e crianças?
Os especialistas
explicam que o indicado é criar horários para os idosos e as pessoas do grupo
de risco, em geral, comerem e, depois, os adultos e as crianças. Além disso, o
mais seguro é que cada um coma em um local separado, se possível, respeitando o
distanciamento.
Está liberado brindar?
É melhor evitar porque
ao brindar, a tendência é falar mais alto, espalhando mais gotículas de saliva,
e ficar mais próximo de outras pessoas. Caso estejam sem a máscara, a situação
fica mais arriscada.
Como organizar a troca
de presentes?
Os infectologistas
explicam que, por mais raro que seja a infecção de Covid-19 pelas superfícies,
existem algumas práticas que podem ajudar no momento da troca de presente —
normalmente que envolvem mais abraços e beijos (evite e use máscara).
Uma sugestão é escolher
apenas uma pessoa para fazer a distribuição: ela deve lavar as mãos antes de
entregar os presentes. Outra dica é passar álcool nos presentes antes da
distribuição.
Quero viajar: quais são
os cuidados?
O mais indicado é
escolher locais vazios e de pouca aglomeração. Além disso, é melhor optar por
viagens de carro e de curta distância. "Se a viagem for mais longa, leve
um lanche para não ter que parar em um restaurante na estrada", sugere
Ayub.
Os riscos em aviões e
ônibus são mais altos, porque são ambientes fechados e que, dificilmente,
respeitam o distanciamento físico. Também possuem ar-condicionado, o que faz
com que pessoas com rinite, por exemplo, comecem a espirrar ou tossir, deixando
o ar possivelmente mais contaminado. Para se proteger, é necessário o uso de
máscara o tempo todo e higienização das mãos.
Fonte: Viva
Bem/UOL
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