"A vacina é a luz no fim do túnel como todo mundo queria", diz Cintia Bailey, cearense de 39 anos que vive há 12 anos na cidade de Dartford, na Inglaterra. A vacinação contra a Covid-19 teve início no Reino Unido na terça-feira (8), com a aplicação do imunizante produzido pela farmacêutica Pfizer e a empresa de biotecnologia BioNTech.
O país foi o primeiro a ter aplicação em massa de vacina aprovada em
todas as fases de testagem. O imunizante aplicado no país é o mesmo negociado
pelo Ministério da Saúde para aplicação em massa no Brasil. (Leia mais sobre a
negociação abaixo.)
Durante a pandemia, Cintia Bailey atuou presencialmente como assessora
do National Health Service (NHS), sistema público de saúde do Reino Unido, em
unidade hospitalar da região.
"Ainda tem muita preocupação, porque a infecção não acabou. Nosso
hospital está cheio de gente com Covid-19, mas há a vacina", afirma.
'Ano diferente'
A cearense e jornalista Lívia Barreira, de 36 anos, suspendeu as saídas
com amigos, confraternizações no jardim e a prática de natação por conta da
pandemia. Vivendo na cidade de Sheffield há mais de 5 anos com o marido Dean
Rhodes, ela vê a chegada da vacina como retomada da esperança.
"Espero que a vacina traga pelo menos essa novidade, da
possibilidade de as pessoas poderem ter uma vacina, para que o próximo ano seja
um ano diferente, mais alegre, com encontros e reencontros com as
pessoas", compartilha.
Após ser imunizada, Lívia diz que vai organizar um reencontro nos
jardins de casa, com "50 pessoas" e sem distanciamento social.
"Conversando com amigos, com pessoas que a gente convive aqui, eu vejo as
pessoas na maioria bastante otimistas, querendo também receber a carta em
casa", diz, fazendo referência ao documento oficial que o sistema de saúde
convocando para vacinação.
"Já melhora muito os ânimos das pessoas, já se sente um pouco mais
feliz, animado, para entrar no próximo ano", acrescenta Lívia.
Esperança de chegar ao Brasil
Para a cearense Thais Lima, assistente executiva e guia de turismo,
moradora de Londres desde 2005, o clima é de comemoração. Ela é casada com um
cearense e tem duas filhas que nasceram na Inglaterra. No período de isolamento
rígido, conta ela, a família passou meses sem ir ao supermercado, realizando
compras somente online.
"Em novembro ficamos sabendo do início da campanha de vacinação.
Estou em um misto de orgulho e alívio. Tenho críticas à forma que o governo
britânico reagiu à pandemia, mas admito que saber que somos o primeiro país a
começar a vacinação, é motivo de orgulho", ressalta.
Thais também não tem data certa para ser imunizada, mas tão logo isso
ocorra, os planos iniciais são de abraçar os amigos. Posteriormente, a vacina
abre caminho para o reencontro com as famílias no Ceará.
"Estou muito esperançosa para que essa notícia chegue o quanto antes no Brasil e a gente possa virar essa página de 2020, dessa pandemia. Espero que a vacina traga resultados bastante positivos para todos nós."
Eficácia de 95% e negociações no
Brasil
A vacina Pfizer/BioNTech apresentou eficácia de 95% na prevenção à Covid
-19, segundo estudos da fase 3 dos testes do imunizante. Os resultados foram
apresentados em novembro. Não houve efeitos colaterais graves nos voluntários.
A vacina da Pfizer/BioNTec é uma das quatro que estão sendo testadas no
Brasil, que ainda não fez acordo para adquirir o imunizante. Nesta
segunda-feira (7), o Ministério da Saúde informou que deve assinar nesta semana
a intenção de compra de 70 milhões de doses da vacina produzida pelas empresas
norte-americana e alemã.
Por Beatriz Rabelo, G1
CE
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