O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) proibiu ontem (4) a realização de atos de campanha presenciais em todo o Estado. A dez dias das eleições, a determinação deve ter impacto nas estratégias dos candidatos que disputam a Prefeitura de Fortaleza.
A segunda pesquisa Ibope na Capital mostra um cenário de indefinição
entre os eleitores fortalezenses, desde quem ainda está indeciso até aqueles
que admitem que podem mudar de voto até a data da votação, no dia 15 de
novembro.
Desde o início da campanha eleitoral, no dia 27 de setembro, o Sistema
Verdes Mares tem chamado atenção para os diversos registros de aglomerações
durante a campanha eleitoral – principalmente em cidades do interior do Ceará.
O Ministério Público Eleitoral também advertiu partidos políticos,
coligações e candidatos sobre os riscos de promover eventos com grande
quantidade de pessoas.
Em alguns municípios cearenses, foram efetivados acordos para a
suspensão de atos com aglomerações de pessoas.
Contudo, apesar das medidas adotadas, o descumprimento às regras
sanitárias continuou sendo regra em várias cidades do Estado.
A Corte assumiu a dianteira da ofensiva contra o descumprimento das
regras sanitárias em todo o Estado e ampliou a suspensão, até então pontual, de
atos eleitorais para todos os municípios cearenses.
O Tribunal se antecipou ao ato de aglomeração em si e, ao contrário de
medidas anteriores, proibiu eventos que possam vir a reunir um número de
pessoas maior do que o recomendado pelas autoridades sanitárias.
De acordo com a resolução, estão proibidos: comícios, bandeiraços,
passeatas, caminhadas, carreatas e similares, ainda que no formato drive-thru
ou drive-in, em espaços abertos ou semiabertos.
Punição
O magistrado poderá exercer seu poder de polícia e adotar providências
necessárias para coibir atos de campanha que violem a decisão do TRE-CE,
fazendo uso, caso seja necessário, do auxílio da força policial.
Além disso, o juiz também pode determinar à autoridade policial a
abertura de procedimento criminal próprio para investigar a ocorrência do crime
previsto no art. 347 do Código Eleitoral e encaminha ao Ministério Público
Eleitoral as provas que coletar da prática de ato de propaganda irregular,
abuso de poder e/ou crime eleitoral.
Estratégias
A determinação do Tribunal impacta diretamente nas estratégias nessa
reta final da campanha eleitoral e em um cenário de indecisão por parte dos
eleitores, principalmente em Fortaleza.
Após mais de um mês de campanha nas ruas, caiu pela metade a parcela dos
que pretendiam invalidar o voto ou que preferiam não apontar um candidato.
Contudo, apesar das escolhas, 55% dos eleitores ainda se dizem abertos a mudar
de opção. O resultado foi obtido pela segunda pesquisa Ibope.
A professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará, Monalisa
Torres ressalta que a determinação deve acrescentar mais uma dificuldade na
reta final.
“Vai ficar mais complicado porque as campanhas de rua estavam se
intensificando. Acredito que as campanhas virtuais possam ganhar mais
impulsionamento, assim como no rádio e na TV”, aponta.
À época, foram entrevistados 602 eleitores. Percentualmente, 12%
declararam voto branco ou nulo. Outros 7% afirmaram não saber ou preferiram não
responder. A margem de erro, neste caso, é de quatro pontos percentuais para
mais ou para menos.
De acordo com o consultor político Leurinbergue Lima, a mudança reflete
o acirramento da campanha. “As pessoas estão mais informadas sobre a campanha
pela televisão, pelo rádio e pela internet. Agora, está mais claro quem apoia
quem, quais as ideias de cada um, o que cada um fez de errado”, aponta.
“A quantidade de indecisos diminuiu bastante, então os candidatos são
conhecidos. Resta agora transformar em adesão de fato”, afirma a professor
Monalisa Torres.
Para Lima, a mais recente pesquisa Ibope retratou a migração dos votos
nas últimas semanas, já que Sarto Nogueira (PDT) cresceu 13 pontos percentuais,
valor acima da margem de erro, enquanto os outros oscilaram, sem crescimentos
nem quedas. Sarto, que soma 29% das intenções de votos, divide a liderança da
disputa com Capitão Wagner (Pros), com 27%, e Luizianne Lins (PT), com
24%.
Segundo Monalisa Torres agora ganha destaque na cabeça do eleitor o
chamado “voto útil”.
“Nesse ‘voto útil’, a rejeição é um elemento importante a ser
considerado. O eleitor analisa, dentre as opções que ficaram, quais seriam mais
interessantes para o momento. E a rejeição aí dá um indicativo dos candidatos
com maior competitividade”, disse.
Foto: Reprodução
Fonte: Diário do Nordeste
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