Pesquisa do Instituto DataSenado divulgada nesta quarta-feira (12) aponta que, na percepção de 63% dos pais ou responsáveis ouvidos, a qualidade do ensino entre os alunos que tiveram aulas remotas, diminuiu. Para 22%, a qualidade das aulas permaneceu igual e apenas 8% indicam que houve melhora no ensino com a mudança de formato. Pelo levantamento, 75% dos pais que tiveram filhos em aulas remotas nos últimos 30 dias preferem que as aulas voltem a ser presenciais quando a pandemia acabar.
Divulgação/MCTIC.
O levantamento, apresentado hoje
para especialistas em educação de várias entidades, realizado por telefone
entre os dias 24 e 28 de julho com 2,4 mil brasileiros, revela ainda que entre
os pais com filhos matriculados em instituições públicas, 40% disseram que as
aulas foram majoritariamente suspensas nos últimos 30 dias. No caso de
matriculados em instituições privadas, o mesmo ocorreu com 18% dos ouvidos.
Acesso à Internet
A diferença de acesso à Internet
entre rede pública e privada é outro dado da pesquisa. Nos lares com estudantes
em aulas remotas na rede pública, 26% não possuem internet. Na rede privada, o
percentual cai para 4%.Também segundo os resultados, o celular (64%) é meio
mais utilizado para acessar aulas e material de estudo. O computador vem na
segunda posição, utilizado por 24% dos alunos ouvidos.
“A tecnologia é algo fundamental
no novo normal da educação e os que não a possuem são prejudicados, o que nos
leva a inferir da necessidade urgente de políticas públicas que minimizem a desigualdade
social que assola o Brasil e atinge horizontalmente o ensino”, ressaltou o
senador Flávio Arns (Rede-PR), que é o relator do Novo Fundeb [Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação] no Senado.
Para a professora Izabel Pessoa,
que nos próximos dias assumirá a Secretaria de Educação Básica do Ministério da
Educação, o ensino híbrido precisa ser levado mais a sério no Brasil. “Não se
trata de escolher modalidade presencial ou à distância. A educação híbrida é
uma realidade e não prescinde da educação presencial”, observou. Ela lembrou
que o impacto com a suspensão das aulas é um desafio mundial. “ Isso vai ajudar
a gente a se abrir. Há um preconceito com Educação à distância. Temos que compreender
como a educação mediada pelas tecnologias pode ajudar a educação no Brasil.
Vamos ter que encontrar as resposta juntos”, avaliou.
Um outro dado que a pesquisa traz
é em relação aos alunos do ensino infantil, fundamental e médio que tiveram
aulas remotas nos últimos 30 dias, sete em cada dez pais relataram que o filho
recebeu as atividades da escola por meio online e outros 20% buscaram o
material na escola, o que comprova o abismo educacional daqueles que não
possuem acesso à internet.
Fundeb
No dia 20 de agosto, o Senado
votará a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 26/2020), que torna permanente
o Fundeb e amplia gradativamente a participação da União para 23%. Para entrar
em vigor, a PEC precisa ser aprovada em dois turnos de votação e alcançar, em
cada um deles, pelo menos, 49 votos favoráveis. O relatório do senador Flávio
Arns mantém o mesmo texto já aprovado pelos deputados no mês passado.
Durante a apresentação da
pesquisa, Arns destacou a importância do Fundeb para a valorização dos professores
e para estimular que novos educadores ingressarem na carreira, já que mais da
metade dos recursos vão para pagamento desses profissionais. O parlamentar
exemplificou como uma das alternativas para melhorar a conectividade dos
alunos, a aprovação da proposta do senador Confúcio Moura (MDB-RO) que trata da
aplicação dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (Fust) para ensino a distância. De acordo com o projeto (PL
2.599/2020), que aguarda análise do plenário do Senado, o dinheiro será
destinado para a educação básica pública durante a emergência de saúde
provocada pela covid-19 e poderá ser usado na aquisição de computadores e
serviços de acesso à internet, entre outras finalidades.
Na avaliação da representante do
Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, por causa das novas necessidades
impostas pela pandemia e do agravamento da crise na educação pela queda no
orçamento de estados e municípios, o Fundeb é importante, mas não supre todas
as necessidades da escola. Para Priscila Cruz, além de do Fundo, Executivo e
Legislativo devem se dedicar à aprovação de um fundo emergencial específico
para Educação para socorrer governadores e prefeitos.
( com informação da Agência Brasil )
0 Comentários