O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) admitiu que seu ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz fez pagamentos em dinheiro vivo em seu nome. De acordo com o senador, os valores investigados como “rachadinha” pelo Ministério Público do Rio de Janeiro nada mais são do que pagamentos de contas suas, feitos por Queiroz, a mando dele e com dinheiro dele. Flávio negou qualquer ato ilícito. A declaração foi feita em entrevista ao jornal O Globo.
"Pode ser que, por ventura eu tenha mandado, sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Eu pego dinheiro meu, dou para ele, ele vai ao banco e paga para mim", disse.
Flávio Bolsonaro (Agência Senado).
O filho do presidente da República, Jair
Bolsonaro, foi questionado sobre o pagamento de despesas pessoais suas por
Queiroz, como plano de saúde e mensalidades escolares das filhas.
“Pode ser que, por ventura eu tenha mandado,
sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Eu pego dinheiro meu, dou para ele, ele
vai ao banco e paga para mim. Querer vincular isso a alguma espécie de esquema
que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar
a conta de um patrão no banco. Não posso mandar ninguém pagar uma conta para
mim no banco?”, disse Flávio.
O senador afirmou ainda que valores apontados
pelo Ministério Público – como os R$ 120 mil pagos em dinheiro vivo por Queiroz
apenas para o plano de saúde de suas filhas – são um montante acumulado ao
longo dos anos, com valor mensal irrisório. Flávio disse também que a origem do
seu patrimônio é toda lícita.
Quanto aos repasses de parte do salário de
outros funcionários de seu gabinete para Queiroz, o filho do presidente disse
que o ex-assessor já prestou depoimento ao Ministério Público, apontando que o
dinheiro era de funcionários da “equipe de rua” e que o valor era reinvestido
na contratação de outras pessoas para trabalhar em redutos políticos. “Sempre
fui bem votado nesses locais. Talvez tenha sido um pouco relaxado de não olhar
isso mais de perto, deixei muito a cargo dele. Mas é obvio que, se soubesse que
ele fazia isso, jamais concordaria.”
Queiroz foi preso no dia 18 de junho, em Atibaia
(SP), na casa do então advogado do senador, Frederick Wassef. Na entrevista,
Flávio voltou a negar que soubesse que o ex-assessor era abrigado por Wassef.
Queiroz está em prisão domiciliar no Rio.
Boleto
pago por PM
Questionado sobre o pagamento, pelo policial
militar Diego Sodré de Castro Ambrósio, de um boleto de um apartamento comprado
por sua mulher, Flávio disse que estava no churrasco de comemoração de sua
eleição e não tinha o aplicativo do banco no celular. “Para eu não sair do
evento e ir ao banco pagar, porque eu não tinha aplicativo no telefone, ele
falou: ‘Deixa que eu pago aqui para você e depois você me dá o dinheiro’. Foi o
que aconteceu.”
Em vídeo divulgado em dezembro, o senador havia
falado do assunto, sem citar o churrasco: “Em uma única ocasião na minha vida,
se eu não me engano, foi porque o banco já tinha fechado e eu não tinha o
aplicativo no telefone na época. Pedi para ele pagar uma conta para mim, que
era um boleto de uma parcela do apartamento que eu estava pagando. Ele pagou e
depois eu reembolsei. Qual o problema nisso?”
Críticas
à Lava Jato e defesa de Aras
Flávio também falou sobre a disputa recente
entre o procurador-geral da República, Augusto Aras, e os procuradores da Operação
Lava Jato. O senador defendeu a postura de Aras no combate à corrupção e fez
críticas à operação.
“Embora não ache que a Lava Jato seja esse corpo
homogêneo, considero que pontualmente algumas pessoas ali têm interesse
político ou financeiro”, disse. “Pelo que acompanho, há suspeitas de que
pessoas com foro por prerrogativa de função estavam sendo investigados por
procuradores de 1ª instância, inclusive alterando os nomes dos investigados
para não ficar claro que se tratava de um senador ou de um deputado”.
Fonte:
Estadão
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