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Juazeiro do Norte completa 109 anos; há motivos para comemorar?

O último adeus dos romeiros à Juazeiro foi em Candeias, no dia 2 de fevereiro de 2020. Mesmo sem saber, aqueles 85 mil fieis não poderiam mais voltar na cidade este ano. Hoje, dia 22 de julho, a Capital da Fé comemora 109 anos de um modo diferente: é a primeira vez que o Padre Cícero permanece sozinho na Colina do Horto.

Imagem aérea de Juazeiro do Norte (Foto: Normando Sóracles)

Nunca se imaginou Juazeiro sem romeiro. Os chapéus de palha na rua São Pedro, o aperto, o trânsito, a cidade pujante são marcas da fé do nordestino. Pela primeira vez em meio século, os portões do Horto foram fechados, o vírus que primeiro assolou a China, depois Itália, Estados Unidos e agora o Brasil, também barrou os peregrinos na colina, interrompendo um ritual sagrado.

Sem visita

Em março foi a primeira dose de realidade: com uma morte registrada e poucos casos confirmados da doença, fechou-se templos e os padres  rezaram sozinhos. Sem romeiros no dia 24 de março – nascimento do padroeiro -, bandeiras dos estados nordestinos cobriram os bancos do Socorro.

Em abril, a tradicional subida na Rua do Horto também não aconteceu. Parecia que a cidade estaria imune aos males que o vírus vinha causando ao redor do mundo. Dali dois meses, o Cariri não ficou fora das estatísticas e hoje é a região que mais preocupa. Não é hora de achar culpados, apesar de haver parcelas de culpa.

Cidade dos Cíceros

Mais de um século de emancipação. Juazeiro segue sendo uma cidade querida, visitada, uma verdadeira Terra Prometida de um homem visionário. Em nome de Cícero Romão estão rua, praça, lojas, cartórios e pessoas. O padre que fundou a cidade inspirou batismo ao longo das décadas, e hoje há na cidade outros 9 mil Cíceros e 5 mil Cíceras. Homens e mulheres que carregam o nome e o legado do santo popular.

Aos 109 anos, Juazeiro ainda é jovem. Vê no seu dom cosmopolita a chance de se reinventar e acolher quem vem de fora. Com 274 mil habitantes, a 100ª maior cidade do país é católica, evangélica, espírita, do candomblé e umbanda. Cabe no Juazeiro do padre também o Juazeiro do pastor, do guia e pai de santo.

Beata

Como tudo que começa, o jovem município carece de cuidados, de gente bem intencionada e que respeite a história do lugar. Para isso, é preciso também lembrar de outra figura, essa crucial para a liderança de Romão Batista. Beata Maria de Araújo, cuja saliva se virou em sangue no Milagre da Hóstia. Seu nome pouco lembrado também deve se tornar praça, ruas, lojas e ganhar estátuas.

Viva, então, a beata, o Juazeiro, o padre e o povo juazeirense.

Felipe Azevedo-MISÉRIA

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