No dia 5 de junho, a Anvisa autorizou no Brasil o início da fase de testes da vacina contra a covid-19 pela Universidade de Oxford. A partir do início de julho, 2 mil pessoas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro entre 18 a 55 anos participarão do experimento.
De acordo com os pesquisadores brasileiro Eneida Parizotto Lee e Wen Hwa
Lee, da Universidade de Oxford e Margareth Dalcomo, epidemiologista da Fiocruz,
embora o estudo com a vacina tenha dado início à sua terceira fase, com os
primeiros resultados previstos para setembro, ainda não é possível prever
quando a imunização ficará disponível em larga escala ou se não será necessária
a reaplicação da dose.
“Tudo vai depender dos resultados, da capacidade de acordos e
transferência de tecnologia”, explica Dalcomo. “Nós temos duas instituições que
têm condições de fazer essa transferência: O Instituto Butantã, em São Paulo, e
a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. Por ora, essa negociação está fora da nossa
governabilidade acadêmica.”
Por que “vacina de Oxford” é
considerada, no momento, a mais promissora?
No momento, existem pesquisas com
mais de cem vacinas em desenvolvimento. Na corrida contra o coronavírus, a
imunização desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a
AstraZeneca sai na frente porque, em 2012, parte de estudos já tinham sido
realizados para a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grade) e a Mers (Síndrome
Respiratória do Oriente Médio), também causadas por coronavírus.
“A vacina desenvolvida pela Oxford usa fragmentos de proteínas
diretamente injetados no corpo. Eles contêm uma estrutura externa, mas não
interna do vírus”, explica Eneida Parizotto Lee. “É um problema de resposta
rápida, baseada em um adenovírus que causa o resfriado comum”.
Oficialmente chamada de ChAdOx1 nCov-19, o nome da vacina só pode ser
entendido se dividido em três partes: Ch, referência aos chimpanzés, que foram
os primeiros animais receberem testes das substâncias, Ad, de adenovírus, vetor
viral que ataca o coronavírus e finalmente Ox, homenagem à Universidade de
Oxford.
Como serão os testes e quem pode
participar?
O estudo em torno da vacina de
Oxford já passou pela primeira e segunda fase, nas quais foram testadas a
segurança e eficácia da vacina em animais. Agora, na terceira etapa, a ideia é
comprovar sua efetividade em humanos e investigar os efeitos colaterias e o
tempo de imunização. Por ora, sabe-se que a vacina deve impedir formas mais
graves da doença, responsáveis pela Síndrome Respiratória Aguda.
Nos Estados Unidos, os testes serão realizados em 30 mil pessoas, no
Reino Unido, em 10 mil e no Brasil, atual epicentro da pandemia, 2 mil pessoas.
Segundo os pesquisadores, os critérios de seleção para os testes ainda não
foram divulgados, mas o grupo prioritário será composto por profissionais da
área da saúde que ainda não tenham sido infectados.
Quando surgirão as primeiras
respostas?
De acordo com Eneida Parizotto Lee
e Wen Hwa Lee, da Universidade de Oxford, os resultados dos primeiros ensaios
devem aparecer conforme o grupo testado for naturalmente exposto ao vírus.
Metade deve receber a vacina, a outra metade um placebo. Os primeiros
resultados concretos só serão considerados quando os pesquisadores tiverem um
número mínimo de casos da covid-19 entre o grupo imunizado.
Acordos e regulamentações
Segundo a epidemiologista Margarth
Dalcomo, a produção da vacina em larga escala no país vai depender de acordos
de transferência de tecnologia. Os Estados Unidos e Reino Unido já fecharam um
acordo com a AztraZeneca. Já o Instituto Serum deve produzir 1 bilhão de doses
para a Índia, que deve distribuir entre países de baixa renda.
“No governo do Reino Unido, o que sabemos é que, se tudo der certo, a
primeira leva de vacina para população vulnerável estará disponível até o fim
do ano”, prevê o pesquisador brasileiro Wen Hwa Lee.
A Unicamp (Universidade Federal de Campinas) divulgou, nesta semana, os
custos de equipamentos e insumos para tratar pacientes com covid-19. A área da
saúde da universidade presta assistência exclusivamente pelo SUS a uma
população de mais de 6,5 milhões habitantes. Segundo Manoel Bértolo, diretor
executivo de Saúde da faculdade, existe uma dificuldade muito grande de
combater a pandemia. “Nós estamos enfrentando uma verdadeira guerra. Isso é uma
luta contínua e de todos.”
Foto: Leonhard Foeger/Reuters?
Fonte: Portal R7
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