O ministro da Saúde,
Nelson Teich, disse nesta quarta-feira (29) que não é possível saber quando
será o pico de casos do novo coronavírus no país e que a possibilidade de uma
segunda onda da pandemia é real.
Morte por covid-19 em Belém. | Wagner Santana/Diário do Pará |
Segundo Teich, a
falta de informações precisas sobre o coronavírus faz com que não seja possível
excluir a possibilidade de uma "nova onda" mesmo após eventual queda
de casos no país.
"Essa falta de
informação impede de entender melhor o futuro. Se a imunidade vem com 60%, 70%,
80%, até aí os números não são precisos, é muito longe. O que deixa em alerta
para a possibilidade de segunda onda, que é real", disse.
Teich citou ainda que
não é possível saber, por exemplo, se pessoas já infectadas poderiam ter
novamente a doença.
"Outro dado
importante é que já existem relatos isolados de pessoas que tiveram a doença
duas vezes. O que não garante nem que você ter o anticorpo seja correto",
afirmou.
O ministro criticou
projeções que, segundo ele, trazem "números exagerados". Ele citou
estudos como do Imperial College, por exemplo.
"Você cria
números aterrorizantes e as pessoas se fixam naquilo. E acaba tomando decisões
com base no que não é real."
As declarações do
ministro ocorreram sessão virtual do Senado nesta quarta-feira.
Na sessão, feita por
videoconferência, Teich voltou a citar a intenção de aumentar a testagem da
população, mas frisou que não há como garantir a oferta para toda a população.
Ele também disse que
a pasta pretende fazer uma diretriz com parâmetros diferentes para isolamento
social conforme a região e diferentes populações do país –o que abriria espaço
para uma possível flexibilização.
Em seguida, no
entanto, afirmou que nenhuma decisão seria tomada em meio ao aumento de casos.
"Enquanto a
gente não tiver uma definição clara de como são as curvas e como vai ser uma
sequência de distanciamento, vamos manter o que está sendo feito até
hoje", disse.
Inicialmente, Teich
evitou responder sobre o tema, afirmando que "perguntar sobre ficar em
casa ou não é simples demais".
"Ficar em casa é
genérico demais. Ficar em casa vai ser a melhor opção para algumas pessoas, não
para todas. Vamos trabalhar isso de forma mais específica".
Criticado por
senadores, afirmou que o ministério nunca orientou uma saída do distanciamento
social.
Para Teich, ainda é
cedo para recomendar um retorno das atividades escolares, por exemplo.
"Em relação à
volta às escolas, a gente está desenhando uma estratégia que vai ser feita e
você vai ter critérios, mas, neste momento, não existe qualquer recomendação
também de volta às escolas."
Ele fez críticas a
uma "polarização política" sobre o isolamento social. "Preciso
ter a neutralidade de avaliar e não ter um pré-julgamento. A minha única
preocupação é com as pessoas. Não vou aceitar discutir isso
politicamente."
No encontro, Teich
definiu a epidemia como um "momento crítico" da história da saúde e
pediu "união de esforços" com senadores.
O ministro definiu
ainda a situação de abastecimento de alguns equipamentos, como respiradores,
como "crítica".
Segundo ele, uma
importação de 15 mil respiradores que estava prevista da China foi cancelada
após uma "suspeita" no processo após exigência de que o dinheiro
fosse enviado à Suíça.
Ele afirma que a
decisão pelo cancelamento ocorreu ainda na última gestão da pasta.
"É importante
colocar que, em relação à China, não foi uma posição ideológica. O problema com
a China foi o processo um pouco confuso, a gente ficar preocupado de ter que
depositar metade antes, num país como a Suíça. Aquilo que eu soube é que se
optou por não fazer essa opção", disse.
FOLHAPRESS
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