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Quinto ano de seca trará mais dificuldades hídricas ao Ceará

O Ceará deverá experimentar mesmo o quinto ano consecutivo de seca, conforme prognóstico divulgado, na manhã de ontem, pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Isso tem como base a probabilidade de 65% que a quadra chuvosa fique abaixo da média; 25% em torno da média; e apenas 10% acima da média.

O prognóstico, que é relativo aos três primeiros meses da quadra chuvosa (fevereiro, março e abril) de 2016, foi anunciado no auditório do Palácio Abolição, a exemplo do ano passado. Também parecidos com 2015 foram os percentuais de probabilidade, quando foram registrados 64%, 27% e 9%, respectivamente, para abaixo do média, na média e acima da média, o que acabou se confirmando.

Com os fortes indicadores de seca, o Ceará encontra-se ainda mais vulnerável do que no passado, conforme admitiu o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira, já que os reservatórios se encontram ainda mais esvaziados. Para piorar, não haverá a colaboração material do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), que garantiu não dispor de recursos e nem de materiais sequer para ações emergenciais, como perfuração de poços profundos.

Durante o evento, estiveram presentes, além do secretário Francisco Teixeira, o chefe de gabinete do governador Élcio Batista; o titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Dedé Teixeira; o diretor-geral do Dnocs, Walter Gomes; e o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, que abriu a reunião com o anúncio da quadra chuvosa. A expectativa para essa previsão climática foi potencializada devido, principalmente, aos ainda baixos níveis nos açudes, consequência de quatro anos consecutivos de chuvas abaixo da média.

El Niño
Antes, porém, Eduardo Martins explicou que as chuvas caídas nos últimos dias são próprias da pré-estação, sem que haja uma relação direta com a quadra. O gestor da Funceme, explicou que essas precipitações são consequência de Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS), somados à influência de elementos da Zona de Convergência Intertropical (CZIT).
O quanto essas chuvas impactaram na recarga dos açudes é um dado que somente será dado a conhecer em fevereiro próximo. Há possibilidade de mais precipitações, em todo o Estado, até a próxima sexta-feira, mas ele garantiu que o ano de 2016 será igualmente seco como foi 2015. Isso porque o fenômeno El Niño ainda atua fortemente sobre o Oceano Pacífico e sem perspectiva de que possa ser alterado até o fim da quadra chuvosa. O Oceano Atlântico, apesar de se mostrar favorável, é conectado à grande bacia do Pacífico e, portanto, persistem os indicadores negativos.

Segundo as informações da Funceme, as projeções das interações termodinâmicas entre oceanos e atmosfera é o que alimenta modelos numéricos globais, traduzindo, os cálculos em porcentagens de probabilidades para as categorias abaixo da média, em torno da média e acima da média, referindo-se ao acumulado de precipitações no trimestre analisado.

Diante disso, o secretário Francisco Teixeira manifestou sua preocupação com relação a 2016. Ele lembra que o fato de haver mais açudes secos também obrigou o poder público a tomar algumas medidas que não foram adotadas no começo de 2015. Uma dessas foi a sobretaxa, no sentido a educar o consumidor a fazer um uso mais racional da água.

Também lembrou que muitas medidas de construção de adutoras de engate rápido e de perfuração de poços são significativas para evitar que as cidades fiquem desabastecidas. Lembrou, aliás, que não houve, no ano passado, nenhum município que tenha entrado em colapso pela oferta hídrica. Ele disse estar esperançoso de que, ainda no segundo semestre, o Ceará venha a contar com as águas do Rio São Francisco, por meio do Projeto de Transposição: "Não é nenhuma panaceia, mas atenderá parte das demandas do Estado".

Dessalinização
Por fim, o chefe do gabinete do governador, Élcio Batista, fez um prólogo, relatando a prioridade que o governador Camilo Santana deu ao problema da seca, inclusive trazendo o anúncio dos prognósticos da Funceme para o Palácio do Abolição, pelo segundo ano consecutivo e o lançamento dos planos emergenciais e com a consciência de que neste ano se trabalhará com o pior dos cenários. Ao mesmo tempo, disse acreditar nas águas da Transposição do São Francisco e no empenho para grandes intervenções de dessalinização da água.

Somando as avaliações pessimistas e o entusiasmo expressados pelos representantes do governo estadual, o presidente da Associação dos Prefeitos e Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito José do Nascimento, disse que a situação preocupa neste ano muito mais do que em 2015. "Se não houve município que não entrou em colapso em 2015, não significa dizer que o mesmo vai acontecer em 2016, até porque, além de não haver recarga, os açudes estão secos", afirmou. Ele também falou da preocupação com relação ao Dnocs, diante da declaração do diretor-geral, Walter Gomes, de que não tem recursos para perfurar um poço sequer.

Na reunião, Walter Gomes se comprometeu em participar dos encontros semanais que acontecem no Corpo de Bombeiros Militar (CBM), em Fortaleza, reunindo o Comitê Integrado de Combate à Seca do Ceará, mas enfatizou que o órgão, mesmo se ocupando com outros Estados nordestinos, se ressente de recursos e equipamentos para as ações emergenciais.

Hora de Plantar
Enquanto isso, o titular da SDA, Dedé Teixeira, informou que o Programa Hora de Plantar, que distribui sementes para a agricultura de sequeiro, não sofrerá interrupção, tendo lançamento oficial ainda neste mês, na região do Cariri, onde a distribuição já começou. "Trata-se de uma cobrança dos agricultores, que já começaram a plantar aos sinais das primeiras chuvas", disse Dedé Teixeira.


Um novo prognóstico da quadra chuvosa de 2016 no Estado será divulgado na segunda quinzena de fevereiro, este apontando para os meses de março, abril e maio.

DN

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