O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse
na noite desta terça (24) que, se Jair Bolsonaro não se calar, "estará
preparando o fim". "E é melhor o dele que de todo o povo",
afirmou.
O ex-presidente não se calou diante do exposto por Bolsonaro | Tânia Rêgo/ Agência Brasil |
A reação do tucano
foi em relação ao pronunciamento do presidente da República sobre a crise do
coronavírus.
"Eu não ia
voltar ao tema, mas o Pr repetiu opiniões desastradas sobre a pandemia. O
momento é grave, não cabe politizar, mas opor-se aos infectologistas passa dos
limites. Se não calar estará preparando o fim. E é melhor o dele que de todo o
povo. Melhor é que se emende e cale", afirmou FHC.
Em seu terceiro
pronunciamento em rádio e televisão sobre a crise do novo coronavírus,
Bolsonaro criticou nesta terça o fechamento de escolas e comércio para combater
a epidemia, atacou governadores e culpou a imprensa pelo que considera clima de
histeria instalado no país.
O presidente afirmou
que desde o início da crise o governo se preocupou em conter o "pânico e a
histeria" e voltou a minimizar a gravidade da Covid-19 ao compará-la a uma
"gripezinha" ou "resfriadinho".
Parlamentares
reagiram com perplexidade ao pronunciamento de Bolsonaro, que havia ensaiado
uma mudança de tom nos últimos dias, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), disse que "o país precisa de uma liderança séria, responsável e
comprometida com a vida e a saúde da sua população".
Em seu
pronunciamento, Bolsonaro disse que "grande parte dos meios de comunicação
foram na contramão" do governo e "espalharam a sensação de pavor,
tendo como carro-chefe o grande número de vítimas na Itália".
Bolsonaro argumentou
que o país europeu tem características distintas das do Brasil, e que o cenário
foi "potencializado pela mídia para que histeria se espalhasse".
O presidente disse
também que "nossa vida tem que continuar" e os empregos precisam
"ser mantidos". "O sustento das famílias deve ser preservado.
Devemos, sim, voltar à normalidade", afirmou.
As declarações de
Bolsonaro ocorrem em meio a ações de governos estaduais para restringir a
movimentação de pessoas, sob o argumento de que a redução de contato social é
necessária para conter a transmissão do vírus.
O presidente atacou
governadores e disse que eles precisam "abandonar o conceito de terra
arrasada", com a proibição de transporte, o fechamento de comércio e o que
chamou de confinamento em massa.
"O que se passa
no mundo mostra que o grupo de risco é de pessoas acima de 60 anos. Então, por
que fechar escolas?", questionou o presidente em seu pronunciamento.
"Raros são os casos fatais, de pessoas sãs, com menos de 40 anos de
idade."
Todos os estados,
além do DF, decidiram suspender as aulas da rede estadual para evitar a
disseminação da doença. A defesa da reabertura de escolas vai na contramão do
que tem sido feito nas últimas semanas em dezenas de países que enfrentam a
pandemia. Até esta quarta, a doença já matou mais de 16 mil pessoas.
Durante a
transmissão, Bolsonaro foi alvo pelo oitavo dia seguido de panelaços em grandes
cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
FOLHAPRESS
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