Nesta sexta-feira (29), o 13º salário entrou na conta de cerca de 92,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada, inclusive empregados domésticos, aposentados e pensionistas da Previdência Social da União, estados e municípios. A estimativa é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O 13º salário entrou na conta de cerca de 92,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Veja as melhores formas de aproveitar o pagamento extra.
O 13º salário já está na conta do trabalhador | Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
Em média, o pagamento extra será
de R$ 3.096,78, o que resultará em um acréscimo de R$ 321,4 bilhões na economia
brasileira, equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os
bens e serviços produzidos no país.
A supervisora técnica do Dieese,
Mariel Angeli Lopes, disse à Agência Brasil que o impacto da gratificação
natalina é muito importante no desenvolvimento econômico, sobretudo no fim do
ano. “Aumenta a demanda por produtos e serviços em todo o país. Os setores de
comércio, bares, restaurantes, hotelaria e turismo têm grande aumento de
demanda, provocado pelo pagamento do 13º salário.”
Se é bom para a economia, a
economista diz que também pode ser uma oportunidade de a pessoa que recebe os
recursos organizar suas finanças, investir ou montar uma reserva de emergência.
“A utilização dos recursos do 13º salário depende um pouco de quais são as
necessidades das pessoas que vão receber e de como que está nessa situação
financeira atual.”
Pelo Conselho Federal de Economia
(CFE), a conselheira Ana Cláudia Arruda também entende que dinheiro extra é
muito bem-vindo, especialmente quando as pessoas não conseguiram montar sua
reserva de emergência durante todo o ano. “É um dinheiro que pode garantir uma
saúde financeira para o início do ano.”
“Primeiro, recomendamos listar as
necessidades e as prioridades. Em geral, as pessoas não colocam no papel os
gastos e as prioridades desses gastos. É preciso fazer uma lista pensando no
que precisa ser comprado agora e no que pode ficar para depois, não deixando de
incluir a quitação de dívidas antigas, que é de fundamental importância, tendo
em vista os juros”, afirma Ana Cláudia.
Como usar o 13º salário
A Agência Brasil separou dez
dicas financeiras de como usar o 13º salário, com planejamento. As sugestões
vão de dívidas passadas a novas compras e investimentos para o futuro.
Quitação de dívidas
Os devedores devem priorizar as
maiores dívidas, com juros mais altos, sobretudo contas atrasadas, como as de
cartão de crédito, crediário e cheque especial.
A conselheira Ana Cláudia Arruda
observa que o endividamento também pode ter impactos psicológicos. “Livrar-se
de dívidas é algo fundamental para a saúde psíquica e financeira das pessoas.”
Negociação com credores
O devedor pode tentar obter
descontos ou condições mais favoráveis para o pagamento do débito, se não tiver
condições de quitá-lo. “A entrada desse recurso pode ser muito bem-vinda para
facilitar na renegociação e, muitas vezes, na extinção de várias dívidas e
compromissos financeiros que essas pessoas têm para começar 2025 com uma renda
menos comprometida com empréstimos e com dívidas financeiras”, recomenda a
economista do Dieese.
Reserva financeira de emergência
O dinheiro guardado pode ajudar,
sem a necessidade de endividamento, a lidar com gastos inesperados. Emergências
como problemas de saúde próprios ou de familiares, perda de emprego, reparos na
residência ou imprevistos no automóvel podem ocorrer. A reserva de emergência
deve ser feita em ativo seguro (baixo risco de perda do capital investido) e
com liquidez, que garanta resgate imediato, em caso de necessidade.
A Serasa recomenda que a reserva
seja equivalente a três a seis meses de despesas mensais. “Isso pode variar
dependendo da situação financeira pessoal e profissional da pessoa. Um
autônomo, por exemplo, deve ter uma reserva mais robusta”.
“Quitação de dívidas não é
planejamento de gastos. Priorização de gastos também e a montagem de uma
reserva de emergência, que é fundamental para todas as pessoas”, diz Ana
Cláudia.
Gerenciamento de gastos no início
do ano
O abono de Natal pode servir para
pagar contas adicionais que costumam vencer no início do ano e, assim, evitar
aperto financeiro. Entre as despesas mais comuns estão a compra do material
escolar, a contratação de serviços educacionais e pagamento de tributos como o
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
Planejamento de compras
Fazer uma lista de itens que
precisa adquirir, estabelecer um orçamento, pesquisar preços e fornecedores
antes de fazer a compra, estabelecer um valor máximo a ser gasto. Se decidir
pela aquisição, comprar com antecedência em relação às datas comemorativas do
comércio que incentivam o consumismo e evitar parcelamentos da dívida, que em
geral, têm juros embutidos.
Descontos
Pedir descontos em produtos e
serviços, aproveitar promoções e trocar serviços mais em conta podem fazer a
diferença no orçamento.
Novas dívidas
Mesmo com a folga no orçamento
dada pela remuneração suplementar, evitar novas dívidas e comprar por impulso
para não comprometer o planejamento financeiro com o que não é essencial.
Evitar gastos excessivos, sobretudo em tempos de compras de Natal.
Prazos de pagamento
Liquidar toda a dívida de uma só
vez pode ser uma boa forma de evitar juros, desde que não se comprometa a
quitação das demais despesas. E muitas lojas oferecem descontos significativos
para pagamento à vista. Em caso de compras parceladas, o consumidor deve ficar
atento ao acúmulo de cotas para não envolver uma parte significativa da renda
mensal, aumentando o risco de endividamento.
Investimentos
Ana Cláudia Arruda recomenda
economizar e separar um pouco do recurso extra para uma aplicação financeira. O
dinheiro poderá expandir patrimônio e garantir recursos para futuros objetivos,
como comprar um imóvel, garantir a aposentadoria, custear uma especialização ou
fazer uma viagem. Os investimentos podem ser diversificados. A distribuição do
dinheiro em diferentes tipos de investimentos pode gerar mais rentabilidade e
reduzir riscos.
Avaliação da situação financeira
Muitos gastos merecem atenção
porque drenam o orçamento sem a percepção real pelo dono do dinheiro. A mudança
de chave vinda do planejamento pode significar economia, por exemplo, com o
cancelamento de contratos abusivos, revisão de taxa de anuidade de cartão de
crédito, acompanhamento do consumo de serviços de telefonia, energia elétrica e
fornecimento de água, eliminação de serviços não usados, como cursos,
streaming, academia não frequentada.
Procure um consultor financeiro
O recurso extra que chega no fim
do ano pode melhorar as contas pessoais e até gerar mais dinheiro.
Se precisar de ajuda para
organizar as finanças, a pessoa que recebe o bônus de fim de ano pode procurar
um consultor financeiro. O profissional pode analisar a situação financeira
atual, definir metas, identificar o perfil de investidor (conservador, moderado
ou arrojado) e dar informações que possam contribuir na tomada de decisões
conscientes sobre o dinheiro extra.
Atualmente, existem diversos
aplicativos de finanças pessoais gratuitos e pagos, disponíveis para
smartphones, que podem ajudar na organização de ganhos, gastos e investimentos
para fazer o dinheiro render.
Fonte: Agência Brasil
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