Os casos de feminicídio e outros tipos de agressão contra mulheres no Brasil estão registrados em dados preocupantes. Levando em consideração alguns recortes sociais como etnia, cor ou renda familiar os números podem ser ainda maiores.
Cerca de 85% das mulheres negras de baixa renda convivem com agressores. Entenda os dados alarmantes sobre violência doméstica e suas consequências.
Pesquisa revela que violência se perpetua dentro de casa, em casos contra mulheres negras e de baixa renda | (Tânia Rêgo/Agência Brasil) |
Cerca de 85% das mulheres
negras que sofreram violência doméstica ou familiar e não possuem renda
suficiente para se manter convivem com seus agressores dentro da própria casa.
O número é quatro vezes superior à média de mulheres negras que declaram já
terem sofrido algum tipo de agressão (21%), independentemente da renda.
Os dados são da Pesquisa
Nacional de Violência contra a Mulher Negra, feita pelo instituto DataSenado e
Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência e Pesquisa
Nacional de Violência contra a Mulher Negra.
O estudo considerou como negras
as mulheres autodeclaradas pretas ou pardas. Foram ouvidas por telefone, entre
agosto e setembro de 2023, 13.977 brasileiras negras com 16 anos ou mais.
Violência
Entre as mulheres negras que
afirmaram não conseguir se sustentar, uma em cada três (32%) já sofreu algum
tipo de agressão. Em 24% dos casos, o episódio aconteceu nos últimos 12 meses.
Quando perguntadas sobre situações específicas de violência, o número sobe para
31% – revelando que algumas não consideraram, num primeiro momento, aquilo que
viveram como abuso doméstico.
Filhos
Além da renda, a pesquisa
demonstra que a presença de filhos abaixo dos 18 anos também faz com que as
mulheres não consigam sair de um contexto abusivo – 80% das mulheres negras que
declararam ter sofrido violência doméstica e têm filhos menores de idade
continuam morando com o agressor.
Os dados mostram ainda que,
entre as mulheres negras que afirmaram ter sofrido violência familiar, 27%
disseram não ter renda nenhuma e 39% não têm renda suficiente para se manter e
manter seus dependentes, somando 66% de mulheres vítimas de violência e sem
condições financeiras de se sustentar.
Saúde
Nesse mesmo recorte de mulheres
sem renda para se manter, os números indicam que somente 30% buscaram algum
tipo de assistência em saúde após um episódio grave de violência. O percentual
se mantém acima dos 60% em todos os níveis educacionais.
Medidas protetivas
O estudo revela ainda que
apenas 27% das mulheres negras que não têm renda individual suficiente para seu
sustento buscaram medidas protetivas. Assim como no atendimento médico, em
todos os níveis educacionais, a maioria não buscou proteção – percentual variou
entre 65% e 78%.
Justiça
Os números também mostram que
mulheres com menor escolaridade tendem a procurar mais a Justiça para denunciar
a violência do que as com maior escolaridade – 49% das mulheres negras não
alfabetizadas e 44% das que possuem ensino fundamental incompleto foram até a
delegacia. O percentual cai para 34% entre mulheres com ensino superior
completo.
Fonte:Agência Brasil
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