Após o lançamento oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, começa a fase da implementação. O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, detalhou à imprensa, nesta segunda-feira (18), como funcionará a aliança, que já conta com a adesão de 82 países, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 34 organizações filantrópicas e não governamentais.
O ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), detalhou como funcionará a aliança.
O ministro Wellington Dias deu detalhes sobre o funcionamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Segundo o ministro, serão
instaladas bases da aliança em algumas cidades estratégicas no mundo. A
intenção é que haja uma espécie de escritório na capital dos Estados Unidos,
Washington; na capital da Itália, Roma; na capital da Etiópia, Adis Abeba; e em
Brasília. Possivelmente também haverá uma base na capital da Tailândia, Bangkok,
para garantir a presença da aliança também na Ásia.
Os países que aderiram a
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza irão elaborar um plano para a
erradicação da insegurança alimentar e redução da pobreza em seus territórios.
Para elaborar esse plano, os países contarão com um arcabouço de medidas que já
foram testadas e que comprovadamente funcionam, como a transferência de renda,
a alimentação escolar, a qualificação para o emprego, entre outras.
“Em cada plano vamos ter o
detalhamento de quais países precisam de ajuda e de apoio e do que precisam. A
partir daí, haverá essa coordenação internacional, com organismos
internacionais, com países que se colocam abertos a colaborar. Teremos o apoio
específico para cada país”, explicou Dias.
O objetivo inicial da aliança,
de acordo com o ministro, é alcançar, até 2030, 500 milhões de pessoas, com
transferência de renda; 150 milhões de crianças, com alimentação escolar; 200
milhões de mulheres e crianças de até 6 anos, com saúde e acompanhamento da
gestação e primeira infância; além de 100 milhões de pessoas, com emprego e
empreendedorismo.
A Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que entre 713 milhões e 757
milhões de pessoas podem ter passado fome em 2023 – uma em cada 11 pessoas no
mundo, e uma em cada cinco na África.
Estrutura
A aliança contará com duas
instâncias. Uma delas é técnica, que será oferecida por meio dos escritórios da
aliança pelo mundo. O objetivo será dar seguimento à aliança e facilitar as
parcerias entre países e organizações.
Haverá também o chamado
Conselho dos Campeões, formado por lideranças mundiais com poder de influência
em determinadas regiões e países que aderiram à iniciativa. Entre essas pessoas
estão representantes de alto nível dos países e representantes das organizações
que compõem o grupo. O máximo possível é 50 integrantes, sendo 25
representantes dos países e 25, das organizações. Até o momento foram indicados
18 nomes.
O Conselho terá o objetivo de
ajudar a destravar acordos e avançar em parcerias. Os integrantes poderão falar
em nome do projeto e convocar novos países e organizações a se juntarem à
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Financiamento
Em relação ao financiamento, o
ministro explicou que há dois blocos de contribuições. Um para a própria
governança da aliança – o Brasil pretende contribuir com 50% do valor
necessário. E, outro para implementar, de fato, as ações para a erradicação da
pobreza e da fome.
Os investimentos poderão ser
por meio de empréstimos oferecidos por instituições financeiras aos países e
mesmo por recursos não reembolsáveis, ou seja, que não precisam ser devolvidos.
O orçamento total ainda não
está fechado, mas o ministro disse que países e organizações estão interessados
em fazer aportes e que há recursos suficientes para garantir que a iniciativa
saia do papel.
“Hoje foi lançada a aliança.
Sei que tem toda uma cobrança de qual é o valor total. A notícia boa é que
começamos de um patamar elevado. Os anúncios de bancos, de fundos, de agentes
financeiros apontam que temos uma grande perspectiva. Acredito que agora, a
cada mês, a cada momento, vamos ter novos anúncios”, disse.
O Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) já anunciou financiamento de US$ 25 bilhões para a
Aliança Global, o equivalente a cerca de R$ 140 bilhões. Além disso, o Banco
Mundial será parceiro da plataforma, contribuindo com dinheiro não reembolsável
e empréstimos com juros baixos e prazos adequados.
Avanços no G20
Para Wellington Dias, a criação
da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no âmbito do G20 é uma vitória da
presidência brasileira do grupo.
“Tenta imaginar um fórum que,
historicamente, sempre discutiu temas principalmente dos mais ricos, temas como
Banco Central, juros inflação. E o presidente do Brasil, na presidência do G20,
propôs essa força-tarefa inovadora, mostrando a importância da erradicação da
fome e da pobreza. A importância do resultado de países mais ricos ajudarem
países em desenvolvimento”, disse.
“Considero algo extraordinário
da aliança o fato de, no dia do lançamento, nós termos oficializado a adesão e
apoio de 82 países e mais 60 instituições, organismos internacionais e agentes
financeiros”, acrescentou.
O Grupo dos 20 (G20) é o
principal fórum de cooperação econômica internacional. É composto por
Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia,
Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita,
África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia e
União Africana.
Os integrantes do grupo
representam cerca de 85% da economia mundial, mais de 75% do comércio global e
cerca de dois terços da população do planeta. A reunião de cúpula, com
presidentes e líderes dos membros do grupo, ocorre nesta segunda e terça-feira
(19), no Rio de Janeiro.
Autor:Mariana Tokarnia/ Agência
Brasil
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