Altaneira, no interior do Ceará, entra para a História ao eleger a primeira prefeita em 65 anos de emancipação política. E tudo caminhou para a concretização desse fato, visto que foi a primeira vez também que duas mulheres disputavam o executivo.
Késia em seu local de votação neste domingo, 6. (FOTO | Sávio Soares).
De um lado, Silvânia Andrade
(PT), vereadora no segundo mandato e apoiada pelo atual prefeito Dariomar
Rodrigues(PT); do outro, Késia Alcântara (PSB) - filha do ex-prefeito Ivan
Alcântara e apoiada pelos dois últimos gestores do município, Dorival de
Oliveira e Delvamberto Soares.
Esta foi uma das campanhas que
mais se usou as redes sociais e também a que mais se usou a expressão “fake
News” de ambos os lados. Houve pesquisa divulgada dias antes da eleição
atestando vitória da oposição e questionamento da situação afirmando
irregularidade nos dados, fato que fez a justiça eleitoral suspendê-la e pedir sua
retirada de circulação nos portais de comunicação; houve ex-prefeito (Dorival)
tendo que lançar nota após destacar que sua imagem teria sido associada a uma
“suposta” pesquisa que dava vitória ao grupo situacionista; some-se a isso, o
fato de duas desistências de concorrer a vereança e ambas da situação: Márcia
Moura (PT) que tentava seu primeiro mandato e Rafaela Gonçalves (PT) que
tentava renovação do mandato, mas que não só desistiu. Ela acabou aderindo ao
grupo de oposição.
Outros fatos concorrem para
colocar essa eleição nos anais da história local. Antes de iniciar a campanha
de fato, o vice-prefeito Devaldo Nogueira (PT) rompeu com o prefeito; já nos
últimos dias de campanha foi intensificada a divulgação de imagens que
atentavam a adesão de populares ao grupo da candidata opositora; outra baixa
para o grupo que tentava se manter no poder foi a perca do apoio de Joaquim
Rufino, diretor do IFCE, campus Juazeiro do Norte e que tinha sido candidato a
prefeito em 2012;
Também foi a eleição que não teve
debate entre concorrentes, o que frustrou aqueles e aquelas que haviam se
acostumado com esse importante instrumento da democracia e que vinha sendo
feito nas quatro últimas eleições (2009, 2012, 2016 e 2020); segundo
informações divulgadas nas redes sociais pelo grupo oposicionista, a candidata
Silvânia não aceitou ir ao debate.
O fato é que no dia da eleição
e em todos os locais de votação, na sede e na zona rural, era nítido que as
cores vermelha (PT) e amarela (PSB) tomaram conta e em menos de uma hora após o
encerramento da votação, já se sabia o resultado.
Repetindo a tradição das três
últimas campanhas, o blog de Altaneira realizou a apuração paralela e constatou
o que se verificaria horas depois no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
a vitória de Késia Alcântara com 3.255 votos, o que representou 52,8%; Silvânia
Andrade, por sua vez, obteve 2.908 votos ou 47,1% dos votos válidos.
Sem sucessão, votos, coligação
e o critério racial
Por fim, mas não menos
importante, esta foi à primeira vez que um gestor não conseguiu fazer a
sucessão. Foi ainda uma campanha onde o município testemunhou um crescimento
grande no número de eleitores, ficando entre aqueles em que há menos habitantes
do que eleitores. No dia 6, segundo o TSE, Altaneira tinha 7.109 eleitores
aptos a votarem. Nesse contexto, houve 6.340 votos totais, o que inclui 144
nulos (2,2%) e 33 brancos (0,5%).
769 eleitores não compareceram
as urnas, computando 10,8% de abstenções. Em 2020, este índice foi de 10,9%.
A coligação de Késia recebeu o
nome de “o futuro começa agora” e foi composta pelos partido PSB e MDB. Já a de
Silvânia teve o nome de “Brasil da esperança” formada pelos partido PT, PCdoB e
PV.
Quanto a cor/raça, Silvânia
declarou ao TSE ser parda e Késia autodeclarou-se como branca.
Sobre Késia
Ela é empresária no ramo de
sonorização para eventos e mãe de dois filhos (Sávio e Sauanna); É filha de
Ivan Alcântara que administrou o município em quatro oportunidades e casada com
o empresário Devanilton Soares, popularmente conhecido por Palito do Mega Som.
Por: Nicolau Neto, editor/Bog Negro Nicolau
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