O Ministério de Minas e Energia avalia retomar o horário de verão como forma de tentar evitar um racionamento de energia, que está no horizonte em razão da seca extrema que atinge o país.
Medida seria adotada devido ao agravamento do cenário de seca no país, o que tem feito o pico de uso de aparelhos ligados à rede elétrica ser altíssimo, em especial no fim da tarde e início da noite.
Retorno do horário de verão é cogitado diante de cenário de agravamento da seca no Brasil | Reprodução/Agência Brasil - Arquivo |
O horário de verão é uma das
alternativas na mesa do governo, que também já ampliou autorizações para o
funcionamento de usinas termelétricas a gás. A seca também já causou o aumento
da bandeira da conta de luz.
A informação sobre a volta da
medida foi publicada pelo Poder 360 e confirmada pela Folha de S.Paulo. No
entanto, não há previsão de quando isso seria feito, nem se de fato será.
"Nós estamos em uma fase
de avaliação da necessidade ou não do horário de verão. O horário de verão, nós
sabemos que apesar da divisão da sociedade com relação a ele, tem outros
efeitos que têm que ser analisados pelo governo, além da questão energética,
que é a questão da economia. Ele impulsiona fortemente a economia do turismo, a
economia dos bares, restaurantes, ele impulsiona a economia cotidiana",
afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Segundo ele, a volta do horário
de verão pode ajudar a reduzir a demanda de energia ao final da tarde, que é um
horário crítico para o sistema elétrico.
Neste período, fontes como a
solar e a eólica têm queda na produção, enquanto a demanda aumenta em razão do
fim do expediente comercial, da chegada das pessoas em casa e do início da
noite, com menos luz natural, argumentou.
"É aquele horário que o
cidadão sai do trabalho, vai para casa, liga o ar-condicionado, liga o
ventilador, vai tomar banho, vai tomar todo mundo quase que junto, liga a
televisão para assistir um jornal, para poder assistir um filme e naquele
horário nós temos um grande pico", disse.
Com o horário de verão, o
período do dia coberto com luz natural aumenta, o que pode reduzir esta
demanda.
"Se a gente puder diluir
isso no horário de verão, talvez seja um ganho que vá dar a robustez ao
sistema", afirmou.
HORÁRIO DE VERÃO
O horário de verão foi extinto
em abril de 2019, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida consistia em
adiantar os relógios das regiões sul, sudeste e centro-oeste em uma hora em um
período de outubro até fevereiro.
O retorno da medida chegou a
ser especulado também durante a forte seca de 2023, mas na época foi descartada
pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Então, técnicos do Ministério
de Minas e Energia avaliaram que o nível dos reservatórios hídricos brasileiros
estavam altos, mesmo diante da seca, e por isso a medida não seria necessária.
Neste ano, integrantes do
governo também afirmam, sob reserva, que a situação dos reservatórios ainda não
é tão grave quanto em crises históricas, como a de 2021.
Alegam que as medidas tomadas
ao longo de 2024, como de retenção de água nos reservatórios, fez com que hoje
o nível da água seja mais que o dobro do registrado durante a crise daquele
ano.
SECA GRAVE
Em 2024, o Brasil enfrenta a
pior seca de sua história desde que se há registro pelo Cemadem (Centro
Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
Na Amazônia, os rios Madeira e
Negro já atingiram alguns dos níveis mais baixos da história, e comunidades já
sofrem com isolamento e obstáculos no abastecimento. A própria Manaus, capital
do Amazonas, está impactada.
Nesta terça-feira (10), Lula
visitou a região Norte e anunciou que irá criar a autoridade climática e o
marco legal da emergência climática.
Em razão da seca, o Ministério
de Minas e Energia ampliou a autorização para uso de usinar termelétricas,
especificamente de Santa Cruz (RJ), Linhares (ES) e Porto Sergipe (SE).
Autor:João Gabriel/FolhaPress
0 Comentários