A polêmica das joias desviadas
no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, ganhou um novo capítulo nesta
segunda-feira (08).
Um relatório da Polícia Federal (PF) sobre o caso das joias de Jair Bolsonaro (PL) sugere que o ex-presidente pode ter financiado suas despesas nos Estados Unidos com dinheiro ilícito proveniente da venda dos itens valiosos. A investigação aponta que o lucro obtido com a venda das joias foi crucial para a permanência de Bolsonaro e sua família em solo Estadunidense.
Segundo relatório da Polícia Federal, as despesas das viagens de Jair Bolsonaro para os Estados Unidos podem ter sido pagas com dinheiro ilícito proveniente da vendas das Joias desviadas.
Jair Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal. | (Reprodução)
De acordo com a PF, "os
proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo
público brasileiro, que, após os atos de lavagem especificados, retornaram, em
espécie, para o patrimônio do ex-presidente, possam ter sido utilizados para
custear as despesas em dólar de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto
permaneceram em solo norte-americano. A utilização de dinheiro em espécie para
pagamento de despesas cotidianas é uma das formas mais usuais para reintegrar o
‘dinheiro sujo’ à economia formal, com aparência lícita.”
Nesta segunda-feira (8/7), o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo
do inquérito do caso das joias. Moraes considerou que, com o relatório final
apresentado pela PF na semana passada, não há mais razão para manter o processo
sob discrição. A partir de agora, a Procuradoria-Geral da União tem 15 dias
para decidir se pede mais provas, arquiva o caso ou apresenta denúncia.
O relatório da PF resultou no
indiciamento de Jair Bolsonaro e mais 11 pessoas, sob acusações de peculato,
associação criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia criminosa.
Confira a lista dos indiciados:
Jair Bolsonaro, ex-presidente
da República: acusado de participar do esquema de venda de bens entregues por
autoridades estrangeiras. O valor arrecadado com a venda dos itens teria sido
incorporado ao seu patrimônio;
Bento Albuquerque, ex-ministro
de Minas e Energia: indiciado por peculato e associação criminosa;
José Roberto Bueno Jr., oficial
da Marinha do Brasil: indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de
dinheiro;
Júlio Cesar Vieira Gomes,
ex-chefe da Receita Federal no governo Bolsonaro: indiciado por peculato,
associação criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa;
Marcelo da Silva Vieira,
ex-chefe do gabinete de documentação histórica da Presidência da República:
indiciado por peculato e associação criminosa;
Marcos Soeiro, ex-assessor de
Albuquerque: indiciado por peculato e associação criminosa;
Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de
ordens de Bolsonaro: indiciado por associação criminosa, lavagem de dinheiro e
peculato;
Fabio Wajngarten e Frederick
Wassef, advogados da família Bolsonaro: indiciados por lavagem de dinheiro e
associação criminosa;
Mauro Cesar Lourena Cid, pai do
tenente-coronel Mauro Cesar Cid: indiciado por lavagem de dinheiro e associação
criminosa. Ele teria negociado a venda dos itens nos EUA;
Osmar Crivelatti, ex-assessor
de Bolsonaro: indiciado por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Contexto da investigação
A Polícia Federal iniciou o
inquérito em 2023 para investigar as tentativas do governo Bolsonaro de
introduzir ilegalmente joias da Arábia Saudita no Brasil. Os itens, avaliados
em R$ 5 milhões, estavam retidos na Receita Federal em São Paulo e foram
entregues à PF em abril.
O estojo de joias – contendo um
anel, colar, relógio e brincos de diamante – foi apreendido no Aeroporto de
Guarulhos em 2021, chegando ao Brasil na mochila do então ministro de Minas e
Energia, Bento Albuquerque. Posteriormente, foi descoberto que Bolsonaro
recebeu outros dois presentes da Arábia Saudita, um em 2019 e outro com o
estojo apreendido, que passou incólume pela fiscalização da Receita.
Autor:Laura Vasconcelos com
informações de Metrópoles
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