Nesta quarta-feira (31), é celebrado o Dia Mundial do Orgasmo. A data foi criada em 1999, na Inglaterra, por uma rede de sex shops, como estratégia para tentar aumentar as vendas de produtos eróticos. Na época, uma pesquisa havia apontado insatisfação das britânicas com sua vida sexual, e a criação de um dia para celebrar o ápice do prazer também se mostrou um bom recurso para promover debates e quebrar tabus.
Disfunções eréteis podem comprometer o ápice do prazer para homens.
Disfunções eréteis podem comprometer o ápice do prazer para homens. | Reprodução
Para homens, embora geralmente
associados, a ejaculação não é necessariamente sinônimo de orgasmo. Quem
explica é o médico Luiz Otavio Torres, presidente da Sociedade Brasileira de
Urologia (SBU).
Segundo ele, a ejaculação é a
saída do esperma, ou fluido seminal. Já o orgasmo é a sensação de prazer. No
homem esses dois eventos geralmente vêm juntos.
O urologista conta que, em
algumas populações do planeta, por questões religiosas, os homens não querem
ejacular durante o ato sexual para não "desperdiçar vidas":
"eles desenvolveram uma técnica em que conseguem ter orgasmo sem ejacular
e só ejaculam quando querem procriar”.
Outro exemplo de orgasmo sem
ejaculação envolve homens operados por câncer de próstata, em que se retira a
próstata e as vesículas seminais. “Daquilo que a gente ejacula, 96% vêm da
próstata e 4% das vesículas seminais. Quando a gente faz uma cirurgia de câncer
de próstata, o homem passa a não ter mais esperma, mas continua tendo orgasmo
do mesmo jeito”.
Torres cita ainda outro
exemplo. O uso de medicamentos que causam ejaculação retrógrada, ou seja, que
fazem o esperma, em vez de ser expulso para fora, cair dentro da bexiga.
Segundo ele, essa ocorrência não causa risco, pois o homem expulsará o sêmen ao
urinar.
Esses dois exemplos mostram que
o homem consegue ter a sensação do prazer, isto é, o orgasmo, mesmo sem
ejacular. “A saída do esperma é para engravidar. A sensação do orgasmo é o
prazer que o homem tem. Como os homens não sabem que são dois fenômenos
diferentes, eles misturam uma coisa com a outra”.
Desinformação
Na avaliação da psiquiatra
Carmita Abdo, professora do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Dia Mundial do Orgasmo traz
uma oportunidade para refletir sobre a saúde sexual masculina – tema cercado
por mitos e desinformação.
Carmita esclarece geralmente o
orgasmo e a ejaculação marcam o clímax do ato sexual, “quando ele é concluído
com satisfação”.
“Mas nem sempre acontece, por
questões emocionais. Do ponto de vista físico, nada impede que ele continue
tendo orgasmo, porque esse é um processo cerebral. Se ele perdeu a possibilidade
de produzir esperma, isso não tem nada a ver com a sensação de prazer que
coroaria o ato sexual dele, porque está abalado. Para o homem é muito
importante essa expulsão de sêmen, fenômeno que os homens valorizam muito.
Perder essa capacidade pode terminar inibindo a sua capacidade de ter prazer no
ato e não ter orgasmo”.
A médica cita também a
ejaculação precoce, outro fenômeno que pode acontecer com o homem. “É uma das
mais frequentes disfunções sexuais e que acomete o homem em qualquer faixa etária,
em qualquer situação geográfica. A proporção é de 20% a 30% da população
masculina com dificuldade no controle da ejaculação".
Segundo ela há diferentes casos
de ejaculação precoce.
"Tem homens que ejaculam
imediatamente após a penetração e há casos mais graves ainda em que homens
ejaculam apenas ao iniciar o contato com sua parceria. Só de chegar perto e
saber que o ato vai acontecer, eles ejaculam. Esses são casos extremos, muito
sérios”, definiu a doutora Carmita Abdo, que trata pacientes com a disfunção.
Boa notícia
A boa notícia, segundo Carmita
Abdo, é que a ejaculação precoce tem tratamento. “É uma condição que vai
demandar terapia sexual e, em muitos casos, acompanhada de tratamento
medicamentoso”.
Segundo ela, o medicamento
ajuda a reequilibrar o sistema nervoso central, ajustando a forma como os
neurotransmissores atuam no psiquismo desse homem, resultando no controle da
ejaculação.
Para a professora da FMUSP, o
Dia Mundial do Orgasmo é importante para conscientizar os homens – e as
mulheres também – sobre algumas disfunções sexuais, já que a falta de
informação pode constranger o homem diante da parceira por ter perdido o
controle.
“Às vezes, ele é mal
interpretado, como se estivesse só pensando em si quando, na verdade, não é
isso que está acontecendo. Uma pessoa nessas condições, por mais que tenha a
sensação do orgasmo, que acompanha em geral a ejaculação, isso é tão misturado
com uma sensação de culpa e vergonha que ele nem aproveita o prazer. Tudo isso
acaba se mesclando com o prazer e o orgasmo fica muito comprometido. Ele nem
consegue avaliar se, de fato, aconteceu ou não, o orgasmo. A vergonha é maior,
a culpa, a sensação de descontrole são muito sérias”.
Como resultado disso, muitos
homens podem passar a evitar a atividade sexual para não enfrentar essa
situação. Por isso, é importante se tratar, indicou a psiquiatra. Quanto mais
cedo esse tratamento começar, mais rapidamente o homem vai passar a ter
controle sobre a ejaculação e viver intensamente o prazer do orgasmo.
Fonte:Agência Brasil
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