A justiça brasileira enfrenta mais um desafio em seu sistema penal. Casos de criminosos que recebem o benefício de cumprir pena em regime domiciliar, mas não seguem as regras impostas, continuam a surgir e a gerar debates sobre a eficácia dessas medidas.
Zeu, condenado pela morte de Tim Lopes, deixou o Instituto Penal Vicente Piragibe, em Bangu, no início deste mês, após ganhar progressão da pena para regime domiciliar.
O traficante deveria comparecer para a instalação do dispositivo de monitoramento, mas não compareceu | Reprodução/ Redes Sociais
O traficante Elizeu Felício de
Souza, o Zeu, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, deixou a cadeia
para cumprir pena em regime domiciliar, mas não compareceu para instalação da
tornozeleira eletrônica.
Zeu deixou o Instituto Penal
Vicente Piragibe, em Bangu, no início deste mês, após ganhar progressão da pena
para regime domiciliar. O traficante deveria comparecer para a instalação do
dispositivo de monitoramento em até cinco dias após sair da cadeia, mas não
compareceu, segundo informou ao UOL a Seap-RJ (Secretaria Estadual de
Aministração Penitenciária) do Rio de Janeiro.
O traficante é considerado
foragido por não ter comparecido dentro do prazo estipulado. A Seap ressaltou
que já comunicou o fato ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O UOL
procurou o Tribunal para pedir um posicionamento, mas não obteve retorno.
Descumprimento das regras de uso
da tornozeleira eletrônica é considerado falta grave. O preso que descumprir
essas regras perde o direito à progressão do regime de fechado para semiaberto
ou prisão domiciliar monitorada.
Zeu era o único condenado pela
morte de Tim Lopes que permanecia preso. No total, ele ficou 13 anos na cadeia,
após ser detido em 2010 durante operação da polícia no Complexo do Alemão.
No total, sete traficantes foram
condenados pela morte do jornalista. Além do Zeu, o criminoso Ângelo Ferreira
da Silva, o Primo, foi sentenciado, mas está foragido desde 2013. Três réus já
cumpriram parte da sentença e receberam liberdade e outros dois morreram,
incluindo Elias Maluco, apontado como o mandante do crime.
MORTE DE TIM LOPES
Tim Lopes foi assassinado em
junho de 2002 no Complexo do Alemão. O repórter apurava sobre a atuação do
crime organizado na comunidade quando foi capturado, torturado e morto por
traficantes.
Ele produzia uma matéria sobre
prostituição de menores de idade e consumo de drogas em um baile funk. Segundo
a polícia, Tim foi identificado por um segurança do tráfico, que encontrou uma
microcâmera escondida com o repórter. O traficante Elias Pereira da Silva, o
Elias Maluco, era líder do Comando Vermelho e ordenou a morte do jornalista.
Tim Lopes foi levado para o morro
da Grota, no Complexo do Alemão, onde foi torturado e atingido por um golpe de
espada no tórax. Tim teve as pernas cortadas e foi queimado dentro de pneus, um
método chamado de "micro-ondas" -usado para não deixar vestígios do
crime.
Autor:Mayra Monteiro/ com
informações de Folhapress
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