O Ceará se tornou rota turística para os amantes da natureza. Seja pelas suas serras, litoral ou chapada. Com uma rica biodiversidade, o estado oferece inúmeras oportunidades para o ecoturismo. Entre elas, a observação de aves tem se destacado como uma atividade em crescente demanda.
Foto: Jefferson Bob |
De acordo com a Secretaria do
Meio Ambiente e Mudança do Clima do Ceará (Sema), o Brasil abriga cerca de
1.971 espécies de aves, sendo 293 exclusivas do país. Desses, 558 se encontram
no Ceará, sendo 55 ameaçados de extinção e uma endêmica do estado, como é o
caso do soldadinho-do-araripe. A espécie só existe na Chapada do Araripe, sendo
o responsável por colocar a região na rota dos observadores de aves.
Com uma crescente demanda nos
últimos anos, o Sítio Pau Preto, localizado em Potengi, distante a aproximadamente
94 km de Juazeiro do Norte, se tornou ponto de parada obrigatória para os
observadores de aves que buscam admirar a avifauna da Caatinga.
Em 2019, o espaço se tornou o
Museu Casa dos Pássaros do Sertão e foi incluído no projeto de museus orgânicos
do Serviço Social do Comércio (Sesc), como um espaço de observação e
fotografias de pássaros, sob o comando do biólogo Jefferson Bob.
Museu Casa dos Pássaros do Sertão se tornou espaço de observação e fotografias. Foto: Jefferson Bob |
“A casinha”
A história do Museu Casa dos
Pássaros do Sertão começa na década de 1930, quando o casal Abraão Gonçalves de
Pinho e Ana Gonçalves de Pinho e sua filha de cinco anos de idade, Josefina
Zizi da Conceição, se mudaram para a propriedade para trabalhar com pecuária
bovina.
Nas décadas seguintes, Zizi da
Conceição constituiu sua família na localidade. Casou-se com Mário Gonçalves e,
juntos, tiveram nove filhos. Um deles foi Mário Gonçalves Filho, o filho mais
novo do casal, responsável por construir “a casinha”, que hoje abriga o Museu
Casa dos Pássaros do Sertão.
Localizado no meio da Caatinga,
o Sítio Pau Preto se tornou espaço de observação e de fotografia de aves
Jefferson Bob, filho mais velho de Mário Gonçalves Filho. Bob, como é
popularmente conhecido, teve sua vida conectada ao sítio desde a infância.
“Desde criança tenho essa ligação com a natureza e com os bichos. Sempre
frequentei esse sítio e a mata ao seu redor”, contou Bob. O biólogo
compartilhou que sua percepção com os animais mudou na adolescência, quando
passou a alimentar as aves na varanda da sua casa.
“Culturalmente, quando
pequenos, somos ensinados a caçar, a colocar os bichinhos em gaiolas. Mas, a
partir da minha adolescência percebi uma beleza nos bichos e que poderia ter
esse contato sem precisar colocá-los em risco. Aos poucos, fui percebendo que o
jeito mais interessante de vê-los, era colocando alimentação para eles. E como
retribuição, eles apareciam como forma de agradecimento. Foi nesse momento, que
descobri essa paixão pelas aves”, afirmou o biólogo.
Vista da varanda do Museu. Foto: Cícero Dantas |
O refúgio do Sertão
Atualmente, o Sítio Pau Preto
se tornou referência para quem aprecia a liberdade das aves. Nas palavras de
Bob “um lugar de acolhida, não só de pessoas, mas também dos pássaros”. Porém,
para chegar ao status atual, foi necessário recuperar a mata. De acordo com o
biólogo, durante sua infância quase toda a área do sítio servia como pasto.
À medida que foi crescendo e se
interessando pela atividade de guia de observação de aves, Bob resolveu deixar
a natureza agir e se recuperar. “Toda essa área [aos arredores da “casinha”]
foi área de pasto. A nossa principal atividade foi deixar a caatinga se
recuperar. E assim aconteceu. Hoje temos uma mata que alimenta e abriga os bichos.
O Sítio Pau Preto se tornou um refúgio, um santuário para eles”, contou.
De acordo com Bob, desde 2017 o
sítio trabalha com a característica de alimentar os animais. Alguns comedouros,
montados especialmente para a fotografia, foram construídos na frente do Museu.
Com poucos minutos, da varanda da casinha, já é possível perceber a diversidade
de aves que frequentam o local. Além do barulho dos ventos, o cantar das aves
dá um toque singular ao momento.
Jefferson Bob repõe diariamente alguns alimentos nos comedouros do museu. Foto: Cícero Dantas |
Atualmente, o Sítio Pau Preto conta com mais de 220 espécies registradas no E-bird. O espaço cresceu e precisou se tornar um local de acolhida para os amantes das aves. “Aos poucos fomos adaptamos a casa, criamos hospedagem domiciliar, tudo com financiamento coletivo. Hoje hospedamos pessoas de várias partes do mundo. Turistas de países como os Estados Unidos, Inglaterra, China e Índia, por exemplo, já estiveram por aqui”, afirmou Bob.
Além de ser um ponto de observação e fotografia de aves, o Sítio Pau
Preto também tem sido usado como uma unidade de reabilitação para alguns
animais. “Hoje as instituições ambientais buscam parceria com o sítio. Ibama,
ICMBio, Polícia Ambiental tem nos procurado para auxiliar no retorno dos bichos
para a natureza, especialmente aqueles que vêm de apreensão”, contou Bob.
Por: Cícero Dantas/ Site
Miséria
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