Com o tempero da alegria e programação diversa, o Festival Ceará Sem Fome, realizado neste sábado (15), em Fortaleza, evidenciou o primeiro ano de execução do programa estadual que é referência nacional no combate à fome. O Festival reuniu, no Centro de Eventos, milhares de pessoas, entre autoridades, voluntários das cozinhas do programa e público em geral.
O evento teve espaços e
atividades que exaltaram a culinária popular, a alimentação saudável e o
aproveitamento eficiente dos alimentos. Centenas de voluntários das cozinhas do
Ceará Sem Fome foram os verdadeiros protagonistas. Eles e elas mostraram que
união e entusiasmo também são ingredientes indispensáveis para garantir a
segurança alimentar de milhares de cearenses.
A programação contou com as
presenças da culinarista e apresentadora, Bela Gil, e da empreendedora social e
fundadora do projeto Favela Orgânica, Regina Tchelly. As atividades foram
realizadas nos seguintes stands: Ceará Sem Fome; Padaria Show; Cozinha Show;
Cozinha em Movimento; Parceiros do Movimento; Agricultura Familiar; e Praça de
alimentação.
Como disse Francisco
Wellington, 28 anos, voluntário da cozinha Paróquia Senhora Santana, no
município de Independência, o Festival demonstra como é o dia a dia nas
cozinhas. “É uma mistura essencial de cheiros e sabores tendo o amor como
principal tempero. É o melhor tempero que tem”, frisou o cozinheiro que chegou
bem cedo para ajudar a preparar as 2 mil refeições que puderam ser degustadas
na Cozinha em Movimento.
Atraídas ao Festival pelo tema,
as amigas e estudantes de gastronomia Jéssica Souza, 31, e Talita Ribeiro, 38,
avaliam que o Ceará Sem Fome representa justiça social e criatividade.
“Vi bastante coisa que eu não
conhecia e achei muito interessante o fornecimento de alimentos orgânicos das
cooperativas para o programa, além das instituições parceiras”, citou Jéssica
Souza, que gostou bastante do stand Agricultura Familiar.
“A fome é cruel, só sabe quem
passa. E o Ceará Sem Fome mostra nesse evento o trabalho de reaproveitamento de
alimentos que ainda estão bons para consumo e podem ser desidratados, para que
não haja desperdício. Colocando isso, podemos ampliar muito as possibilidades
de alimentação”, completou Talita.
A força das cozinhas
O Ceará Sem Fome tem 1.080
cozinhas distribuídas em todas as regiões do estado, produzindo mais de 100 mil
refeições diárias para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Além disso,
o cartão do programa beneficia cerca de 53 mil famílias que recebem,
mensalmente, o valor de R$ 300 para aquisição de alimentos. Mais de 3 mil
estabelecimentos estão credenciados.
Presente no evento, o
governador Elmano de Freitas visitou os stands e anunciou ampliação no programa
que tem cerca de R$ 400 milhões em investimento. “Nós estamos discutindo a
ampliação do número de cozinhas e beneficiários. Queremos ampliar a partir de
julho. Enquanto tiver cearense passando fome, vai ter apoio às cozinhas”,
afirmou.
A força das cozinhas para o
êxito do programa foi destacada pela primeira-dama do Estado e presidente do
Comitê Intersetorial de Governança do Ceará Sem Fome, Lia de Freitas. “Mais de
2 mil mulheres e homens fazem as 100 mil refeições. Trouxemos todos para o
Festival, sendo 120 delas selecionadas para produzir as refeições aqui. Essa
ação é para mostrar que tem qualidade, sabor, amor e solidariedade”, enfatizou.
O momento, segundo ela, também
serviu para celebrar os resultados com a sociedade civil e os parceiros. Em
sete meses de cozinhas em funcionamento, mais de 13 milhões de refeições foram
entregues. “Um Ceará Sem Fome só é possível com a união dos poderes, das
igrejas, iniciativa privada. Celebramos hoje o grande Pacto por um Ceará Sem
Fome”, acrescentou Lia de Freitas.
A Padaria Show mostrou que,
além da distribuição de refeições e o cartão para aquisição de alimentos, o
Ceará Sem Fome tem como estratégia a capacitação e empregabilidade.
O espaço contou com
cozinheiros(as) que repassam conhecimentos na produção de pães e massas. Um
deles é o chef de cozinha Iranildo Castelo Branco, 50, que tem ajudado a
ampliar os horizontes das famílias atendidas pelo programa.
“A gente leva essa capacitação
para as comunidades, para as famílias beneficiárias. A intenção é que essas
pessoas aprendam a fazer pão para ter sua própria renda. O programa não é só
quentinha. Além de alimentar a comunidade, também busca dar às famílias essa
oportunidade”, explicou.
Bela Gil destacou o poder
transformador das cozinhas. “Os voluntários exercem um papel fundamental na
vida das pessoas que é garantir um direito básico, a alimentação adequada e
saudável. Admiro muito o Ceará Sem Fome e acredito que ele deve ser replicado
para o Brasil inteiro, porque só assim a gente consegue concretizar a boa
alimentação”, defendeu.
Regina Tchelly também
parabenizou a iniciativa. “É muito maravilhoso fazer a valorização dessas
mulheres e homens voluntários, que também são educadores, cheirosas e
cheirosos. Eles fazem comida para todo mundo, que agrada o pedalar, sem
desperdício”, observou.
No dia 12 deste mês, o Governo
do Estado ampliou a atuação do programa com o lançamento do Ceará Sem Fome +
Qualificação e Renda. Essa nova etapa consiste em promover a capacitação de
beneficiários do programa e voluntários das cozinhas. O investimento é de R$ 56
milhões, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae).
Muitas mãos juntas
Um ingrediente indispensável
desde o lançamento do Ceará Sem Fome é a parceria com as instituições públicas
e privadas. Sobre isso, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará
(Alece), Evandro Leitão, falou do empenho do legislativo cearense.
“É um sentimento de contribuição
para quem representa 9 milhões de cearenses. Nós aderimos ao Pacto por um Ceará
Sem Fome, no qual pudemos adquirir e distribuir kits de cozinhas comunitárias
juntamente com o poder executivo, a primeira-dama, as secretarias que estão
envolvidas nesse programa”, ressaltou.
Sentimento compartilhado também
pelo presidente do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), desembargador Abelardo
Benevides Moraes. “Como sertanejo, vi muitas situações [de insegurança
alimentar] de perto. É algo que me sensibiliza muito. Já estamos tratando com a
primeira-dama sobre a nossa partição e, nos próximos dias, vamos formalizar”,
anunciou.
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