A influenciadora cristã Michele Dias Abreu publicou, em seu Instagram, uma série de stories em que afirma que as enchentes que acometem o Rio Grande do Sul são obras da "ira de Deus".
Michele Dias Abreu afirmou que catástrofe com mais de 90 mortos é causado por "ira de Deus".
Influenciadora tentou se retratar em outro vídeo, mas excluiu a conta | ( Reprodução )
Ela afirmou que, por ter um
grande número de "terreiros de macumba", o estado está sofrendo com a
"ira de Deus" e que "pessoas estão brincando e muitos inocentes
pagam o preço junto".
"Deus não divide sua honra
com ninguém, e isso vai ter consequência. Tá tendo as consequências, isso que
está ocorrendo no estado do Rio Grande do Sul", disse ela em mais um
story.
Mais tarde, em outro story, a
influenciadora tentou se retratar, afirmando que se expressou mal e que
"não quis ofender as pessoas em relação à religião".
A conta da influenciadora,
atualmente, encontra-se indisponível.
Qual a verdade?
De fato, o Rio Grande do Sul é
o estado com mais terreiros no país, com cerca de 65 mil. No entanto, as
verdades acabam aí.
A cidade de Cidreiras, com
maior percentual de pessoas que seguem religiões afro-brasileiras, não foi
afetada pelas enchentes. Assim como também não foi afetado o município de Chuí,
que tem o maior percentual de pessoas sem religião no país.
A situação no estado é causada
por diversos fatores ambientais e políticos, sem nenhuma relação com religião.
O estado do Rio Grande do Sul
passa por períodos de chuva e cheias nos rios há muito tempo. Enchentes como a
de 2024 já haviam sido documentadas desde 1941.
A geografia na região, um fator
praticamente imutável, também contribuiu para a tragédia. Repleto de serras e
vales, a água é escoada para áreas mais baixas, onde ficam muitas das cidades
afetadas.
Outro fator, dessa vez humano e
político, é a falta de investimentos para prevenção de enchentes nos últimos
anos. Mesmo com a outra enchente que deixou dezenas de mortos no estado em
setembro do ano passado, a prefeitura municipal de Porto Alegre não investiu em
melhorias no sistema contra cheias.
Apenas três deputadas do Rio
Grande do Sul destinaram emendas para este fim em 2024. Além disso, o governo
estadual teria destinado apenas R$50 mil para a Defesa Civil do estado.
Autor:Rafael Miyake
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