O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, nesta segunda-feira, que seus ministros passem mais tempo dialogando com o Congresso, em meio à crise que se instaurou entre os dois Poderes. O governo teme que a tensão, encabeçada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas sentida também no Senado, prejudique o andamento de pautas econômicas.
Alckmin, Lula e Haddad no Planalto: cobrança do presidente ocorre no momento em que o governo enfrenta desgaste no Congresso (Foto: Ricardo Stuckert)
Lula pediu agilidade a seus
ministros e que o chefe da Fazenda, Fernando Haddad, gaste mais tempo dentro do
Congresso do que lendo livros. Também citou o vice-presidente Geraldo Alckmin.
"Isso significa que o
Alckmin tem que ser mais ágil. Tem que conversar mais. O Haddad, em vez de ler
um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O
Wellington (Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social) e o Rui Costa (da
Casa Civil) têm que passar a maior parte do tempo conversando com a bancada A,
com a bancada B", frisou o presidente na cerimônia para lançar o Programa
Acredita (leia reportagem na página 7).
No Congresso, a base governista
tenta evitar a votação de pautas-bomba, como a PEC do Quinquênio, que prevê
aumentos para servidores do Judiciário a cada cinco anos; e a derrubada do veto
de Lula a R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares no Orçamento.
"É difícil, mas a gente
não pode reclamar, porque a política é exatamente assim. A política é a arte
que permite a gente viver na diversidade com as pessoas, porque a gente tem
divergência", declarou Lula.
A crise ganhou força após a
Câmara manter a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado
de ser mandante do assassinato de Marielle Franco (PSol). Lira acusou o
ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de ter divulgado que ele
atuou pela soltura do parlamentar.
Questionado por jornalistas
sobre a cobrança de Lula por mais articulação, Haddad foi sucinto: "Eu só
faço isso na vida".
Ele se reuniu com o Lula,
também nesta segunda-feira, para tratar dos "últimos detalhes" da
regulamentação da reforma tributária, que deve ser apresentada ao Legislativo
nesta semana. O texto vem sendo cobrado por parlamentares. Pelo menos 13
projetos alternativos ao do governo já foram apresentados na Câmara.
Segundo o ministro, Lula
aprovou os projetos da regulamentação, mas apenas um dos textos será enviado
esta semana, o que cria a Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS), imposto
federal; e o Imposto Sobre Bens e Serviço (IBS), imposto local, de estados e municípios.
Também está incluso o de alíquotas sobre produtos e serviços, como a cesta
básica. São quase 200 páginas de documento. O segundo projeto, a respeito do
Comitê Gestor do IBS, por exemplo, deve ser enviado em até 10 dias.
"Fechamos com o presidente
todo o texto, não tem mais pendência com ele. Agora é um trabalho braçal pra
fechar o texto. Está em processo na Casa Civil há muitos dias. São dois
projetos, está indo o mais robusto porque o outro é de processo
administrativo", explicou. "O presidente quis pessoalmente olhar pra
ver se tudo estava fazendo sentido, até porque vai haver um amplo debate na
sociedade, e ele queria estar seguro de que o texto tem consistência social
também, não só econômica."
Com informações Correio
Braziliense
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