O Ceará chegou a 52,2% da capacidade hídrica dos 157 açudes públicos monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Este é o melhor nível de acúmulo de água nos reservatórios desde o primeiro ano daquela que é vista como a mais longa seca da história do Estado, em 2012.
O açude Orós, segundo maior do Estado, está com 66,47% de carga (Foto: Reprodução/DNOCS)
O resultado deste ano vem
depois de dois anos com aportes consideráveis. O volume recebido dos
reservatórios em 2023, até o dia 15 de abril, era de 4.690 hectômetros cúbicos
(hm³) de água. Neste ano, a cifra já passou 5.820 hm³. Os dados são da Resenha
Diária da Cogerh, e não incluem a Região Metropolitana de Fortaleza, bem como
não calcula a perda de água com transferência, evaporação e outras ações. Um
hm³ equivale a 1 bilhão de litros de água.
A recarga já chega a 2.793 hm³
a mais nos açudes cearenses desde o início da quadra chuvosa, em 1º de
fevereiro. Com isso, 66 reservatórios estão sangrando — entre eles o Paulo
Sarasate (Araras), em Varjota, o quarto maior do Ceará. Duas regiões
hidrográficas estão com 100% da capacidade, a Litorânea, com dez açudes, e a do
Baixo Jaguaribe, que possui apenas um.
A recarga dos açudes conseguiu
reverter um cenário que se previa pessimista. A Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) lançou em janeiro prognóstico que
apontava 45% de chances de chuvas abaixo da média histórica para os três
primeiros meses de quadra chuvosa (fevereiro-março-abril).
Até agora, entretanto, dados
preliminares da Funcação apontam 625 milímetros (mm) de precipitação, valor
20,6% acima do esperado para todo o trimestre. A cifra, inclusive, já supera a
média histórica de toda a quadra chuvosa, que é de 609,2 mm, mesmo restando
ainda 44 dias até o fim do período.
Atualmente, nenhum dos quatro
maiores açudes do Estado está em situação crítica. Maior da América Latina, o
Castanhão (Alto Santo / Jaguaribara) encheu de 23,11% para 30,92% —
equivalentes a 2.071,43 hm³. O Orós (Orós), segundo maior do Estado, está com
66,47% de carga, enquanto o Banabuiú (Banabuiú) chegou a 40,31%. Por fim, o
Araras sangrou pelo segundo ano consecutivo.
Além dos 66 reservatórios
vertendo, 14 passaram de 90% cheios. O dado é do Portal Hidrológico da Cogerh e
da Funceme, que aponta ainda que 25 reservatórios estão abaixo de 30% da
capacidade. O maior é o Pedras Brancas (Quixadá), cuja carga atual é de 29,14%
de seus potenciais 456 hm³ — cifra que lhe reserva o posto de sexto maior do
Ceará.
Os açudes atingiram metade da
carga total no dia 11 deste mês, quando 56 reservatórios estavam vertendo. Já
no dia, 13, foi a vez de o Castanhão chegar a 30% de carga. No domingo passado,
14, quatro açudes do Ceará atingiram a capacidade máxima: Santo Antônio de
Russas (Russas), Curral Velho (Morada Nova), Cachoeira (Aurora) e Olho d'Água
(Várzea Alegre).
Ao todo, das 12 regiões
hidrográficas na qual é dividido o Ceará, duas estão em 100% (Litoral e Baixo
Jaguaribe), duas têm mais de 90% de carga (Acaraú e Coreaú) e apenas três têm
menos de 50% da carga total (Banabuiú, Médio Jaguaribe e Sertão de Crateús). De
acordo com a Funceme, há ainda 40% de probabilidade de chuvas dentro da faixa
da média histórica entre abril e junho.
Com informações portal O Povo +
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