Moradores da comunidade Riacho Grande, zona rural de Mossoró (RN), relatam temor com a possibilidade de terem as casas invadidas pelos dois detentos que fugiram da penitenciária federal na última quarta-feira (14).
Fugitivos do presídio federal de Mossoró fizeram uma família refém na última sexta-feira (16); vizinhos demonstram medo com a situação.
Dois homens estão foragidos desde a última quarta-feira (14). | (Reprodução)
A Folha esteve na localidade na
tarde deste sábado (17). Na região, que fica a cerca de 3 km do presídio, uma
família foi feita refém na noite desta sexta-feira (16).
Apesar do aparente clima de
calmaria --com moradores sentados em cadeiras do lado de fora das casas, com as
portas abertas--, alguns relatam medo ao fim do dia.
Com a chegada da noite, o clima
muda, pois cresce, na avaliação deles, a possibilidade de os criminosos se
deslocarem em busca de alimentos e objetos que possam ajudar na fuga.
Foi o que aconteceu na noite de
sexta, quando um casal teve a casa invadida e foi feito refém pelos criminosos.
A Folha foi até a casa das vítimas, mas elas não quiseram dar entrevista.
"Durante o dia eles
[fugitivos] estão no mato, acho que não vão aparecer. O receio de todos é com a
noite, porque podem voltar para querer comer. Ficamos apreensivos, mas até o
momento eles não fizeram nenhum mal a ninguém", disse o aposentado
Francisco Vicente da Silva, 83.
A aposentada Adeisa Alves dos
Santos, 71, estava sentada em uma cadeira de plástico, conversando com duas
pessoas que moram na mesma comunidade. Ela disse ter ficado surpresa com a
invasão porque nunca um preso havia fugido e ido até a comunidade.
"Durante o dia, mantenho a
porta aberta o tempo todo, vivemos de maneira tranquila. No entanto, à noite,
tranco tudo e vou ver minha novela, mesmo com policiais na região", disse.
O auxiliar de pré-moldado
Ivanido Alves dos Santos, 50, tomou conhecimento da fuga quando estava no
trabalho. Santos afirma que, apesar do receio, ele e familiares depositam
confiança em uma pessoa encarregada de fazer rondas na região.
A fuga é tema recorrente nas
conversas dos habitantes de Mossoró, seja nas ruas ou nos grupos de mensagens.
O taxista Francisco Edson Carvalho de Araújo, 47, diz que nunca testemunhou uma
presença policial tão intensa na cidade.
As forças de segurança que
participam das buscas estão distribuídas pelo município, abrangendo o aeroporto
e a rodoviária, mas a concentração é notável nas comunidades da zona rural.
Nessa região há diversas barreiras onde a polícia tem parado constantemente os
carros. Esse trabalho é feito por policiais com o rosto coberto e portando
armas de grosso calibre.
"Os passageiros não param
de comentar sobre isso, eu me questiono sobre como esses fugitivos conseguiram
escapar de uma penitenciária de segurança máxima. Pelo menos essa situação tem
movimentado a economia local, já que há um aumento na demanda por corridas, e
os hotéis estão cheios", disse o taxista.
A expectativa da força-tarefa é
capturar os fugitivos em breve, já que eles ainda estariam no cerco de 15 km do
local, como mencionado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em
entrevista coletiva na quinta-feira (15).
A família que teve a casa
invadida disse aos investigadores que os fugitivos estariam usando boné e
calça, com as roupas bem sujas. Um com camisa clara, e outro, escura. Eles
chegaram à casa do casal por volta das 19h30 e ficaram até pouco depois da
meia-noite.
Os fugitivos também pediram as
senhas para destravar os telefones das vítimas, e pesquisaram notícias sobre a
fuga.
Além de dois telefones e
carregadores, a dupla levou ovo cozido e outros alimentos em uma sacola
plástica porque não estavam de mochila, disseram os reféns. Eles não pediram
dinheiro, e não levaram a moto nem o carro que estavam no local.
Autor:Raquel
Lopes/FolhaPress
0 Comentários