Além de reclamar da imagem apelativa espalhada em placas na comunidade, a população também teme que o empreendimento incentive o turismo sexual na região. Prefeitura remove outdoor de casa de swing em vila de pescadores no Ceará após polêmica entre moradores Arquivo pessoal A população do pequeno distrito de Icaraí de Amontada, destino turístico no litoral oeste do Ceará, foi surpreendida na primeira semana de setembro com vários outdoors anunciando um empreendimento bem diferente do que os moradores estão acostumados a ver: uma casa de swing.
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Após protestos da comunidade contra o anúncio, que exibia um homem beijando as nádegas de uma mulher, as placas foram retiradas pela prefeitura. Compartilhe esta notícia no WhatsApp Compartilhe esta notícia no Telegram Conforme moradores, a instalação das placas começou no dia 6 de setembro. No dia 11, houve a colagem das imagens.
Os outdoors anunciavam um novo empreendimento na região, chamado Boom Boom, que deve ter em sua estrutura espaços de crosstraining, beach club, restaurante, bar e a casa de swing - um espaço ao qual casais vão para paquerar e transar com outros casais. As placas do Boom Boom foram instaladas em pelo menos quatro pontos da comunidade, entre eles, na entrada da vila e próximo de uma creche. A população se mobilizou pelas redes sociais contra as placas e surgiram denúncias de irregularidades na obra.
A Prefeitura de Amontada removeu as placas no dia 12 de setembro, um dia após a colagem das imagens. Além de reclamar da imagem apelativa espalhada em placas na comunidade, a população também teme que o empreendimento acabe por incentivar o turismo sexual na localidade, tradicionalmente habitada por pescadores. “Icaraí de Amontada é um território que já vem sofrendo há muito tempo com a especulação imobiliária, com megaempreendimentos, resorts que vêm privatizando a praia”, contou ao g1 uma moradora, que preferiu não se identificar.
“A gente enxerga que o nosso território está sendo vendido como algo de cunho sexual, estão promovendo um turismo sexual que a gente não aprova.” Empreendimento anunciado em Icaraí de Amontada conta com casa de swing em suas instalações Arquivo pessoal Em nota, a Prefeitura de Amontada afirmou que tanto instalação dos outdoors quanto a obra dos empreendimentos precisam ser autorizadas pela administração municipal, e que não houve qualquer requerimento para nenhum dos dois, portanto, as placas foram removidas e a obra, embargada.
O g1 entrou em contato com a empresa anunciante para saber detalhes da iniciativa e a continuidade do empreendimento após a reação municipal, contudo, até o momento, não obteve resposta. Outdoor de casa de swing foi removido pela prefeitura de Amontada após reclamações da população Arquivo pessoal Localizada próxima a destinos turísticos cobiçados como Jericoacoara e Preá, a vila de Icaraí de Amontada tem recebido cada vez mais turistas e empreendimentos internacionais nos últimos anos.
A movimentação tem despertado receio na comunidade. “E aí a gente se deparou com mais um desses empreendimentos que é uma problemática, que a comunidade enxerga como problemática, justamente por a região já ser frequentada por um turismo internacional, de pessoas que tem um poder aquisitivo muito grande, existe um abuso financeiro, existe uma pressão financeira dentro do território, que é um território tradicional de pescadores, marisqueiras, caiçaras, ribeirinhas", destaca a moradora que conversou com o g1.
“Então, além desse empreendimento dos outdoors, tem muitos outros que estão privatizando a praia, que estão trazendo os conflitos com a comunidade, com os pescadores”, completa. Icaraí de Amontada tem despertado maior interesse turístico, mas moradores temem especulação e abusos Reprodução/Instagram Icaraí de Amontada LEIA TAMBÉM Cemitério em praia no Ceará guarda lendas de povos tradicionais e pode ser engolido pelo mar para equilibrar o interesse turístico com os interesses da comunidade, os moradores prepararam um protocolo de consulta para ser utilizado pela Prefeitura de Amontada para consultar a comunidade acerca de mudanças na região que impactem diretamente suas vidas e o território do distrito.
“A comunidade em geral não aceita nenhum tipo de turismo sexual ou exploração sexual no território. Além disso, a gente exige que a prefeitura e os órgãos públicos comecem a fazer estudo de impacto de vizinhança. E, além disso, que sigam o protocolo de consulta, que a comunidade já tem um protocolo de consulta, que é um direito internacional”, destaca a moradora.
G1
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