O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, já trabalha com um cenário de cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). E não fará nenhum esforço para defender a parlamentar, alvo de uma operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (02), que cumpriu mandados de busca e apreensão.
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), em imagem de outubro de 2019 — Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
A parlamentar já tem um inquérito aberto na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, solicitado pelo PSB. O partido acusa a deputada de quebra de decoro parlamentar, por ter xingado e constrangido o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) durante audiência com o ministro da Justiça, Flávio Dino.
A avaliação é que a operação de hoje complica ainda mais a situação de Carla Zambelli. Segundo a cúpula do PL, a parlamentar perdeu apoio entre seus colegas desde o ano passado, quando, na reta final da eleição presidencial, perseguiu um jornalista com arma em punho.
Bolsonaro diz que perdeu votos com o episódio. Os documentos da operação desta quarta podem engrossar o inquérito contra Zambelli na Câmara dos Deputados.
A operação da PF prendeu ainda o hacker da "Vaza Jato", Walter Delgatti, que já vinha negociando uma delação premiada.
Ele foi o responsável por inserir no sistema informatizado do Conselho Nacional de Justiça um falso mandado de prisão contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Delgatti já teria admitido que foi o responsável pela inclusão do documento e que agiu a pedido da deputada.
A eventual delação dele preocupa bolsonaristas. No ano passado, a deputada Carla Zambelli levou Delgatti, responsável por invadir telefones de autoridades envolvidas na Lava Jato, para uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e também com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Ele teria dito que conseguiria invadir o sistema do TSE e alterar o resultado da eleição.
Agora, em uma delação, pode
revelar exatamente o conteúdo da conversa com Bolsonaro, quanto teria recebido
da deputada Carla Zambelli e os serviços ilegais que teria praticado a pedido
da parlamentar.
G1/Por Valdo Cruz-Comentarista de política e economia da GloboNews. Cobre os bastidores das duas áreas há 30 anos.
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