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Bolsonaro quis saber com hacker se poderia invadir urnas.

Durante os anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a extrema direita muitas vezes questionou a segurança do processo eleitoral por meio de urnas eletrônicas. Esses ataques ao sistema eleitoral brasileiro desencadearam em investigações contra Bolsonaro e políticos ligados a ele. 

Em depoimento a Polícia Federal, Walter Delgatti Neto narrou encontro com o ex-presidente às vésperas da eleição de 2022.

Carla Zambelli e o Hacker Delgatti Neto | (Reprodução/Twitter)

Nesta quarta-feira (2), uma operação da Polícia Federal (PF) voltou a ouvir o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto. O investigado, conhecido por suas ações no vazamento de mensagens da Lava Jato, contou à Polícia Federal sobre um encontro controverso com o então Presidente Jair Bolsonaro (PL) ocorrido em agosto do ano passado, durante a campanha eleitoral.  

A condução do hacker ao Palácio da Alvorada foi intermediada pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), e segundo as informações, a conversa foi em torno da possível invasão do sistema das urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Delgatti Neto revelou à PF que o ex-presidente Bolsonaro questionou se, com o código fonte, ele seria capaz de invadir o sistema das urnas eletrônicas. No entanto, a iniciativa não progrediu, já que o acesso providenciado pelo TSE estava limitado à sede do tribunal. 

Nos anos recentes, Bolsonaro foi notório por suas críticas frequentes à integridade das urnas eletrônicas, sem apresentar provas substanciais para fundamentar suas alegações. Essa postura, inclusive, desencadeou um processo no TSE que culminou na declaração de sua inelegibilidade, em decorrência das declarações feitas em uma reunião com representantes estrangeiros. 

A revelação desse encontro veio a público, pela primeira vez, por uma reportagem da revista Veja, em agosto do ano passado. Porém, só agora Delgatti Neto detalhou o conteúdo da conversa com Bolsonaro. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também havia se reunido com Delgatti Neto na véspera do encontro, após intermediação de Carla Zambelli.

Conforme seu depoimento à Polícia Federal, o hacker afirmou que foi contatado por Zambelli, que solicitou que ele invadisse os sistemas do TSE com o intuito de expor a fragilidade do sistema judiciário brasileiro. Após não ter sucesso na tentativa de invasão das urnas eletrônicas, Delgatti Neto acessou a base de dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde emitiu um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Esse incidente resultou na abertura de uma nova investigação contra o hacker. 

Em seu depoimento, Delgatti Neto enfatizou que somente Zambelli esteve envolvida na operação relacionada ao CNJ e negou que Bolsonaro tivesse conhecimento do caso. 

Um outro ponto de destaque foi a auditoria realizada nas urnas eletrônicas pelo Ministério da Defesa durante as eleições do ano passado, em resposta às contínuas pressões de Bolsonaro. Esse movimento gerou tensões entre as Forças Armadas e o TSE, influenciando o clima das eleições. O relatório resultante, entregue após as eleições, não conseguiu fornecer conclusões definitivas sobre a segurança das urnas eletrônicas, alimentando o debate público. 

No entanto, um aspecto surpreendente foi revelado no depoimento de Delgatti Neto: ele admitiu ter fornecido informações às Forças Armadas para a elaboração desse relatório. O hacker afirmou que todas as informações no relatório das Forças Armadas foram baseadas em suas explicações. 

Walter Delgatti Neto e Carla Zambelli agora enfrentam novas medidas judiciais. O ministro Alexandre de Moraes, que ordenou uma prisão preventiva contra Delgatti e buscas e apreensões contra Zambelli, alega que ambos contribuíram para a disseminação de notícias falsas envolvendo membros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Eleitoral e o sistema de votação no Brasil.

Com informações do UOL

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