Passados mais de 100 dias desde os ataques terroristas às sedes dos Três Poderes em Brasília, investigações mais aprofundadas buscam entender todos os mínimos detalhes que levaram ao ocorrido, com a invasão ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e à sede do Supremo Tribunal Federal (STF) por criminosos antidemocráticos.
Em investigação conduzida pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), foi descoberto que o coronel Jorge Eduardo Naime recebeu Pix de policiais militares subordinados a ele e de uma empresa de segurança privada em período anterior às Eleições de 2022 até o mês de janeiro de 2023.
Coronel Jorge Eduardo Naime era responsável pela chefia de Operações da PMDF no dia do ataque em Brasília, em 8 de janeiro | Reprodução/TV Câmara Distrital.
Em reportagem publicada no Portal
Metrópoles nesta quarta-feira (26), a colunista Isadora Teixeira revelou, com
exclusividade, que o ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito
Federal, (PMDF) coronel Jorge Eduardo Naime, recebeu Pix de policiais militares
subordinados a ele e de uma empresa de segurança privada.
Conforme apurou na matéria, as transferências foram feitas em um período que começa pouco antes das eleições de 2022 e vai até janeiro de 2023. Os dados foram obtidos após a quebra de sigilo bancário solicitada pela CPI dos Atos Antidemocráticos, instalada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
A CPI pretende enviar as informações para
a Polícia Civil do DF (PCDF) e para a Corregedoria da PMDF. Ambas devem
investigar a origem das transferências bancárias.
Naime está preso por ordem do Supremo
Tribunal Federal (STF) desde o dia 7 de fevereiro de 2023, na 5ª fase da
Operação Lesa Pátria, sob suspeita de conivência ou omissão com os atos.
OS PIX
Os dados expostos pelo Metrópoles trazem
à tona que Naime recebeu dinheiro de pelo menos três subordinados no
Departamento de Operações da PMDF.
Um deles, o segundo sargento André Felipe
Monteiro Myles, transferiu R$ 6,7 mil para a conta do coronel no dia 11 de
agosto de 2022. Ele era motorista do Naime e, naquele mês, recebeu salário
líquido de R$ 8,9 mil, segundo o Portal da Transparência do DF.
O segundo sargento Leonardo Victor
Batista fez Pix de R$ 5 mil e mais um depósito de dinheiro, também de R$ 5 mil,
totalizando R$ 10 mil, no dia 10 de outubro de 2022. Naquele mês, a remuneração
líquida do militar foi de R$ 8,4 mil.
O primeiro sargento André Luis de
Oliveira Jorge mandou R$ 5 mil, via Pix, para o coronel no dia 27 de setembro
de 2022. Ele recebeu salário de R$ 12 mil naquele mês.
Ao longo de cinco meses, a empresa
H&F Vigilância de Segurança Ltda repassou ao coronel R$ 15.635,88. A
empresa de Goiás fez Pix de R$ 3 mil mensalmente a Naime.
O dinheiro foi enviado para a conta
bancária do coronel em 13 de setembro de 2022, 14 de outubro, 9 de novembro, 6
de dezembro e 10 de janeiro de 2023. No dia 7 de dezembro de 2022, foi feito um
Pix adicional de R$ 635,88.
DEFESAS
Segundo a advogada do coronel Jorge
Eduardo Naime, Izabella Borges, a “defesa esclarece que não teve acesso a esses
documentos ainda, mas é importante que se torne público nesse momento que o
coronel Naime é pai de um adolescente com hidrocefalia, que já realizou
diversas cirurgias para a manutenção de sua vida, com a reposição de válvulas
cerebrais.”
“Uma equipe multidisciplinar atende o
adolescente e, como todos sabem, manter uma vida nessas condições não é barato.
Amigos e familiares já realizaram empréstimos de valores baixos e irrelevantes
para auxiliar a família, como é o caso da ajuda familiar de Mariana Fiúza, que
girou em torno de R$ 2.000 por alguns poucos meses”, afirmou. De acordo com
Izabella, a empresa H&F pertence aos tios da esposa do coronel.
Em contato com a colunista do Metrópoles,
Mariana disse que o filho “nasceu de 26 semanas, com hidrocefalia e tem
diagnóstico de várias más-formações neurológicas”. “Ele já passou por mais de
oito cirurgias e, em razão de todos esses custos, minha família me apoia há
alguns anos”, declarou.
A H&F, por meio do diretor
administrativo, Gabriel Fiúza, disse que o coronel possui relação direta de
parentesco com os diretores da empresa, “de modo que há mais de 10 anos auxilia
no tratamento de saúde do filho, agora com 14 anos”.
“A criança possui um histórico de
complicações de saúde como Hidrocefalia, Síndrome de Arnold-Chiari e outros,
devido ao seu nascimento de prematuridade extrema após um estado de
Pré-eclâmpsia de sua mãe, Mariana”, afirmou.
Os três sargentos citados não foram
localizados.
Autor:DOL, com informações do Metrópoles
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