O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira que a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Ministério Público Militar (MPM), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ) e a Superintendência Regional da Polícia Federal de Roraima apurem a possível participação de autoridades do governo Jair Bolsonaro na prática, em tese, dos crimes de genocídio, desobediência, quebra de segredo de justiça, e de delitos ambientais relacionados à vida, à saúde e à segurança de diversas comunidades indígenas.
Em processo que tramita em sigilo, o ministro determinou a remessa às
autoridades de documentos que, na sua avaliação, “sugerem um quadro de absoluta
insegurança dos povos indígenas envolvidos, bem como a ocorrência de ação ou
omissão, parcial ou total, por parte de autoridades federais, agravando tal
situação”.
Na decisão, Barroso citou como exemplos a publicação no Diário Oficial
pelo então ministro da Justiça Anderson Torres, de data e local de realização
de operação sigilosa de intervenção em terra indígena, além de indícios de
alteração do planejamento no momento de realização da Operação Jacareacanga,
pela FAB, resultando em alerta aos garimpeiros e quebra de sigilo,
comprometendo a efetividade da medida.
Segundo o ministro, os fatos ilustram “quadro gravíssimo e preocupante”,
bem como da prática de múltiplos ilícitos, com a participação de altas
autoridades federais.
Barroso também deu prazo de 30 dias corridos para que o governo federal
apresente um diagnóstico da situação das comunidades indígenas, planejamento e
respectivo cronograma de execução das decisões pendentes de cumprimento.
Via O Globo
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