Duas mulheres afirmam que foram vítimas de crimes sexuais supostamente cometidos por um médico em Barbalha, na região do Cariri do Ceará. Em entrevista à TV Verdes Mares, ambas dizem que procuraram a Polícia Civil e registraram o boletim de ocorrência. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, as denúncias de crimes sexuais são investigados pela Delegacia Municipal de Barbalha.
A paciente de 33 anos, cuja identidade será preservada, relatou que,
durante o atendimento, ele trancou a porta do consultório e começou a fazer
perguntas sobre sexo. Segundo a mulher, ele disse “que iria arrumar um namorado
para ela”.
Após mandar a paciente subir na maca, pediu que desabotoasse a calça; em
seguida, abriu o zíper e tocou na genitália dela. A paciente afirma que retirou
a mão dele. O médico voltou para a cadeira de atendimento, depois destravou a
porta e liberou a paciente.
O g1 tenta contato com o médico denunciado, mas não obteve retorno até a
última atualização desta reportagem.
O caso supostamente aconteceu na Policlínica de Barbalha em março deste ano e foi registrado em boletim de ocorrência no mês de outubro. "Nunca imaginei que ia passar por uma situação dessas. Na hora, você fica sem reação. Espero justiça e que ele se afaste do cargo, para que não faça com outras pessoas o que ele fez comigo", afirma a vítima.
'Me abraçou e começou a me beijar'
A segunda mulher que procurou a Polícia Civil para denunciar o médico é
ex-colega de trabalho dele. A médica afirma que ambos trabalharam juntos no
Hospital do Coração do Cariri, em Barbalha. Ela disse que, desde quando o
cardiologista descobriu que ela estava solteira, começou a mandar mensagens
pelo celular, até que, durante um plantão no hospital, em um momento de
descanso, a vítima diz ter sido assediada.
"Eu estava lá no repouso, com as luzes apagadas, ele abriu a porta,
não ligou a luz e foi direto para a cama. Ele deitou do meu lado e me abraçou,
começou a beijar meu rosto. Eu, sem entender nada, coloquei a mão pro lado e
perguntei se ele estava ficando doido. Ele saiu e eu fiquei meio atordoada sem
saber o que tinha acontecido", afirma.
A médica diz que procurou a direção do hospital, mas que nada foi feito
em relação ao que aconteceu na sala que os profissionais usam para descansar.
"Assim que eu registrei o boletim, eu comuniquei para a direção do
hospital. Quando fiquei sabendo que tinha mais casos, continuei comunicando. E
ele continuava trabalhando lá normalmente. A tendência das pessoas é normalizar
isso, eu que não fui dura o suficiente? Isso é um absurdo. E eu quero que
outras mulheres tenham coragem para falar", afirma.
O Hospital do Coração de Barbalha informou que a direção só tomou
conhecimento do caso em outubro deste ano e que o suposto crime foi praticado
em 2021. Disse ainda que foi instaurado um processo administrativo e que o
profissional está afastado das atividades desde 25 de outubro. O Hospital do
Coração do Cariri é referência em atendimento cardiológico na região, com
atendimentos pelo SUS.
O g1 também procurou a direção da Policlínica de Barbalha, que informou que somente irá manifestar-se a partir de notificação oficial, por parte do órgão competente. A policlínica oferece consultas e exames com especialistas pelo SUS para pacientes de Barbalha, Caririaçu, Granjeiro, Juazeiro do Norte e Missão Velha.
Por Claudiana Mourato, g1 CE
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